Acht

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Catherine estava sozinha em casa, depois de uma despedida demorada e quase chorosa do namorado, estava na sala e ocupava-se de trabalhar em uma nova música que tinha começado há algumas semanas, mas estava incompleta e ainda não tinha mostrado para ninguém. Mais uma música sobre como se sentia sobre sua ansiedade e como aquilo fazia sua mente funcionar de um jeito estranho.

Talvez, quando chegasse aos ouvidos do público, parecesse outra coisa, mas ela sabia muito bem que aquilo era sobre ela e seus demônios interiores, sobre todo inferno de viver com sua ansiedade lhe fazendo companhia. Nunca estava sozinha. Não mais. Tinha aquela péssima acompanhante em todos os lugares e, mesmo quando não estava ativa, Catherine sabia que ela estava ali, à espreita, apenas esperando para entrar em ação e estragar tudo.

Quase uma hora depois de ter decidido ficar dentro de casa e usar a sala como local para trabalhar, ouviu o interfone tocar. Se tivesse que ir até a portaria, provavelmente choraria, não queria ter que andar toda aquela distância. Não mesmo.

- Alô.

- Senhorita Heinze? – o porteiro perguntou e depois de um "sim", continuou: – Há uma entrega para a senhorita, posso autorizar a entrada?

- O entregador disse quem é o remetente?

- Seu namorado, o senhor Badstuber.

- Tudo bem, pode autorizar. Obrigada.

- Não há de quê. – o homem respondeu e Catherine foi esperar na porta, porque ninguém fazia entregas à pé, então haveria uma bicicleta, um carro ou uma moto.

E quando avistou a bicicleta em que uma entregadora vinha sorridente, viu o enorme buquê de rosas vermelhas na garupa e sorriu tanto quanto a mulher. Rosas vermelhas sempre foram a fraqueza de Catherine, que morria de vontade de cultivar rosas, mas nunca tinha conseguido.

- Se me permite um comentário – a moça começou a dizer, pegando com delicadeza o buquê e indo até Catherine. – Catstuber é um amor e vocês dois formam um casal lindo, parecem se amar muito e eu espero que sejam muito, muito felizes.

- Obrigada. – Catherine agradeceu. – São lindas.

- Sou sua fã, você é incrível. E ainda torce pro Bayern! – a mulher falou sorrindo, recebendo um sorriso de Catherine. – Mas preciso ir. Espero que vocês dois se casem e sejam ainda mais felizes do que já são.

- Obrigada pelo carinho, de verdade. – Catherine agradeceu e a mulher voltou a subir na bicicleta e deu meia volta, seguindo para a portaria, enquanto ela entrava em casa e buscava o pequeno cartão entre as rosas.

"Você é minha parte favorita de mim e sou eu quem tem muita sorte de ter você. Eu te amo."


🎤 🇩🇪 ⚽️


Holger abriu os olhos com mais preguiça do que o habitual. Mal tinham chegado em Munique após uma viagem de duas horas e meia desde Stuttgart, e ele tinha ido dormir. Estava cansado e sabia que deveria ter feito a recuperação pós-jogo, mas um único dia sem fazê-la não causaria problemas, ele estava tão cansado que nem se atentou que precisava disso.

Catherine não estava mais ao lado dele, mas, dessa vez, havia um bilhete dizendo que ela estava no estúdio e que no fim do dia sairia de lá, o que basicamente dizia de forma educada que ele não deveria interrompê-la. Então esticou-se até que seu rosto estivesse sobre o travesseiro dela e pudesse sentir o perfume de Catherine. Tinha decidido parar de tentar entender como era possível amar uma pessoa a cada dia mais, como ama Catherine.

Podia aproveitar que ela estava em estúdio, produzindo, e fazer uma coisa que queria fazer há algum tempo, mas não tinha encontrado tempo e nem oportunidade, mesmo que já tivesse trocado diversas mensagens para resolver o assunto. E ainda poderia ir até a casa de Hugo, queria saber como tinha sido o dia anterior, já que o amigo não respondia suas mensagens desde então.

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