1.1K 94 1
                                    

— NEGOCIAR com você?
O  coração  de  Louise  deu  um  pulo,  pareceu  parar  e  recomeçou  a  bater 
descompassado. Ela engoliu em seco.
O  que  Thornton  teria  dito  a  ele?  O  quanto  teria  revelado?  Por  que  ela  não 
desafiara Alex e ficara na sala?
— O que preciso fazer?
Mais uma vez, o sorriso de Alex não tinha nada de caloroso. —  Qualquer  coisa  —  disse  ele  lentamente.  —  Basta  pedir.  Se  estiver  ao  meu 
alcance, eu farei.
Levou algum tempo para Louise entender o que Alex dizia. Quando se deu conta 
de que ele estava apenas repetindo as palavras que ela dissera, lembrando­a de que 
prometera qualquer coisa se a livrasse de Thornton; e entrou em pânico.
— Você... Você já decidiu o que deseja.
— Decidi.
— O que é?
Era muito tarde para se arrepender de sua promessa impulsiva. Muito tarde para 
admitir  que  cometera  um  terrível  erro,  que  a  colocara  entre  a  cruz  e  a  espada.  Ela 
prometera e Alex fizera sua parte; agora era a vez dela.
— Quero que você volte comigo para a Espanha.
— Espanha?
Ele devia estar brincando!
Ao mesmo tempo, sentiu uma onda carregada de esperança de que ele realmente 
quisesse levá­la com ele. Ficar ao lado dele, como fizera no passado.
Mas era claro que não era isso que ele queria. —  Eu  não  posso!  Quer  dizer...  não  posso  deixar  tudo  para  trás. Eu  tenho  um 
emprego.
— Um emprego? Onde? — Sou  enfermeira  na  Unidade  de  Terapia  Intensiva  para  bebês  prematuros  do 
hospital da cidade.
O  simples  fato  de  falar  sobre  seu  emprego  trazia  lembranças  ainda  mais 
dolorosas, apesar de passados tantos anos.
— Você? Enfermeira?
De modo inesperado, a aparente descrença dele se transformou em curiosidade 
enquanto seu olhar percorria o corpo de Louise e seus lábios se curvavam num sorriso 
sensual.
— Fico imaginando você vestida de enfermeira...
O suspiro que ela deu era um misto de irritação, alívio e provocação. Esse terreno 
era mais seguro para ela. —  Não  me  diga  que  você  é  o  tipo  de  homem  que  se  excita  com  fantasias  de 
uniforme de enfermeira? Nós não usamos aquela touca engomada ou o...
Sua voz falhou, sua garganta estava seca, o nervosismo oprimia seu peito.
O  clima da  sala mudara, de  calmo e relaxado, para uma tensa expectativa que 
podia  ser  medida  pelas  batidas  do  coração.  Não  era  uma  expectativa  negativa,  era 
mais uma espécie de antecipação, uma necessidade, um desejo. —  Eu não preciso de um uniforme para me estimular — disse Alex, e as mesmas 
emoções que ela sentia estavam em sua voz, nos olhos que a fitavam intensamente. —  Você faz isso de qualquer jeito. Sempre fez. Tudo o que preciso é de você.
— Alex... — Luísa, fique comigo...
Quando  ele  estendeu  as  mãos  para  ela,  foi  como  se  tivesse  lhe  lançado  um 
feitiço. Ela não podia, não tinha forças para resistir.
Ela não queria resistir.
Queria estar em seus braços. Esse era o único lugar onde sempre desejara estar, 
e quando sentiu em torno de si o calor e a força que eles transmitiam, sentiu como se 
estivesse voltando para casa.
De repente tudo mudou. Alex inclinou a cabeça e se apossou de seus lábios num 
beijo que absorveu sua alma. Ela sentiu como se estivesse penetrando em um terreno 
novo e perigoso, do qual estava certa de que não poderia retornar, porque era isso que 
desejava, o que lhe faltara em todos aqueles longos anos de solidão. —  Luísa...  querida...  amada  —  murmurou  Alex  rouca­mente,  e  as  palavras  a 
fizeram tremer de desejo.
Não  importava  se  elas  eram  ou  não  verdadeiras.  Só  sabia  que  eram  parte  do 
turbilhão de sensações que a envolvia, e precisava delas, assim como necessitava do 
beijo  de  Alex,  do  calor  de  suas  mãos  em  seu  corpo,  acariciando,  apertando, 
provocando  o  desejo  contido.  Queria  sentir  o  calor  da  pele  de  Alex,  e  suas  mãos 
ansiosas levantaram desajeitadamente a camisa que ele usava.
Com uma risada rouca, Alex a ajudou, retirando a camisa e a atirando para longe, 
abraçou­a em seguida com seu corpo quente e firme. Ele sabia que Louise queria que 
fizesse o mesmo com ela, que tirasse suas roupas, mas não a satisfez prontamente.
Pelo contrario, suas mãos experientes e perturbadoras percorreram todo o corpo 
dela.  Deslizaram  por  dentro  da  gola  do  suéter,  causando  arrepios  enquanto 
acariciavam seu colo, seus ombros. Em seguida acariciaram seus cabelos, puxando o 
rosto dela para um beijo longo e profundo.
— Alex... — Era um gemido de protesto, um tom impaciente, e Alex a acalmou.
— Sem pressa, querida, temos...
Assim que falou, Alex sabia que estava enganando a si mesmo.
Sem pressa! A quem ele queria enganar?
Queria fazer tudo devagar, mas sabia que era impossível. Desde o momento em 
que sentira a maciez do corpo dela em suas mãos, o sabor de sua boca e o cheiro de 
sua  pele,  fora  tomado  pelo  desejo  em  seu  corpo,  levando­o  ao  limite  de  sua capacidade de controle.
Livrou­a do  suéter  com um movimento rápido e envolveu os  seios dela  com as 
mãos, percorrendo a forma através da fina renda do sutiã. Seus dedos apertaram os 
delicados mamilos, incendiando­a de desejo.
Louise  gemeu  de  novo,  se  enroscou  nele,  sentindo  o  calor  e  a  rigidez  de  seu 
desejo  contra  suas  coxas.  Sentiu  que  sua  respiração  parava,  seu  corpo  amolecia 
enquanto os lábios dele tocavam seus ombros e desceram até o pequeno mamilo com 
carinho e desejo, a língua traçando círculos alucinantes sobre sua pele arrepiada. — Amada...— A voz dele era selvagem e rouca. — Onde é o seu quarto...?
—  Muito longe. Levaria muito tempo. Eu quero você aqui e agora.
A voz de Louise era tão selvagem quanto a dele, e enquanto falava o puxou para 
junto  da  lareira,  fazendo­o  deitar  sobre  um  velho  tapete  diante  do  fogo. Ajoelhou­se, 
tirou o cinto dele, abriu o fecho da calça jeans, puxou­a até os calcanhares e, diante de 
sua  virilidade  musculosa  iluminada  pela  luz  das  chamas,  emitiu  um  som  seco  e 
abafado. — Alex... — murmurou, enquanto fechava os dedos em torno da carne quente e 
rija dele.
O  suave  toque  da  mão  dela  acabou  com  o  pouco  controle  que  ele  ainda 
mantinha.  Puxou­a  contra  o  tapete  e  se  colocou  sobre  ela,  lhe  tirando  a  saia 
apressadamente e arrancando sua delicada calcinha de renda.
A  luz  oscilante  das  chamas  projetava  sombras  variadas  nas  brancas  pernas 
flexionadas sob o corpo de Alex, iluminavam o corpo e os braços dele, escondendo seu 
rosto  enquanto  ele  se  insinuava  entre  as  coxas  de  Louise  e  a  penetrava  num 
movimento lento, longo e sensual. —  Esperei  tanto  tempo  por  isso  —  murmurou  ele,  contra  a  boca  ardente  de 
Louise. — Muito tempo, tempo demais. —  Tempo  demais... —  ecoou  ela,  suspirando. E  então,  enquanto  ele  se  movia 
dentro dela, o suspiro se transformou num grito de prazer incontrolável e, por fim, pleno 
de satisfação, enquanto se entregava sem limites aos braços de Alex.
Quando  seu  corpo  se  arqueou  em  total  abandono,  Alex  também  murmurou, 
ofegante, o nome de Louise, enquanto se sentia esvair no calor macio do corpo dela.
Foi  o  começo  de  uma  longa,  prolongada  tarde  de  amor.  O  que  se  iniciara  no 
ambiente aquecido pelas chamas da lareira continuou, de maneira mais tranqüila, no 
aconchego da cama de Louise. Assim, passou um longo tempo antes que qualquer tipo 
de pensamento racional voltasse à mente de Alex.
Quando, nas primeiras horas da manhã, recuperou um  certo grau de lucidez, o 
que  logo recobrou  foram  as  últimas  palavras  de  Thornton  ao  sair,  que  se  infiltraram 
friamente em seus pensamentos.
Isso o fez pensar se não cometera o maior erro de sua vida.

Marcas do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora