Capítulo 8

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Foi assim, Mind, que Berk e eu nos tornamos amigos. Naquela reunião, seus argumentos foram muito coerentes apesar do surrealismo da situação. Meus pais e eu tivemos que concordar com ele que havia sim, um precedente muito forte em relação ao contato da nossa família com a espiritualidade. Não podíamos contestar, era um fato. Quando ele me perguntou se eu aceitava sua oferta de amizade para que pudéssemos nos conhecer sem pressão alguma, todos na sala se mantiveram calados, olhando para mim, aguardando minha resposta. Minha mãe torcia suas mãos e meu pai coçava a cabeça sem parar. Tenho certeza de que ele gostaria que tio Roberto estivesse ali para ajudá-lo a pensar.

Eu aceitei o convite, mas impus a condição de não haver contato físico algum da parte dele e recebi sua concordância. Saíamos sempre que ele vinha ao Brasil. Mesmo que suas reuniões não estivessem na rota da minha cidade, ele incluía uma passagem por Goiânia para me ver. Acabamos descobrindo que ele fora o comprador misterioso da casa do nosso condomínio. Era lá que eu estava quando ele me "sequestrou". Minha família se acostumou com sua presença em almoços e jantares e até um final de semana ele passou na nossa fazenda em Anápolis. Eu não admitia para ninguém, acho que nem para mim mesma, mas gostava da companhia dele cada vez mais. Ele era muito inteligente, culto e gentil, três características que eu admirava em um homem, e muito bonito também. Era alto, magro, corpo atlético, tez morena, cabelos e olhos escuros, nariz ligeiramente adunco. Usava barba, bigode e cavanhaque bem aparados. Fora dos Emirados Árabes vestia-se como um ocidental. Seus ternos eram muito bem cortados, a maioria de marcas famosas, assim como seus perfumes. Gostava de me presentear com joias. No começo, recusava-me a aceitar, mas ele era insistente e sempre tinha bons argumentos. Nessa época, eu já havia me formado na faculdade e iria completar um ano desde que saímos pela primeira vez. Berk me ligou para marcar um jantar de comemoração. Ele nunca me chamava pelo apelido.

─ Como vai, Alexandra? Podemos conversar agora?

─ Oi Berk. Por aqui está tudo bem e estou em casa. Você vem para o Brasil?

─ Sim, estarei aí daqui a quinze dias e quero encontrar-me com você. Temos que celebrar os doze meses que você vem me aturando.

─ Como o tempo passa rápido... que dia você quer marcar?

─ Sairei do Rio de Janeiro na sexta-feira à noite direto para Goiânia. Podemos nos encontrar no sábado. Pensei em irmos ao cinema e depois a um restaurante. Tenho algumas novidades para lhe contar.

─ Está ótimo para mim. Vou deixar agendado. Quais são as novidades?

─ Quero lhe contar pessoalmente.

─ Está bem. Vou aguardar.

Ficamos conversando por mais meia hora sobre assuntos diversos. Quando desliguei, percebi o quanto estava alegre com a vinda dele e curiosa para saber as novidades. Naquela noite, tive sonhos com ele me beijando, com seus braços rodeando meu corpo e acariciando minhas costas. O beijo se aprofundou e meu corpo inteiro ansiava por seu toque, por seus carinhos. Ele me pegou em seus braços e me carregou até uma imensa cama com dossel. O quarto era exótico, elegante e acolhedor com cores intensas e vibrantes. Havia poltronas baixas e pufes étnicos também muito coloridos. Berk me olhava com veneração. Seus beijos começaram a descer pelo meu corpo, despindo-me lentamente. Meus sentidos estavam todos alertas...

─ Ale, filha, acorda. Você vai chegar atrasada. Seu pai avisou que você tem uma reunião agora cedo na agência de viagens.

─ Mãe, não dá para acreditar. Você me acordou na melhor parte do sonho!

─ Estava sonhando com quem?

─ Segredo de Estado.

─ Ahã!!! Estado Árabe, estou certa?

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