Capítulo 9

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A festa está a todo vapor quando chegamos. Aly tenta escolher um local próximo a entrada da casa, mas com tantos carros aqui não acho que vai rolar.
- A galera resolveu mesmo sair de casa hoje. Bem que poderiam ter vindo só os gatinhos e as meninas legais. Os chatos e menos bonitos  iriam render mais espaço por aqui se tivessem feito o favor de ficar em casa hoje, já que obviamente, estão em maior número.
- Ei, ei, ei. Pra quê esquentar a cabeça? Podemos andar um pouco mais se conseguir vaga mais a frente. Polpa suas energias pra pista de dança. - acho que acalmem a fera, pois aly respira fundo e abre os olhos novamente.
- Tô calma, só preciso dançar um pouco e beber muito. -
Essa é a Aly que eu conheço, tava demorando.
- Então vamo lá menina! Olha só, ali na frente, do lado daquela picape vermelha tem uma vaga, viu só amga? - Aly sorri concordando. Ainda bem que achamos um lugar antes que a aly chamasse o reboque pra alguém sair e ela enfim poder estacionar. Seguimos até a vaga que eu mostrei, e quando para e desliga o carro, a gente sai e vai andando até a casa, que não está longe. Sinto alguém vindo logo atrás de nós.

- Ei galera! Que bom que chegaram. - era o Conrad. Quase eu desmaio de susto.
- Oi, con. Não sabia que eu ia segura vela hoje. Acho uma boa ideia eu ir andando pro carro de volta pra minha casa enquanto vocês se divertem, já que estão juntos não seria um problema dar uma carona pra Aly, não é mesmo Conrad?
- ele me olha fingindo estar pensativo.
- Na verdade tem problema sim, Eva. Porque você não vai deixar nós 3 aqui. Seria uma puta sacanagem. - eu só posso ter escutado errado.
- Como assim?  Nós 3 quem? - fico paralisada quando a realidade me atinge. Só pode ser brincadeira.
- O Bryan está aqui? E ninguém me avisou nada nessa merda? - uma mão toca meu ombro e eu gelo inteira em sinal de nervosismo.
- Estou logo atrás de você. - eu fecho os olhos e tento disfarçar um sorriso, mas não devo ter me saído bem.
- Oi Bryan, bom te ver! - ele olha meio sem ação e passa a mão no cabelo, parece estar com vergonha, como eu.
- Mesmo? Você não deu mais sinal depois daquele dia, achei que a gente não tivesse se entendido. - Ele pisca, está se referindo ao beijo, pra alguém com vergonha ele está se saindo muito à vontade. Ele devia saber que eu viria hoje, só pode ser. Se ele queria me deixar desconfortável então conseguiu.
- Muitas coisas pra fazer, sabe como é. Agora estamos aqui e podemos conversar mais lá dentro.
Vamos entrar, ou não? - Tento parecer despreocupada, mesmo tendo a impressão de que o meu autocontrole de não sair correndo está por um fio. Conrad responde pra aliviar o clima.
- Só se for agora, Eva nervosinha. Vamos nos divertir. -
Aly me puxa e me olha como quem quer saber o que tá rolando. Ela vai ter que esperar até estarmos sozinhas.

Finalmente entramos, o lugar está lotado, o que já sabíamos pela falta de vagas pra estacionar, porém mesmo cheia a festa está com clima de que não vai acabar tão cedo. Todo mundo parece estar bem animado, pelo visto não começou há muito tempo, então ainda não tem ninguém vomitando ou essas coisas. É uma casa bonita, de dois andares. Tem uma escada que leva ao segundo andar. A cozinha fica perto da sala, e é possível ver um pessoal bebendo e conversando lá mesmo estando na sala, por ser um ambiente bem aberto.
Enquanto toca uma música com batida agitada, noto o ambiente. Conrad e Eva estão sentados em um sofá grande, cochilando no ouvido um do outro, completamente alheios ao redor, nada de novo nisso. Bryan está encostado na parede perto deles, me olhando como se estivesse lendo meus pensamentos. Desvio o olhar do dele, ainda é muito cedo pra isso, ainda não bebi nada. No entanto preciso de coragem, ele está parado ao lado da mesa de bebidas, eu realmente quero beber? Que se dane, estou morrendo de sede.
Imediatamente, ele diz:
- Vai ficar num canto fingindo que não me conhece a noite inteira? - me faço de boba.
- Eu não tava fingindo nada, desculpa se foi o que pareceu. É que eu não queria falar sobre a gente na frente deles, sabe como é, íntimo. - me sirvo de cerveja e dou um gole.
- Ah, entendi! As nossas conversas não tem que girar em torno daquilo. Sabe disso né? Eu realmente quero saber mais de você. - sorrio de leve.
- Claro que sei, só tô desacostumada a sair com alguém que não seja a aly ou o con, se não fosse minha amiga eu estaria tomando sorvete e assistindo novela com minha mãe. - ele ri de mim.
- Certo, também não saio. Con me falou da festa e eu resolvi aparecer. - ele coloca as mãos nos bolsos.
- Porque vir hoje já que você nunca sai? - pergunto.
- Achei que fosse te ver. Valia o risco - Minha nossa! fico sem graça mas por dentro estou dando pulinhos, ele veio por mim. Tudo bem, aja com naturalidade.
- Confesso que quando percebi que você tinha vindo pensei que fosse outra armação que nem a da outra noite. - mordo o lábio. Bryan olha pra minha boca.
-  Foi mal se causei a impressão errada. Da próxima vez eu te chamo pra sair, assim evitamos surpresas. Tá bom assim?- ele pisca pra mim.
- Eu ficaria feliz de aceitar. - ele me estende a mão quando uma música lenta e romântica começa a tocar. Algumas pessoas param de dançar.
- Dança comigo? - não consigo evitar de sorrir.
- Danço, sim. - pego a mão dele, me apoio no ombro dele e sigo seus movimentos. No começo é apenas uma dança, devagar, e leve. Mas com o passar dá música sinto um frio no estômago, e me afasto o suficiente pra olhar Bryan nos olhos, percebo que em seus olhos há algo que seus lábios não estão falando. Não deve ser só eu a sentir isso, não é possível que ele esteja completamente neutro ao que está acontecendo aqui. A gente está só dançando, mas meu corpo sente muito mais do que posso explicar. Ele se aproxima, se abaixa até a altura do meu ouvido, e sussurra:
- Eva? - sinto tudo em mim arrepiar com ele falando meu nome desse jeito. Me sinto traída pelas minhas emoções.
- Oi? - Fecho os olhos porque nesse momento não acho forças pra ignorar esse momento.
- Me dá um bom motivo pra eu não te beijar agora mesmo, aqui na frente de toda essa gente. Porque eu juro, se não tiver uma boa razão, eu vou te beijar até você admitir que o que a gente tá tendo aqui é real.
- Bryan… - não termino de falar e ele me beija, sinto como se fosse a primeira vez que sou beijada, ele toca meu rosto com as duas mãos e tudo ao redor fica em silêncio conforme acontece, deixo que ele me conduza conforme nossas bocas se movem e extravasam todo o desejo que estava guardado desde a última vez que nos vimos. Ele me dá beijos carinhosos carregados de algo forte, química pura e sensual, nada simples de entender ou sentir. Meu Deus! Faça com que ele nunca pare. Nessa hora ele para, encosta a testa na minha e solta um longo suspiro. De olhos fechados ele fala por mim quando diz:
- Eu poderia fazer isso por uma vida inteira. Mas estava começando a perder o controle com você. -
Ainda estou me sentindo nas nuvens, quando falo.
- Poderia concordar, mas já não sei exatamente como se faz.- sorrio pra ele. Bryan olha pro canto a nossa direita e me diz:
- Acho que não somos os únicos confusos aqui. - olho pra direção que ele está olhando, e me lembro dos nossos amigos. Aly vai querer fofocar sobre isso com certeza. Bom, agora eu tô meio ocupada perdendo o fôlego.















Onde está o amor?Onde histórias criam vida. Descubra agora