Capítulo 21

900 97 25
                                    

P.O.V MARIA LUIZA

Depois de tanto soluçar, parei de chorar e fiquei encarando a Bia, que se manteve longe de mim e junto da mochila.

- Bia, o que tem na mochila? - perguntei.

- Nada. - disse séria.

Minha filha nunca foi assim. Retida e de poucas palavras, já estava num ponto que eu me amedrontei.

- Bia. O que tem na... - repeti a pergunta, mas fui interrompida pela porta sendo aberta.

- Ê, gatinha. Parece que nós se reencontrou. - o demônio surgiu pela porta, junto do RD.

Eu apenas fiquei em silêncio e Bia se agarrou mais a porcaria da mochila.

- Vai falar comigo, não? - segurou meu maxilar.

Aproveitei que não estava amarrada nem nada e o empurrei pra longe. Eu nunca o deixaria tocar em mim, e muito menos na minha filha.

- Tá maluca, porra? - partiu pra cima de mim, mas foi segurado pelo RD.

- Já falei que eu não quero agressão, caralho. Se é pra matar, mata. Mas sem tortura nessa porra. - apontou o dedo.

- Matar? - olhei assustada pro RD que mudou o olhar para Bia.

- Qual foi, RD, mete o pé. - BMO disse.

- Já é, mas eu volto depois. - encarou friamente o chão.

BMO observou com cautela a porta sendo fechada, o ranger dela, e o barulho da batida.

Enquanto isso, eu fui me afastando. E chegando perto da Bia, ficando em sua frente.

- Tá tudo bem, mamãe. - ela disse baixinho e BMO sorriu pra mim.

P.O.V RD

Saí do barraco mais rápido do que o flash. Corri pra casa das amigas da Maria Luiza e arrombei a porta.

- Chave do carro, e as coisas delas. - falei rápido.

- Que? - Manoela me perguntou.

- Bora, porra. Tem que ser rápido. - passei as mãos no cabelo.

- Ele voltou, né? - Maju apareceu.

- Não tenho tempo pra ladainha, porra. A merda da chave e as coisas, igual eu te pedi mais cedo, Manoela. - a encarei puto.

- Vou pegar. - saiu correndo e Maju me jogou a chave.

- Por que tá ajudando elas? - perguntou segurando minha mão, com a chave entre elas.

- Não tô ajudando a Maria Luiza, ela que se foda. Mas não vou deixar nada acontecer com a cria. - falei.

Manoela apareceu com duas malas e eu peguei um carro que usávamos de transporte pra boca.

Joguei as malas no banco do passageiro e acelerei pro topo do morro, que é onde ficava os carros mais fodas, no caso do dono daqui.

Achei logo aquela máquina e joguei as malas pra lá, dirigi até o barraco e parei um pouco mais a frente.

Tinha apenas dois vapores na entrada da casa.

- Vai pra boca. - falei pra eles.

Os dois assentiram e eu abri a porta da frente.

- Me dá a porra da mochila, sua vadiazinha. - ouvi BMO gritar e murmúrios da Bia.

⚠️ Flashback On ⚠️

Eu tinha sete anos e tinha acabado de chegar em casa, feliz por ter jogado futebol na rua com os moleques. Estava imundo, então decidi tomar banho.

Ignorei minha mãe caída na sala, com carreiras de cocaína e embalagens de maconha.

Suspirei, sentindo aquele fedor horrível e peguei uma toalha, a única limpa.

Entrei no box e liguei a água.

Ouvi a porta ser arrombada.

- Mãe? - gritei.

Não obtive nenhuma resposta.

- Não vai pagar o que me deve? Desgraçada! - ouvi um homem gritar e o outro rir.

Me enrolei na toalha e saí do box, mantendo o chuveiro ligado.

Eu sabia o que aconteceria se eu não os impedisse. De novo, eles entrariam no meu quarto, de novo tirariam minha roupa e de novo eu gritaria não.

Mas eu seria espancado, e eu seria abusado. Mais uma vez. De novo.

A porta do meu quarto era em frente a do banheiro e eu voei até lá. Peguei a pistola que eu havia roubado de um dos vapores e me escondi debaixo da cama.

E eles entraram.

- Cadê o Rodriguinho? - ouvi a voz dele.

Sem pensar duas vezes, eu mirei e acertei no peito dele. Logo o amigo veio atrás, e o matei também.

Eu tive um cara que me ajudou, que escondeu os corpos, e ele assumiu o comando do morro. Ele morreu baleado, e eu assumi. Por ele.

Porque eu disse que iria orgulhar ele.

⚠️ Flashback Off⚠️

P.O.V CRUSHER

- Vocês tão com uma sensação estranha? - Voltan apareceu no quarto do Coringa perguntando.

- Sim. Desde cedo. - Mob disse saindo do banheiro.

- Para com isso. Vocês não me ajudam. - falei.

- Temos que ir pro Rio. Agora! - Babi apareceu chorando.

- Por que? - falei me levantando da cama.

- Aquela amiga dela ligou, Maju. - Coringa a abraçou.

- O que aconteceu? - eu e Mob perguntamos juntos.

- O BMO, pegou ela e a Bia. A gente tem que ir pro Rio, agora. Babi soluçou.

Fudeu.

continuem comentando, isso me motiva muito!
obrigada por lerem e votarem, vcs são incríveis!
capítulo pequeno pq o próximo vai ser pica.
se cuidem, beijinhos.

The Sister 2 | Loud Onde histórias criam vida. Descubra agora