P.O.V MARIA LUIZA
Acabei pegando no sono e acordei com o carro balançando. Estávamos em uma estrada muito ruim. Estava escuro e eu não enxergava nada.
- Acordou a bela adormecida. - um dos homens falou.
- Aonde estão me levando? - perguntei.
- Você não queria ver sua filha? - o outro riu.
Me encolhi no banco de trás e meus pulsos doíam por conta das algemas.
Eu nunca senti tanto medo na minha vida. Não sabia se falavam da minha filha para me assustarem, se era real.
O carro foi estacionado em frente uma casa velha e descascada.
- Desce aí. - me puxaram.
Eu sentia frio. E cada vez mais medo.
Me empurraram até a porta da frente e bateram, para que pudessem abrir.
- Quanto tempo, Maluzinha. - ouço uma voz feminina.
A luz estava apagada, e a voz vinha do canto mais escuro da sala.
- Quem está falando? - perguntei quando fui jogada para dentro da casa e ouvi a porta atrás de mim bater.
Os homens haviam ido embora.
- Sentiu minha falta? Ah, já sei. Você não, mas o Crusher... - aquele sotaque me deu arrepios.
- Lara. - sussurrei.
- Sou eu. - ela acendeu a luz e sorriu cínica.
- Cadê a minha filha? - perguntei entre dentes.
- Não me machuca, por favor. - ouvi a Bia gritar e meu coração disparou.
- Bia! Mamãe tá aqui, Bia! - gritei e tentei correr para o final do corredor da casa.
- Fica paradinha aí. - Lara me segurou.
Encarei o corredor comprido, havia três portas. Uma de cada lado, e uma bem ao final.
A última se abriu, revelando minha filha.
- Mamãe! - tentou correr até mim, mas foi segurada.
- Não corre, filhinha. Papai tá aqui. - o demônio surgiu atrás dela.
- Você não é meu papai. - ela disse e eu desejei que Arthur atravessasse aquela porta.
- O que a gente tinha combinado? - ele sacou uma arma apontando para a cabeça dela e senti minhas pernas fraquejarem.
- Se eu não te chamar de papai, você me machuca. - choramingou.
- Bia... - a chamei.
- Então, já que não me chamou de papai, vou ter que machucar você. - BMO agachou ao lado dela, ainda com a arma.
- Não! - gritei.
- Não, Maria Luiza? - apontou para mim.
- Machuque a mim, mas deixa ela em paz. - afirmei.
Começou a caminhar empurrando minha filha na minha frente.
- Você quer trocar de lugar com ela? - perguntou pra minha pequena que me encarou.
Fiz sinal para que ela assentisse e foi o que fez.
- Pega a menina. - empurrou Bia para Lara - Você vem comigo. - me puxou.
- Mamãe, não vai. - encarei o rostinho da minha filha.
Não estava machucada, mas os olhos inchados de choro. Não gosto de imaginar o que ela tenha passado, só queria tira-la de lá.
Mas eu era inútil. Não havia o que fazer. Ele estava armado. Poderia tirar nossas vidas.
- Se alguém aparecer? - Lara perguntou.
- Eu vou estar ocupado. Você se vira, piranha. - disse e me virou para o corredor.
Atrás de mim, eu senti seu corpo colado ao meu e o nojo dentro de mim foi aumentando.
- Senti falta dessa bunda. - sussurrou no meu ouvido.
- Eu espero que não tenha encostado na Bia. - engoli em seco.
- Na pirralha não, mas em você vai ser outro papo. - riu de leve e bateu a porta atrás de nós.
P.O.V CRUSHER
- Que porra! - gritei estressado.
- Calma, mano. - Coringa tentou me acalmar.
- Não tem calma, as minhas garotas, cara. - choraminguei.
- Crusher! - ouço Shariin.
Me virei para a entrada da delegacia e pude vê-lo com Ike.
- Não era para você estar no hospital, cara? - perguntei.
- Tenho coisas mais importantes para fazer. - disse fraco.
- Ike? Shariin? - Mob perguntou voltando do banheiro.
- Eu posso ajudar. - afirmou.
- No que? - uma policial chegou.
- Eu sei quem pode ter levado a Maria Luiza.
Meu peito se apertou.
- Do que você tá falando, mano? - GS o encarou.
- Tenho que assumir muita coisa, mas não temos tempo.
- Porra, Ike, que papo é esse? Vai direto ao ponto. - eu falei estressado.
- Pâmela saiu comigo, perguntou onde a Bia estudava e inocentemente eu respondi. O irmão dela havia ido busca-la no restaurante em que fomos, perguntei se queriam carona, porque ele foi de ônibus, respondeu que não, porque o lugar em que moravam era perigoso, então perguntei aonde era. - soltou num só fôlego.
- Cracolândia. - a policial afirmou e Ike assentiu.
Ela passou um rádio chamando os agentes para uma busca pela Cracolândia.
- Crusher, você me perdoe, por favor. - Ike encostou em meu ombro quando virei as costas.
- Não vou conversar isso com você agora. Vou buscar a minha mulher e a minha filha. Depois nós vamos conversar direito, Ike. - respirei fundo.
- E se algo acontecer à minha irmã e a minha sobrinha, você tá fudido. - Mob entrou na minha frente.
- Vocês três, chega. - Babi interveio.
- Estamos indo para a busca. Sabe nos dar mais detalhes? - a policial apareceu com vários outros atrás dela.
- Ela dizia ser na parte mais pesada, tentou me colocar medo, não sei, eu não sei de mais nada. Só disso. - disse desesperado.
- Você vem com a gente para reconhecimento do tal irmão da Pâmela. - a policial afirmou e ele assentiu.
- Eu quero ir. São minha filha e esposa. - afirmei.
- Senhor, infelizmente não poderá...
- Ele pode. Ele e o Marcos, irmão da vítima. - o investigador apareceu cortando a fala.
- O resto fica. É arriscado demais. - a policial disse com tom de ordem.
Acenei para o pessoal e senti meu corpo se arrepiar ao encarar todos as viaturas e uma ambulância do lado de fora da delegacia.
Minhas meninas poderiam estar machucadas, e eu era o único inútil na situação.
Eu precisava tirar elas de lá.
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The Sister 2 | Loud
Fanfiction- Achei que após o nascimento da Bia e meu casamento, seria minha hora de ser feliz. Manteve-se um silêncio curto até que ela falasse novamente. - Eu estava errada.