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- E ENTÃO? - insistiu Alex à medida que o tempo se prolongava, após seu


pedido de explicações, ao qual Louise não manifestava resposta. - Você vai me dizer


o que está acontecendo?


- Nada. Nada que possa interessá­lo. - Aí é que você se engana. Eu estou sim interessado. Você deve admitir que


tenho razão. Afinal, por que de repente você afirmou ser minha mulher se não nos


vemos há mais de oito anos? Se tudo o que houve entre nós não passou de uma


aventura adolescente que terminou quase antes mesmo de começar?


Mentiroso!, reprovou sua consciência. Poderia ter sido apenas uma aventura para


ela, mas para ele fora o relacionamento mais importante de sua vida, o modelo com o


qual comparava todas as mulheres que encontrara desde então. E todas perdiam. Se


ele procurava uma razão para estar ali, no lugar para onde jurara jamais voltar, era


bastante simples. Tudo podia se resumir a duas palavras: Louise Browning.


Alex nunca a esquecera, jamais conseguira tirá­la da cabeça.


Assim que surgiu um mínimo pretexto para voltar a vê­la, já estava no avião antes


de ter tempo para pensar. - O que quero saber é por que você se apossou do nome de um homem que


odeia, um homem que... - Eu nunca odiei você! - interrompeu Louise secamente, sem conseguir se


controlar.


- Não? - Não! - E não se tratava apenas de ''uma aventura adolescente", gostaria ela


de acrescentar. Ela o adorava, o amava com a plenitude de seu jovem coração, que ele


partira ao sair de sua vida para sempre, deixando­a sozinha e grávida.


Não, não! Ela não podia, não devia pensar em Gabrielle naquele momento. Isso a


deixaria arrasada, ainda mais agora, que tinha diante de si o exemplar de como poderia


ser a aparência de sua filha hoje. Se tivesse sobrevivido, seria morena como Alex, teria


esses belos olhos acinzentados...? Desesperada, se forçou a voltar ao presente. - Certamente você demonstrou que não suportava me ver - provocou ele. - Que me queria fora de sua vida para sempre. - Se bem me lembro, foi você quem declarou que estava tudo acabado. - Ela o


procurara para contar sobre a gravidez e ele se recusara a ouvi­la. - Você estava em


busca de uma nova vida... ao lado de sua nova família na Espanha. - Louise, não havia nada que me prendesse aqui. Minha mãe estava morta. - Você não me queria..., pensava ele. - Meu pai resolveu me reconhecer legitimamente.


Eu tinha apenas 21 anos, e um novo horizonte se abria para mim. Eu acabara de


perder meu emprego, e por pouco não acabei na prisão...


Alex se afastou da porta e ficou de pé no meio da cozinha, com as mãos apoiadas


nos quadris. Ao olhar para elas, Louise sentiu um arrepio sensual percorrer seu corpo.

Marcas do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora