⊿ Capítulo 1

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Briston, 17 de Setembro de 1939


Passou uma semana desde deixei a minha família. Eu quero enviar uma carta para poder dizer que estou bem, mas ainda não nos permitem.

Demorámos alguns dias a chegar cá mas quando chegámos o nosso acampamento já estava montado, e soldados já andavam de um lado para o outro. Um deles encaminhou-me a mim e aos meus companheiros até uma das tendas com camas. Em cada cama havia um uniforme e um capacete e no chão, um par de botas. No fundo da mesma havia uma espécie de baú para podermos guardar os nossos pertences.

Hoje de manhã ouve um ataque. Uma bomba foi atirada para o nosso campo de batalha. Pelo que ouvi dizer foram os Nazis que estão a tentar conquistar o nosso país. Sabem que mais... a 2.ª Guerra Mundial começou!

Quando ouvi o estrondo levantei-me logo. Vesti o meu uniforme, coloquei o meu capacete e saí da tenda. Todos andavam a correr de um lado para o outro.

Olhei em frente e vi uma nuvem de fumo. Toquei no ombro de um dos soldados e perguntei:


Eu: Que se está a passar?

***: Estamos a ser atacados.

Eu: Para onde vão todos?

***: Lá para a frente.


Corri atrás dele e deitei-me junto a uma parede improvisada que fizemos. Um dos soldados que estava ao meu lado passou-me uma arma e eu fiz pontaria.

Vi uma pessoa ao fundo a andar de um lado para o outro. Cada vez estava mais perto de nós. Mirei-o e dum segundo para o outro disparei.

A bala acertou-o em cheio. Vimos o seu corpo a cair ao chão e ele a gritar.

Do nada o outro lado começou a disparar contra nós.

Carreguei no gatilho da arma e comecei a disparar para todos os lados.

Encolhi-me quando ouvi um estrondo muito perto de mim. Olhei para o lado e vi alguns dos nossos soldados deitados no chão e cheios de sangue.

Corri para junto de um deles, olhei-o e ele era o que estava na cama ao lado da minha.

Agarrei-o e comecei a levá-lo para uma enfermaria improvisada que havia. Uma mulher ficou a fazer-lhe os curativos e eu fui-me embora.

É isto que acontece quando defendemos o nosso país. É isto que me pode acontecer a qualquer momento. Até estremeci com o meu pensamento.

Só de pensar que posso morrer aqui e nunca mais voltar para os braços de Emily...

Ainda me lembro da sua cara e dos seus olhos inchados e lágrimas a escorrer pela cara quando me vim embora, quando a deixei desamparada sem ninguém. Eu não a devia ter deixado, não agora. Quando eu a ia pedir em casamento, passado um mês de ela ter vindo morar comigo, passado dois anos depois de termos começado a namorar.

O pai dela não gostava de mim, quer dizer ele não podia por a vista em cima de mim. Mas quando me via dizia sempre que eu tinha sido a melhor coisa que tinha aparecido na vida da sua filha.

Emily era uma rapariga muito reservado, mal tinha amigos. E bem o feitio dela... Ahahah não é dos mais fáceis mas foi isso que me conquistou mais nela.

Abandonei os meus pensamentos sobre a Emily quando vi alguns soldados passarem por mim com alguns feridos.

Olhei para trás e eles estavam num estado lastimável.

Virei-me para a frente quando ouvi outro estrondo. Corri o mais depressa que consegui para a parede e deitei-me no chão.

Posicionei a minha arma e disparei para um corpo que vi bem à minha frente.

Mesmo depois de lhe ter acertado ele continuou a andar em frente. Tiros do nosso lado iam-lhe acertando nas pernas, nos braços, no peito, mas ele mesmo com toda a dor, mesmo estando a sangrar sem parar tentava chegar o máximo que podia até nós.

Quando ele parou puxou o gatilho de alguma coisa e deixou cair no chão.

Um dos soldados que estava ao meu lado puxou-me para baixo. Senti objectos caírem em cima de mim.


***: Liam está bem?

Eu: Sim, obrigada Steven.

Steven: Não tens de quê.


Steven hoje tinha-me salvado a vida. Alguns soldados tinham ficado gravemente feridos por causa da explosão que aconteceu mesmo à nossa frente.

São 20 horas e eu hoje estou de guarda. Enquanto uns descansam outros tem de ficar de vigia. E eu aproveitei para me sentar um pouco e poder escrever.

Amanhã vamos mudar de lugar. Tanto quanto percebi para semana estaremos noutro país.

O Steven disse-me que nessa altura já podemos mandar cartas para os nossos familiares. Espero poder enviar uma carta para Emily. As saudades que tenho dela são imensas.


⊿ Continua...

The Soldier | L.P.Onde histórias criam vida. Descubra agora