introdutório

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– Você sabia que as plantinhas são a base da cadeia alimentar, Pinetree? – o loiro questionou retórico, de inocência deturpada.

Dipper Pines continuou a folhear o livro que lhe empoeirava as narinas, inabalável. As páginas cortaram o ar com sutileza e mantiveram a calmaria de uma biblioteca que Bill desejava provocar um incêndio.

Mas sua disciplina escoava pelo ralo, estava perseverante em sugar o porquê da questão.

"Maldita curiosidade. Maldito livro de Biologia. Maldito Bill Cipher!", pensou o menor.

Ele descolou um papel do bloco de notas propínquo à máquina de escrever e armou a trava da caneta esferográfica. Resolveu enumerar as curiosidades sobre Bill e desenhar um pequeno diagrama que pudesse explicar as atitudes dele, para compreender melhor aquela mente perversa.

Uma coisa era certa: o desgraçado não perderia a oportunidade em tentar convencer alguém a fazer um acordo – leia-se pacto; Outra aprendida: ele não perderia a chance de caçoar o sobrenome de Dipper.

Era realmente uma tortura psicológica. Dipper amava mistérios, em especial as soluções dos tais, porém sentia-se num impasse quando se tratava de Bill – que poderia aproveitar-se dessa fraqueza. Dipper deveria encontrar uma forma de se comunicar com o demônio sem perder o controle da situação.

Seu consciente queria absorver cada razão para Bill rebaixá-lo a uma planta. Uma vez o feito, esqueceria a existência do desgraçado na cela de seu escritório e prosseguiria a pesquisa. Assim indagou apático, direcionando a atenção apenas às anotações amareladas na mesa:

– Está com fome?

Bill manteve as pernas cruzadas e o livro aberto na palma da mão direita, não movia um músculo sequer. Com cautela, escutava o crepitar das folhas que dançavam conforme a música cantada pela mente desesperada do menor.

– Sabia que estou acima de qualquer animal selvagem? – o loiro prosseguiu com o quebra-cabeça. Permaneceu sentado no banco e, novamente, aguardou a retaliação.

Dipper, violento, fechou o diário jurássico de Stanford. O barulho de uma explosão abafada retumbou, trouxe uma nuvem de pó ao rosto do rapaz, que segurou o espirro. Ele se levantou e deu passos hostis até o desgraçado.

Bill esboçou um sorriso de canto, vitorioso. Conseguiu tirar Pines do sério, mas não era o suficiente:

– Eu tenho prioridades sobre minha presa. – o loiro aproximou-se das grades e contemplou a fragilidade denunciada pelas bochechas rubras do menor. – Ninguém irá te machucar como eu, meu Pinetree. Você vai pagar caro por essa invocação.

Ele queria socar aquela fodida e perfeita cara. Bateria tão forte que faria o demônio gritar até perder aquele timbre presunçoso, rouco...

Sedutor.

O maior estava prestes a dizer o quão adorável era o nariz avermelhado do seu carcereiro, ou o quão fofo e polido fora o ruído do espirro prendido. Todavia preferia esperar a reação de Dipper.

– Eu estou no controle. – entrelaçou os braços e empinou o queixo, para fixar o olhar no orbe âmbar não ocultado pela franja flava despencada. – Você está numa cela.

Bill não gargalhou e Pines sentiu superioridade. Mas aos poucos uma linha sádica esticava-se pela face levemente bronzeada do maior. As sobrancelhas erguidas e as pernas de Dipper fraquejaram.

– Diz isso da boca para fora. Quem está no controle é seu medo.

O loiro envolveu os dedos nas grades, logo ajustando a cartola para baixo, projetando uma penumbra intimidante e ao mesmo tempo sensual sobre o olho. Dipper ficou em silêncio e Bill mordeu os lábios antes de concluir:

– Faz ideia de quem ele é?

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