Caminho da verdade

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POV Ana

Hoje era mais um dia em que eu buscaria Júlia para passar o final de semana comigo. Eu estava animada, como sempre, mas ainda não sabia com que cara eu apareceria na frente de Chiara. Ela estava brava e muito magoada, e sinceramente, ela tinha toda a razão do mundo para isso. Meu peito ardia só de pensar na dor que a causei com todo aquele circo. Eu sabia que já tinha errado muito com Chiara, mas sabia também que não poderia ficar um minuto sequer longe dela. Ela era minha base, meu sol e meu porto seguro. Ela e Júlia eram tudo o que eu tinha, eu não saberia viver mais sem a presença delas na minha vida.

Tento tomar coragem para entrar em meu carro, afinal, eu teria que buscar minha filha de qualquer jeito. O caminho é silencioso, somos apenas eu e minha mente fervilhando em pensamentos. Eu tentei ensaiar vários "textos" para quando chegasse lá, mas nada deixaria aquela situação menos constrangedora. Mais alguns minutos pensando e uma imagem curiosa se faz presente em minhas idéias. Lembro de ter visto Chiara saindo do banheiro um pouco vermelha naquela noite, eu cheguei a pensar que ela e Letícia tinham brigado, mas era impossível que isso acontecesse sem que chamasse a atenção de ninguém. Elas estavam estranhas. Pareciam até que tinham se beijado, o que era impossível, pois elas não conseguem nem manter contato visual por muito tempo sem soltar farpas. Estranho, né?

Assim que meu carro estaciona, todos os pensamentos parecem se esvair de minha mente, eu apenas pensava em: Como vou me desculpar com ela?
Subo o elevador pensando em mil coisas. Será que ela me trataria mal ou com desdém? Eu não poderia saber, tinha que pagar para ver, mas não poderia reclamar de absolutamente nada.

Bato na porta e sinto meu coração pulsar em minha garganta. E logo em seguida sinto meus músculos relaxarem quando a figura de Marina se faz presente.

- Ah, oi dona Ana! -Ela diz, meio atordoada. -Eu estou fazendo umas coisinhas aqui. -Ela começa a se explicar e eu apenas sorrio. -Entra!

- Obrigada. -Agradeço assim que passo pela porta.

- A Júlia 'ta' terminando de se arrumar lá em cima e a dona chiara 'ta' no quarto. -Ponto negativo. Será que Chiara teria se trancado lá por não querer me ver?

- Tá, eu preciso falar com a Chiara. -Falo mais para mim do que para marina. -Você da uma reparada na Júlia 'pra' mim, enquanto isso? Sei que você está cheia de coisas para fazer, mas é importante.

- Claro, fica tranquila. -Ela concorda com a cabeça.

Agradeço Marina pela compreensão, e vou atrás de Chiara. Passo pelo quarto de Júlia, fazendo o mínimo de barulho possível, e chego em frente a porta de Chiara. Penso em bater, mas Júlia iria acabar ouvindo, então apenas empurro a porta o mais devagar que eu consigo. Não tinha movimento e nem barulho algum no quarto. Vou indo devagar em direção a cama e percebo que Chiara estava embolada em um monte de lençóis brancos, ela olhava para um ponto fixo no teto.

- Chiara? -Chamo, e no minuto seguinte me arrependo. Chiara deu um leve pulo na cama, jogando os lençóis para todos os lados, enquanto sua mão direita ia em direção ao peito. Seus olhos arregalados me encaravam com toda fúria do mundo.

- Vuoi uccidermi dal cuore? -Seus olhos estavam arregalados e seu peito subia e descia constantemente.

- Desculpa, juro que não foi por mal. -Digo tentando segurar o riso. Seu olhar era fuzilante sobre mim.

Assim que Chiara se desfez dos lençóis pude ver suas "roupas". Ela vestia uma camisola de seda preta, que subiu por ela estar sentada, e que agora ia até o meio de suas coxas

- Olhe nos meus olhos, Ana Carolina! -Chiara chama minha atenção assim que nota minha análise, e eu não ouso contrariar, já estava ferrada o suficiente com ela.

- Desculpa, mas é que você... -Não termino a frase por falta de palavras. Chiara costumava me deixar assim.

- O que veio fazer aqui? -Ela cruza os braços fazendo com que seus seios se juntem e fiquem extremamente chamativos. -Carolina! -Ela me chama novamente e eu não posso deixar de notar o quão bonito o meu nome ficava quando saía de sua boca. O seu "r" puxado era realmente lindo.

- Eu vim bu-buscar a Júlia. -Termino, mas ela não parece satisfeita e espera que eu continue. - E eu vim te pedir desculpas também. -Ela sopra o ar da boca e ri em tom de deboche. Vejo chiara levantar e começar a andar de um lado pro outro no quarto.

- Eu sei que errei com você, Chiara... -Tentei chamar a atenção dela a todo custo, mas ela não estava me dando chance alguma. - Você sabe que eu te amo! -Digo e Chiara não parece se importar muito. Vejo ela revirar suas roupas e pegar uma carteira de cigarro. Eu sabia que ela só fazia isso quando estava muito nervosa ou estressada, nunca perto de Júlia. Ela põe na boca e o acende, em seguida, dando uma bela tragada. Um silêncio ensurdecedor se faz presente no quarto.

- O que você quer com isso, Ana? -Ela pergunta, enquanto deixa a fumaça sair por suas narinas, para em seguida soprar.

- Eu só quero você de volta. -Digo, como se fosse a coisa mais simples do mundo.

- Resposta errada. -Ela ri, vira de costas e se apoia na cômoda em sua frente. Não pude deixar de notar quando sua camisola subiu instantaneamente ao se esticar. O quão tentadora era a imagem que eu tinha a minha frente? Eu via Chiara Civello com os cabelos levemente revoltos, uma camisola de seda minúscula e um cigarro dentre seus dedos. Era realmente muito difícil manter o autocontrole. Aquilo estava se tornando uma tortura.

Me aproximo de Chiara lentamente. Eu não queria que isso acabasse de forma "errada", mas a vontade de tocá-la era mais forte que eu.

- Chiara... -Pouso minha mão em sua cintura e aperto. Sabia que Chiara estava muito brava comigo, mas no momento que ouvi seu gemido sofrêgo, nada mais poderia atrapalhar a gente.

- Ana, per favore... -Pude perceber que suas mãos fecharam e suas unhas apertaram levemente a palma. - Non faça isso.

- Shi... -levei minha mão até seus cabelos e segurei com força. Juro ter visto uma leve empinada de Chiara em direção a minha virilha. Chiara estava estressada, sabia o quanto ela também precisava disso. A gente poderia ter um momento apenas e depois conversarmos com mais calma, não?

Chiara apaga o cigarro no cinzeiro que tinha em cima da cômoda e vira de frente pra mim. Seu olhar queimava, seus olhos verdes tinham agora uma tonalidade escura. Uma de minhas mãos passeava por sua cintura, enquanto a outra subia para sua nuca. Chiara atacou meus lábios assim que meus dedos enroscaram em seus cabelos. Senti que poderia flutuar naquele instante. Ela tinha gosto de cigarro, mas nada que eu já não estivesse acostumada. Seus lábios eram macios e apetitosos, sua língua entrava em uma perfeita sincronia com a minha a cada movimento. Sua boca me dava livre acesso para fazer o que quisesse com ela, e eu gostava disso. Mais alguns segundos naquela bela perdição e começo a sentir minha respiração ficando falha, o ar começava a se fazer necessário e nós ficamos cada vez mais ofegantes.

Estava tudo perfeito, até Chiara me empurrar. Ainda meio desnorteada pelo acontecido, me vejo obrigada a abrir os olhos para entender o que ocorria. Chiara respirava com dificuldade e seus olhos pareciam querer saltar. Ela estava visivelmente preocupada com algo. Ela alternava o olhar entre meus olhos e o chão do quarto, até finalmente fechá-los com força.

- Eu beijei a Letícia! -Ela disse em um grito só.

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⏰ Última atualização: Jun 14, 2023 ⏰

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