Passeio

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POV Ana

Eu estava confusa desde a última noite com Chiara e Letícia, não sabia em quem acreditar. Por mais que eu tivesse escutado com meus próprios ouvidos Chiara ofendendo Letícia, sabia que tinha algo errado, Chiara não xingava ninguém à toa.

Faz 4 dias que eu não vejo Letícia, preciso de um tempo para pensar se realmente vale a pena estar com ela. Resolvo sair para dar uma volta, não costumava ir em lugares sozinhas, então resolvi chamar minha mãe para me acompanhar até o shopping.

-Estou pronta, querida. -Ela aparece na sala com um vestidinho vermelho, estava linda.

-Uau hein, dona Cida! -Brinco e ela ri.

-Pare de besteiras, vamos logo. -Ela vai em direção ao elevador e eu a sigo. Chegando no carro, Carlos já nos esperava com a porta aberta.

-Obrigada. -Minha mãe diz e entra no carro.

Demoramos por volta de 15 minutos até chegarmos no shopping. Assim que desci do carro já coloquei os meus óculos escuros e minha mãe fez o mesmo.

-Vamos tomar um sorvete? -Minha mãe propõe.

-Claro, vamos lá. -Fomos em direção a sorveteria que tinha ali dentro e ficamos na fila. Não demorou muito até fazermos nossos pedidos, e então fomos para a fila da retirada.

Eu e minha mãe fomos conversando até a mesa, estávamos distraídas até demais. Sinto alguém trombar em mim, e em seguida um líquido gelado cair em minha roupa.

Mas que merda!

-Dio mio, perdon! -Assim que ouço aquele sotaque olho para cima e me deparo com os olhos verdes mais lindos do mundo, ela estava com uma saia preta, uma blusa branca e um blazer branco. Elegante! como sempre.

-Chiara?

-Ana? -Ela entorta a boca. -O que você 'tá fazendo aqui?

-Eu vim passear com a minha mãe, o que você tá fazendo aqui? -Dou ênfase no você.

-Eu non sabia que era proibido vir aqui, além do mais, eu vim passear com a sua filha. -Ela diz e só então olho para baixo e percebo que Júlia estava atrás dela o tempo todo.

-Filha! -Me abaixo e deixo um beijo em seu rosto, evito chegar perto pois estava toda lambuzada.

-Oi mamãe! -Ela sorri e beija minha bochecha. Ela estava com um vestidinho azul florido, e seus longos cabelos estavam soltos com apenas uma fitinha o enfeitando.

-Como você está linda! -Digo.

-Você também está muito bonita, não é mamma? -Ela se direciona a Chiara que arregala os olhos no mesmo instante. Eu poderia ver o rubor de suas bochechas.

-Ã-an? ah, claro! Está muito bonita Ana. -Ela diz um pouco tímida.

-Obrigada, mas nada se compara a você, italiana. -Seus olhos se prendem no meu por alguns segundos e ficamos em um silêncio constrangedor. Nos envolvemos tanto naquela áurea que até esquecemos que Júlia minha mãe estavam ali.

-Olá Chiara! -Minha mãe interrompe o silêncio.

-Ciao dona Cida, como a senhora está? -Ela abraça minha mãe. Chiara e ela sempre tiveram uma relação incrível, era como se fossem mãe e filha. Quando me separei de Chiara minha mãe foi uma das pessoas que mais sentiu o nosso distanciamento.

-Eu estou bem e você? -Minha mãe pergunta.

-Eu estou bem, obrigada! -Chiara sorri e joga o cabelo pro lado me fazendo perder a concentração por alguns segundos.

-Por que não se junta a nós?

-Eu? -Chiara pergunta.

-Não, imagina. -Respondo e ela me fuzila com o olhar, arregalo os olhos e tento retornar a situação. -Brincadeira italiana, calma. -Ela serra os olhos e depois sorri simpática para minha mãe, qual era o problema dela comigo?

-Bom, por mim tutto bene.

POV Chiara

-Ótimo, mas primeiro vamos a uma loja comprar outra blusa pra Ana, porque essa já era. -Dona Cida diz rindo.

-Certo, vamos? -Ana pergunta.

-Vamos. -digo e pego na mão de Júlia.

Caminhamos um pouco até acharmos a loja que Ana disse que tinham blusas bonitas. Ou seja, pretas e de botões. Fui até o caixa com ela, afinal, eu que tinha feito o estrago. Júlia e dona Cida ficaram esperando na parte de fora, enquanto eu e Ana fomos atrás de sua blusa. Ela conversou com a vendedora sobre suas preferências e esperou até que a moça trouxesse o seu pedido.

-Ei! -Dei um tapa em seu braço assim que a vi olhando para o traseiro da vendedora. Me senti estranhamente incomodada.

-Ai! O que foi? -Ela pergunta baixo.

-Pare de olhar para bundas alheias! -Ela ri de minha reação.

-Ta com ciúmes é? -Ela debocha.

-Ana, per favore, me poupe! Só chamei sua atenção porque... -Penso em uma desculpa boa para ela não encher a minha cabeça com seu ego insuportável. -Porque sua namoradinha não iria gostar nada disso.

-Ah, entendi. -Ela ri e se aproxima até estar com a boca praticamente colada em meu ouvido, suspiro quando a sinto próxima demais.

-Olhei para bunda da moça porque me lembrou a sua.

-Ana! -A fuzilo com o olhar, eu não poderia acreditar no que tinha acabado de escutar.

-Vai dizer que você não lembra? -Ela levanta a sobrancelha.

-Não sei do que você 'tá falando. -Falo baixo para que ninguém escute nossa "discussão".

-Ah, não? -Ela pergunta e põe discretamente a mão em minha cintura.

-Se você não parar eu vou te bater aqui mesmo. -Digo e dou um tapa em sua mão, ela apenas ri.

-Que italiana brava essa. -Ela morde o lábio e é impossível não olhar para sua boca tão gostosa e convidativa.

-Aqui! -A vendedora aparece e eu me afasto de Ana repentinamente.

-Ah, obrigada, onde eu posso provar?

-Por ali senhora. -Ela aponta para a direita.

-Ta bom! Chiara, tem como vir comigo até a porta? É para segurar meu celular. -Levanto a sobrancelha desconfiada quando vejo ela sorrir abertamente.

-Sem gracinhas Ana Carolina. -Digo e passo na sua frente. Fomos até a frente dos provadores e eu fico na parte de fora, bem em frente a uma das cabines a esperando. Ela me entrega seu celular junto com outros pertences e entra. Ana não se demora muito e veste a roupa, em seguida abrindo a cortina.

-Tem como você pegar um número menor? Essa ficou grande. -Ela diz rindo e, realmente, tinha ficado um pouco larga nela.

-Claro, já volto. -Vou até o caixa e tento encontrar a vendedora que nos atendeu, demoro um pouco, mas finalmente a encontro.

-Um número menor, por favor!

-Claro, por aqui. -Ela vai até a arara que pegamos a outra camisa e pega um número menor. -Aqui!

-Grazzie!

-Imagina, estou a sua disposição. -Ela diz e se retira. É instantâneo olhar para seus glúteos no momento em que ela vira. Realmente, era parecida com a minha, mas ainda sim a minha era mais bonita...

Volto até os provadores e vou atrás de Ana. A chamo e ela abre a cortina. Sinto que poderia explodir de tão vermelha quando a vejo apenas de calça e sutiã, era muito para minha sanidade.

-O que foi? -Ela levanta a sobrancelha enquanto morde o lábio, em seguida soltando uma risadinha cínica.

DivórcioOnde histórias criam vida. Descubra agora