Epílogo

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Meu queixo doía tanto quanto minha cabeça. Levantei do chão frio e comecei a tossir. Olhei ao redor e estava em meu quarto. Não entendia o que estava acontecendo até que vi um corpo idêntico ao meu atirado no chão ao lado de uma mancha de sangue na parede.

Fechei os olhos e desviei o olhar, não podia nem sequer olhar o meu próprio cadáver. Comecei a me aproximar, mas a porta se abriu de repente. Era Meredith, e estava junto com Amelia e Carina.

Tudo passou tão devagar. Carina gritava enquanto chorava, Amelia caiu de joelhos no chão chorando e Meredith, bom... Meredith só foi até meu corpo e me abraçou enquanto dizia para eu abrir os olhos. Senti a culpa cair sobre meus ombros, essa não tinha sido a melhor ideia que eu havia tomado, mas era a minha única saída. O quarto inteiro se encheu de soluços e lamentos. Fui até Amelia, que estava sendo abraçada por Carina e me agachei para ficar a sua altura, já que ela continuava de joelhos no chão. Só coloquei minha mão em seu ombro, não sabia se ela podia me sentir, mas espero que saiba que eu estava lhe agradecendo por tudo.

Me assustei quando Amelia levantou correndo. Ela tomou Meredith em seus braços, já que aparentemente ela havia posto a arma em sua cabeça e estava a ponto de apertar o gatilho.

— ME SOLTA! – gritou Meredith enquanto Carina tirava a arma de sua mão. – QUERO ESTAR AO SEU LADO, MALDITA SEJA!

— Se matar não vai fazer ela voltar! – gritou Amelia.

Sua voz estava rouca por causa do choro. Depois de alguns minutos nos braços de Amelia, Meredith se acalmou, relaxando seu corpo e se ajoelhou no chão. As três choravam enquanto eu estava ali do lado e elas não sabiam.

— Por que nos deixou? – perguntou Meredith olhando para o chão.

— Suponho que a dor de saber que nunca poderia te ter a consumiu – respondeu Carina segurando a mão de Meredith.

Os médicos entraram no quarto, pegando meu corpo. O último que pude ver foi meu rosto sem nenhuma expressão. Fechei os olhos e toquei meu cabelo. Não sabia que minha partida podia gerar tanta dor. Todos saíram do quarto e eu tentei passar, mas por alguma razão eu não podia atravessar a porta. Era impossível passar pela porta, sendo assim, fiquei e sentei na cama com as pernas cruzadas.

Não me arrependia de ter dito adeus, a única coisa que eu me arrependia era de não ter roubado um último beijo de Meredith. Estive por mais ou menos uma hora olhando para o quarto, inclusive cheguei a me aproximar da janela para olhar algumas pessoas chegando. Eu me perguntei o que estava acontecendo, já que todos traziam flores e se vestiam de preto. O som da porta se abrindo me assustou e eu virei para olhar. Me encontrei com minha princesa de olhos cor de esmeralda, só que agora tinha uma mescla de vermelho. Seu corpo estava coberto por um vestido preto que a deixava tão linda. Quando se aproximou da cama, sentou e acariciou o lençol. Ela um pequeno pulo ao se dar conta do que tinha sobre o colchão e pegou entre suas mãos.

Era a minha carta. Ela não havia lido a minha carta e estava fazendo isso agora.

As lágrimas começaram a cair por suas delicadas bochechas enquanto sua mão cobria sua boca. Eu só me aproximei e fiquei ao seu lado, descansei meu queixo sobre seu ombro, lendo a carta junto com ela. Escutei um soluço escapar de sua boca, então beijei seu ombro enquanto a abraçava por trás. Poderia jurar que Meredith leu a carta umas quatro vezes e em todas as vezes ela chorava cada vez mais e mais.

— Não quero te dizer adeus – disse com a voz um pouco rouca. – Quero te ter aqui ao meu lado.

Meus braços estavam envoltos ao redor de sua cintura e eu descansei minha testa em seu ombro.

