Capítulo 6

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Rudolf Bachinni era do tipo de senhor inglês que, lhe impõe respeito, mas ao mesmo tempo te faz imaginar que talvez a bondade e a sabedoria venham mesmo com a idade. ( Sim, acredito que a sabedoria vem com a experiencia, mas não acho necessariamente que para ser bondoso e gentil precise ser velho, por mais que muitas pessoas só se tornem mais gentil quando não lhes resta muitas coisas, afinal precisam compensar os muitos anos de egoismo e pedantismo amoroso).  Mas definitivamente Rudolf Bachinni não era nada disso. 

O senhor Bachinni era um homem de idade bem avançada, o que me fazia pensar porque ainda não havia aposentado, porém ele era visivelmente robusto e saudável, por mais que sua pele fosse incrivelmente branca e murcha, disposta dos cabelos da mesma cor da pele, sua vigorosidade era notável. 

-Ah, senhorita Menezes, eu me recordo agora.- O sr. Bachinni iniciou a "Conversa informal" - São tantos projetos em avaliação que muitas vezes não me recordo dos nomes, mas se não me engano o seu projeto é " Asas para Borboletas" estou correto?

Neste momento, a secretária do Sr. Bachinni entrou no escritório e se dirigiu a ele de uma forma respeitável:

-Com sua licença Sr. Bachinni, mas o investidor do banco dos Estados Unidos está na linha 2, ele está tentando falar com o senhor pelo seu numero pessoal desde de hoje cedo, mas não está conseguindo. Ele ligou no escritório e disse que é urgente.

O Sr.Bachinni olhou e celular tentou liga-lo, mas ele provavelmente não obteve resposta.

-Ah, Susan por favor, diga ao Investidor que estou muito ocupado hoje, e quando puder retorno a ligação dele. Por favor anote isso nas minhas coisas para que eu não me esqueça. E se puder colocar meu celular para carregar eu agradeceria... -Ele entregava o celular para Susan e se dirigiu a mim- As vezes me esqueço que essas coisas precisam ser carregadas, espero não ter causado nenhuma falta grave com o celular desligado tanto tempo.

 Isso explicava o porque quando tentei entrar em contato com ele mais cedo também não consegui.

Ele achava a situação engraçada, e não parecia ser muito apegado ao caríssimo celular que ele tinha... O que fazia um pouco de sentido.

A medida que o sr. Bachinni falava ele me indicou um lugar no seu escritório para me sentar, e procurava alguma coisa em uma pilha de papéis bem organizados em sua mesa. Reconheci o logotipo assim que vi: Ele estava procurando o meu projeto naquela pilha de papéis.

Assim que ele encontrou o meu projeto, fiquei surpresa em perceber inúmeras anotações logo na capa, que estavam tão visíveis e nítidas que até perdi a respiração por um tempo. Mas logo tentei recuperar meu folego e parecer completamente a vontade com aquilo. Afinal, era óbvio que eles não aceitariam o projeto sem discuti-lo antes, e era exatamente por isso que eu estava ali.

Não percebi ao certo em que momento demonstrei alguma reação, mas logo o sr. Bachinni me olhou e sorriu gentilmente para mim:

-Ora senhorita Menezes, não fique ansiosa ou preocupada com esses rabiscos, eu faço isso somente para tentar compreender melhor a visão dos novos benfeitores da nossa sociedade.- Mas ele me olhava por baixo com um sorriso que agora não parecia ser tão puramente gentil, mas lembrava mais um sorriso fechado ( Aquele especialmente usado por políticos e diplomatas, quando eles tentam insinuar algo que já sabem, mas mesmo assim mantém a classe de não revelar). 

-Não estou preocupada sr. Bachinni- Eu não queria entregar todas as cartas para ele do meu jogo, se eu parecesse muito preocupada poderia ser um sinal que eu não confiava no meu próprio projeto, mas ser petulante também não era uma opção, então tentei controlar ao máximo o meu tom de voz, e minhas expressões também-  Somente estou curiosa para saber o que isso significa.

Perfeitamente AlinhadaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora