Sechs

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- Você deveria estar escrevendo músicas e não estar indo pra jogos de futebol. – Ian riu enquanto seguiam para a Allianz Arena.

- A vitória do Bayern hoje vai me inspirar a escrever o álbum do milênio, Ian. – Catherine o cutucou, fazendo o amigo rir e soltar fumaça pela boca, devido ao frio que fazia em Munique naquela noite.

- Fizemos três a zero lá em Londres, acho que é meio difícil não vencermos. – Davi deu um sorriso convencido.

- É o Bayern. – Catherine falou, olhando cética para o irmão. – E é contra o Chelsea. Na Allianz Arena. Não gosto muito das lembranças que me atingem quando penso que somos os favoritos...

- Pare de tocar nessas feridas. – Samantha reclamou.

- Estávamos aqui. – Catherine falou frustrada, encaminhando-se para o assento numerado de seu ingresso. – Foi horrível.

- Foi mesmo. – Davi e Ian falaram juntos.

- Hoje será diferente. Venceremos e nos classificaremos! – Samantha falou em tom convicto e os quatro tomaram seus lugares.

O jogo de volta pelas oitavas-de-final da Champions League já trazia a vantagem de um 3 a 0 construído em Londres, mas, claro, estavam apreensivos. Nenhuma vantagem é seguramente garantida, então não podiam mesmo acreditar que o Chelsea não seria capaz de fazer quatro gols em plena Allianz Arena, no frio bávaro e com o estádio lotado.

O jogo terminou empatado, um gol para cada lado, e o Bayern estava classificado para as quartas-de-final da competição. Catherine estava cantando animada, segurava sua scarff e gritava enlouquecida, acompanhada dos amigos e nem mesmo tinha se dado conta de que aquela sua atitude estava sendo transmitida para o mundo todo, claro.

Depois do show de Maluma, os sites de fofoca pareciam ainda mais interessados em sua vida e em seu relacionamento. E fazer um cover de "Falling", do amigo Harry Styles, tinha criado ainda mais teorias loucas na cabeça dos redatores daqueles sites. Boatos de que ela e Holger estavam juntos apenas para manter as aparências, por contratos que tinham a cumprir, além de inventarem uma fonte próxima ao casal que tinha inventado uma história muito mirabolante que envolvia uma traição, mas as obrigações contratuais deles os obrigavam a ficar juntos.

Catherine quis responder, mas Layla e Kelly conseguiram conter a raiva da cantora, afinal, quanto mais corda desse, mais comentariam. Era melhor focar na produção do álbum e em sua própria vida, as fofocas eram mentiras e sua vida pessoal, como ela bem costumava dizer, era privada e não a parte que as pessoas deveriam se importar, mas com sua arte.

Quando, bem mais tarde, Catherine estava em sua casa, sozinha e acompanhada de pouco sono e muita disposição, resolveu que era melhor tentar compor alguma coisa. Seu celular tinha sido esquecido quase o dia todo e tinha certeza absoluta que Layla a mataria em breve, mas tinha sido tão divertido passar o dia acompanhada dos pais e depois ir ao jogo com o irmão e os amigos, como nos velhos tempos.

Heidi.

Catherine deu um sorriso ao pensar na pequena afilhada e uma ideia surgiu. Saltou do sofá, atravessou o frio da madrugada bávara e se enfiou no estúdio. Escreveria alguma coisa para Heidi, nem que fosse a última coisa que faria na vida.


🎤 🇩🇪 ⚽️


Holger abriu a porta de casa já sabendo que encontraria Catherine. O carro estava na porta e ele sentiu as pontas dos dedos formigarem, o estômago esfriar e girar e um sorriso começar a brotar em seu rosto.

Aquela era a sensação sempre que encontrava Catherine, sempre que abria os olhos e ela estava ao seu lado na cama, sempre que a via comprando sapatos pela internet ou quando estava tagarelando coisas em idiomas que ele não fazia ideia do que eram, mas pareciam absolutamente apaixonantes.

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