— Esteja onde estiver, quero que nunca me deixe. Não posso viver sem você e é tão difícil o simples fato de pensar que não posso voltar a beijar seus lábios outra vez. – A voz de Meredith falhou e ela limpou a garganta.

— Sei que você será um anjo, porque não é uma má pessoa. Você é uma dessas pessoas que merecem o mundo, mas o mundo não merece elas. Eu juro que preferia sofrer em seu lugar, porque você não merecia sofrer, Addison. Merecia ser... merecia ser amada.

A abracei mais forte, ainda que ela não pudesse me sentir.

— Sou uma idiota, porque perdi o amor da minha vida e não posso fazer nada para que volte ela – falou suspirando. – Não voltarei a me machucar, eu prometo. E o simples fato de ser uma promessa para você, faz ela ser verdadeira. Cumprirei esta promessa, se me prometer algo, Addison.

Franzi o cenho enquanto a olhava.

— Promete que vai esperar por mim, porque eu esperarei por você. – Meredith olhou para cima e eu sorri, já que ela estava tão linda. – Você promete?

— Eu prometo. – Falei enquanto desenhava uma cruz com o dedo sobre meu coração.

A porta se abriu lentamente e Levi apareceu com os olhos vermelhos.

— O funeral vai começar, Mer. – Avisou limpando as lágrimas com seus longos dedos.

Meredith negou com a cabeça, fechando os olhos fortemente.

— Por que ela sofreu tanto? – Perguntou passando a mão pela cama. – Por que justamente ela? Há tantas pessoas más no mundo e tudo de bom acontecem com elas, enquanto pessoas como Addison, que são boas, sempre ficam com a pior parte.

Levi apenas sorriu ligeiramente e se aproximou até se sentar na cama, para depois abraçar Meredith pelos ombros.

— Este mundo é tão cruel, pequena. As pessoas mais incríveis sempre são as que levam a pior parte – respondeu para logo beijar a testa de Meredith, a abraçando em seguida.

Meredith chorou nos ombros de Levi até que seu corpo ficou sem lágrimas. Ambos se levantaram e caminharam até a porta. Antes de sair, Meredith deu uma última olhada no quarto e em mim, sem que ela soubesse.

— Tenho certeza que ela vai esperar por você – sussurrou Levi em seu ouvido.

Meredith apenas sorriu entre lágrimas, já que sabia que eu cumpriria com a minha promessa.

— E eu esperarei por ela, Levi.

E foi assim. Esperei por Meredith durante quarenta anos. E ela esperou por mim, até que ela ficou terrivelmente doente.

Agora Meredith se encontrava sobre a cama de um hospital, com monitores que ajudavam com seu problema de coração. Eu estava sentada na cama ao seu lado, já que prometi que nunca a deixaria sozinha.

Não me arrependo de ter me matado, o que me arrependo é de ter dito tantas vezes que estava bem, quando não estava. Era gigante o tamanho do meu orgulho por Meredith ter cumprido a promessa, ela não havia se machucado e eu apreciava muito o fato dela ter feito isso.

Todos diziam que eu era louca e que nunca ia ter nenhuma solução. Talvez eles tivessem razão, eu estava louca e me encantava estar. É triste como etiquetam as pessoas que são diferentes como loucas, quando na realidade eles são apenas especiais.

Escutei como a máquina parou de apitar e olhei para Meredith. Ela já não estava neste mundo, uma lágrima caiu por minha bochecha e alguns segundos depois senti uma mão em meu ombro. Levantei o olhar e encontrei com os olhos verdes que eu tanto amava.

— Olá, amor – falei enquanto sorria.

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Eu estou chorando muito e não choca ninguém.

Então, bebês, chegamos no final. Quero agradecer a cada um que me acompanhou até aqui e desculpem pelos erros.

Queria dizer que estou pensando em adaptar outra fic, mas não sei ainda porque da muito trabalho e eu faço isso pelo celular, é péssimo KKKKKK mas veremos né.

Enfim, muito obrigada novamente e espero do fundo do meu coração que vocês tenham gostado.

Madhouse - MeddisonOnde histórias criam vida. Descubra agora