Chuva de verão

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— Que loucura você está falando? Um ano. Um ano é tudo que eu te peço Yu Xi Gu, quando nos formarmos na escola, então eu finalmente irei te pedir em namoro e logo depois falarei com os seus pais para que possamos viver juntos, então, eu que peço para você não se apaixonar por ninguém até lá — Foi uma das últimas coisas que Xiang Hao Ting disse para o seu amado, mais doloroso que aquela despedida foi o beijo, mesmo ambos sabendo que não era o fim, parecia um final e nada feliz. Era como fosse uma despedida definitiva, mas nenhum dos dois quis demonstrar isso, então apenas se beijaram de forma totalmente diferente da primeira vez: dor, medo, sofrimento, mesmo que o amor estivesse ali presente, eram os outros sentimentos que estavam falando mais alto.

Tentaram não chorar, mas, no final, foi inevitável.

[...]

Quando chegou em casa, Ahao foi diretamente para o quarto, seus pais estavam na sala, mas nem ao menos os cumprimentou, ambos não ficaram surpresos com a atitude do filho, pois já imaginavam o que tinha acontecido, além do mais, os olhos inchados do garoto eram provas suficientes para lhe livrar de qualquer sermão naquele momento. Nem mesmo o costumeiro conforto do seu quarto fez com que Xiang Hao Ting se sentisse menos triste naquele momento, isso porque lembrou que construiu memórias ali com o pequeno Yu Xi Gu, lembrou do garoto lhe ensinando e sendo pego de surpresa com a decoração do ambiente, deles estudando sob a cama, um ao lado do outro, um de frente para o outro, se admirando em meio a tantos livros espalhados. As lágrimas já escorriam incessantemente, se agarrou ao travesseiro como um bote salva-vidas, mas nada poderia lhe salvar do sofrimento naquele momento, será que um ano realmente passaria rápido como imaginou? Ou apenas pensou aquilo para que a dor fosse menor? O que mais lhe magoava era o fato de imaginar Xi Gu sofrendo e tudo por culpa sua, pensou o camisa 97 do time de basquete.

— Xiang Hao Ting, você não vai descer para jantar? — Ouviu uma voz na porta do seu quarto, era sua mãe, nesse instante, perguntou-se que horas era, mas não respondeu nada, não queria falar com ninguém naquele momento — Filho, você precisa se alimentar — A mãe insistiu novamente, contudo, mais uma vez ficou sem resposta.

Ficou sozinho novamente, se perdendo na escuridão do seu quarto e de suas lágrimas, chorou lembrando de todas as memórias que construiu com o jovem bolsista, chorou por pensar que agora o menor deveria esta na mesma situação que si, chorando em seu quarto. Acabou pegando no sono e acordou com mas uma batida em sua porta, novamente era sua mãe.

— Xiang Hao Ting, abra a porta, agora — Um tom autoritário imperava na voz de sua mãe, então o garoto decidiu que era melhor obedecer. Levantou-se lentamente da cama, tentando se recompor, mesmo sendo impossível — Eu trouxe algo para você comer — A matriarca falou assim que viu a figura do filho, o qual tinha os olhos inchados e cabelos bagunçados.

— Eu não quero comer nada, não estou com fome — O garoto deixou a porta aberta e decidiu voltar para a sua cama, onde parecia o local menos doloroso naquele momento.

— Eu vou deixar aqui, se você quiser, pode comer mais tarde — A Sra. Xiang deixou um prato com dois sanduíches na mesa de cabeceira do filho, logo em seguida sentou-se na cama, colocando a cabeça de Ahao em seu colo.

— Que horas são?

— Já está perto de dar meia noite, estava preocupada, você não comeu e nem falou nada desde que chegou — Os dedos macios da mãe passeavam através dos fios negros de Hao Ting, fazendo carinho em sua cabeça.

— Eu não tenho nada para falar nesse momento, muito menos tenho fome — As palavras saíram fracas, animação era tudo que o garoto não tinha naquele momento.

— Você está com raiva do seu pai?

— Um pouco — Sua resposta foi sincera, não podia colocar toda a culpa no pai, podia?

1095 DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora