LOUISE umedeceu os lábios ressecados, avaliando por onde poderia melhor
começar. Alex concordara em que ela esclarecesse a pergunta que pretendia, dando-
lhe a chance aguardada. Tinha medo de falar sem refletir, embaralhando as idéias e
estragando tudo. — Mercedes me contou... que uma vez você disse... Ela estava brincando com
você e lhe falou que já era hora de se casar, e você respondeu que já encontrara a
mulher da sua vida.
— Como eu disse, Mercedes fala demais.
— Ela falou a verdade?
A resposta estava estampada no rosto dele: não era necessário falar.
O coração dela deu um pulo de satisfação, e ela tentou manter a calma. Sentiu
que ainda poderia ter uma chance. — Foi isso que eu disse a ela! — Alex também se esforçava desesperadamente
para não se expor. — E essa mulher, de quem você estava falando? Louise sentiu que tinha ido
longe demais. O rosto dele se fechou, e ele balançou a cabeça com energia.
— Chega de perguntas. É minha vez de ter algumas respostas. — Está bem, pergunte. — Esperava parecer mais confiante do que realmente
estava.
— Quando Gabrielle... quando nossa filha nasceu... por quê...? — Não fui eu que fiz a certidão de nascimento. — Ela antecipara a dúvida que
perturbava a mente dele, e respondera sem precisar ouvir a pergunta. — Não fui eu. Eu
estava perturbada demais para fazer qualquer coisa. Foi meu pai quem registrou o
nome Browning.
— Mas foi você que incluiu o nome Alcolar no contrato do memorial?
Ela não respondeu, e ele interpretou seu silêncio como afirmativa. — Por quê? Por que eu não era mais apenas Alex Anderson? Não era mais o
filho da governanta, mas vinha de uma família poderosa como os Alcolar? Por que
agora eu podia pagar por... — Não! Alex! Foi isso que você pensou? Se foi, não poderia estar mais
enganado. O seu dinheiro... sua atual posição... não significam nada para mim.
— Não?
O cinismo nos olhos dele a feriram como uma facada. — Não! Eu sempre quis que Gabrielle usasse seu nome verdadeiro... o seu nome.
Você é pai dela, ela era sua filha. Era isso que importava. Se tivesse lido direito o
contrato, todos os detalhes, teria visto que desde o início o abrigo levaria o seu nome,
tivesse você ajudado ou não.
— Então a mansão... — A mansão é apenas uma sede. Eu queria que tudo fosse construído em
memória de Gabrielle... para nossa filha. Mas queria que levasse o seu nome também,
porque...
Não. Ela não ousava admitir que o amava. Não ainda. Ele ainda parecia muito
transtornado e cético. Era preciso afastálo de qualquer dúvida desse ceticismo,
convencêlo de alguma forma.
Mas como?
Uma idéia a invadiu de repente, e foi impossível conter um sorriso de satisfação.
Estendeu impulsivamente as mãos para ele.
— Alex, venha comigo.
Ele a olhou desconfiado, se perguntando o que poderia ter despertado aquele
brilho no rosto de Louise.
— O que você pretende fazer?
— Por favor, confie em mim.
Quando ela o fitou com seus grandes olhos castanhos e falou em tom de súplica,
ele sabia que a seguiria a qualquer lugar, que faria o que ela pedisse, sem demonstrar
qualquer resistência.
Colocou suas mãos entre as dela e sentiu os dedos macios se fechado em torno
dos seus.
Ela o guiou pelas escadas até o quarto. O quarto dele, não o quarto de hóspedes
onde ele a acomodou desde a chegada. Ali, soltou as mãos dele, deixandoo parado no
meio do aposento, enquanto se jogava na enorme cama de casal.
— Louise, o que...
— Nada de conversa. — Fez um gesto com a mão para que ele se calasse. — Faça apenas o que eu mandar. Tire sua jaqueta. — Por um momento achou que ele ia
recusar, mas ele deu de ombros, tirou a jaqueta e jogou numa cadeira. — Tire a
camisa.
Ele disfarçou sua estranheza e obedeceu sem dizer nada. — E agora, senorita! — perguntou secamente, bem atento ao próximo comando
dela. — Não me diga... — As mãos morenas apontavam para o cinto preto das calças. — Isso mesmo. — Um aperto na garganta fez com que a voz dela soasse
estranhamente rouca.
Louise esperava que ele se rebelasse, mas, surpreendentemente, ele lhe
obedecia sem nada dizer. Talvez algo na expressão dela tenha lhe traído, talvez ele
sentisse como aquilo era realmente importante para ela.
Quando restava apenas uma peça de roupa, ela sentiu que, fraquejava, mas Alex
assumiu o comando da situação, despiuse e permaneceu de pé diante dela, altivo e
sem constrangimento por sua nudez.
— Não está na hora de me dizer o que significa tudo isso, querida!
Com o coração disparado, Louise se levantou, aproximouse dele e sua mão
visivelmente trêmula tocoulhe o rosto suavemente, mantendo os olhos mergulhados
nos dele. — É assim que eu quero você — disse com clareza e confiança. — Você é a
única coisa que eu quero, tudo o que desejo.
— Não é o dinheiro...?
Enquanto a voz dela adquiria nova energia, a de Alex parecia ter perdido sua
arrogância e autocontrole. — Nem o... — Não é o dinheiro. Nunca foi o dinheiro, nem a casa, o nome ou qualquer outra
coisa... mas você — garantiu Louise. — Você é tudo o que preciso, nada mais. Apenas
esse homem em especial... — Você é a mulher que eu quero, a única que desejo — disse ele. Aquelas eram
as palavras mais importantes que Louise já ouvira em sua vida.
— Então, você vai responder minha pergunta?
Ela não precisava repetir a pergunta que havia feito. Alex sabia exatamente o que
ela queria dizer.
— Sim — disse ele, a voz profunda e rouca pela emoção. — Sim, era sobre você que eu falava quando conversei com Mercedes. Você é a
mulher que eu amo, a única que sempre desejei ter ao meu lado. Por favor, amada,
diga que vai se casar comigo e ser minha esposa, desta vez de verdade.
— Ah, Alex, não há nada que eu queira mais nesse mundo. Sim...
Suas palavras foram silenciadas com um beijo, um beijo que prometia o mundo e
um futuro glorioso juntos. — Esposa de verdade — repetiu Louise delicadamente quando ele a deixou
respirar de novo. — Será que existe alguma coisa mais perfeita do que isso? — Só existe uma coisa — disse Alex, com os olhos brilhando numa mistura de
felicidade e desejo. — Mas você está vestida demais para o que tenho em mente. — Estou mesmo — respondeu Louise num tom brincalhão e risonho. — Talvez
você possa me ajudar a resolver essa situação...
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Marcas do Passado
RomanceESSE LIVRO NÃO É DE MINHA AUTORIA. DIREITOS TOTALMENTE RESERVADOS PRA KATE WALKER