Não era eu

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Confundiram o meu carro, minha roupa, meu sapato.
  Sim, o título foi uma referência a música do César Menotti e Fabiano, me julguem, tô nem aí.

                      [Amanda]

— Você vai me falar o que está acontecendo com você. — Levei um susto quando Bill apareceu.

Eu empurrei ele, o obrigando a me soltar.

— Como você entrou aqui? E por que você está aqui? — Falei me afastando dele. — Eu fiz o que você me pediu. Eu não falei mais com o Will.

— Do que você está falando? — Ele se aproximou confuso.

— Não chega perto de mim.

Qual era a dele? Eu fiz o que ele me pediu e ainda assim ele vem atrás de mim.

— Você andou usando drogas? — Ele parecia irritado.

— O único que deve ter usado drogas é você. — Eu disse indo até a porta e tentando abrir, mas Bill, em um movimento rápido, segurou a porta para que eu não abrisse.

Ele estava próximo de mim, muito próximo.

— O que aconteceu? — Ele afastou meu cabelo, deixando a mostra o corte no meu pescoço.

Ele passou a mão no corte, me fazendo recuar até bater as costas contra a porta com uma careta de dor.

— Não encosta em mim.

— Quem fez isso com você? — Ele parecia bravo, dava para notar o leve tom alaranjado em seus olhos.

— Você é idiota ou está se fazendo? — Eu falei brava. — Vai me dizer que não se lembra de ter feito isso em mim? Que não se lembra de ter invadido o meu quarto e me ameaçado na noite passada? — Eu tentava não gritar.

— Eu nunca faria isso com você. — Ele segurou o meu rosto, mas eu afastei sua mão.

— Você fez, não adianta se fazer de desentendido. — Eu empurrei ele indo para o outro lado do quarto. — Eu não sei o porquê de você estar aqui. Eu me afastei de você e do Will, assim como tinha me pedido.

— Mas e- — Eu o interrompi.

— Você não sabe o quão doloroso foi ver a cara do Will quando eu ignorei ele a manhã inteira. — As palavras saiam em meio ao choro.

Eu não percebi quando Bill se aproximou, ele me abraçou, eu tentei me afastar mas ele não deixou.

— Eu nunca pediria para você se afastar de mim e do Will, eu nunca faria isso porque eu gosto de você. — Ele me apertou mais.

Eu me aconcheguei um pouco nos braços dele, parecia tão seguro. Mas logo a imagem ameaçadora dele na noite passada voltou na minha memória.

— Eu te vi aqui, era você. — Eu me afastei dele rapidamente, como se finalmente percebesse o que estava fazendo. — Não tem como alguém se passar por você, não se faça de idiota.

Ele me olhou surpreso, parecia um pouco triste. Eu deveria sair gritando e acordar todos os vizinhos ao invés de ficar tentando dialogar com ele.

— Alguém se passar por mim... — Ele parecia pensativo. — Então é isso. — Seu semblante mudou rapidamente para nervoso.

— Vai me dizer que não era você? — Perguntei em tom de deboche.

— Você sabia que demônios, principalmente os mais poderosos, além de ter sua própria forma humana, podem copiar um corpo humano? — Ele falou ignorando totalmente a minha última fala. — Foi por isso que eu senti uma presença estranha nesses últimos dias. — Ele falou a última frase mais para ele mesmo do que para mim.

O que ela é? - Um mundo real [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora