Era completamente complexo a maneira como sentimentos eram tão diferentemente subentendidos por corpos sempre tão próximos uns dos outros. Como corações podiam bater tão rápido dentro dum peito perto de outros que mal ressoavam uma única melodia. Como dedos tinham o poder único de traçar longas curvas numa pele sem ao menos notar a diversidade de beleza que havia ali. Como olhos podiam morrer momentaneamente sem ao menos conterem um fechar de pálpebras e como outros podiam matar sem a menor piedade.
Yoongi sentia que estava se afogando por aquela longa e fria complexidade que acarretara em seu coração, pelas curvas que seus dedos não podiam tocar nem sentir, pela beleza que ele via com tanta clareza em cada mínimo detalhe que era escondido pela pele, por olhos profundos que aos poucos lhe tomavam a capacidade de respirar.
Olhos castanhos e dedos longos, pele derramada em raios de sol e sorrisos arrebatadores; era tudo, era a única coisa que ele conseguia ver quando fechava os próprios olhos e quando os abria, quando observava o entardecer e acompanhava os raios de sol surgirem entre as nuvens de um novo dia.
Logo ele, que sempre fora tão automático no que sentia, que sempre compreendia seu próprio corpo e as reações dele. Logo Yoongi, que soltava das mãos quaisquer dúvidas sobre sentimentos, não conseguia controlar os próprios pensamentos para que não voltassem para o mesmo rosto, para a mesma voz e mesmos olhos castanhos.
Amaldiçoava-se por isso a cada minuto daquela última noite mal dormida. Porque era engraçado e até cômico, perder o sono com tanta veemência por alguém que ao menos soava real aos seus olhos.
Bebeu mais um longo gole do café, que ao menos parecia ter surtido efeito durante aquele curto período da manhã, enquanto observava a pequena sala dos professores. Temia a próxima aula, entretanto.
Tentava acalmar seu próprio corpo com fatos óbvios que deveriam servir para que seu nervosismo incontrolável fosse embora, mas ele simplesmente não conseguia controlar.
Ele ao menos deveria estar temendo aquilo, afinal. Haviam coisas mais surpreendentes para lhe tirar o sono naquela noite. Os últimos dias de aula haviam sido mais calmos do que ele havia previsto, embora a nova escola não fosse a mais organizada, muito menos a mais responsável, era algo que ele conseguiria lidar. Todos eram educados, em contrapartida do que sempre havia pensado. Os alunos, mesmo barulhentos, eram compreensíveis e de certa forma, divertidos. Não havia problema algum em meio aos corredores, não havia preocupação, ao menos intrigas. Mas havia Jung Hoseok.
Ele era como uma pequena gota d'água em meio de uma grande tempestade; mesmo pequeno, mesmo se igualando a todos naquela escola, ainda conseguia lhe tirar o sono quando pingava devagar em sua mente.
Sua última aula - e pasmem, também a primeira - com o garoto havia sido na segunda da semana anterior e desde então, não o viu mais, nem ao menos na aula de sexta que havia sido na mesma turma. Não o viu em nenhum corredor, refeitório ou estacionamento. Nada. E aquele pequeno detalhe que deveria tanto lhe acalmar, estava na verdade, o consumindo de ansiedade.
Talvez fosse mais fácil se os traços tão bem delineados deixassem sua mente sozinha e sua voz não estivesse soando profunda por todos os corredores longos daquela escola.
Ele amaldiçoava também como Jung Hoseok era tão comum e ao mesmo tempo tão diferente.
Não que ele fosse uma extrema divergência em meio a todas aquelas pessoas, mas era tão agoniante o fato do garoto não deixar seus pensamentos desde a primeira noite que o viu, logo ele que sempre fora tão centrado.
Logo Yoongi.
Apesar de tudo, queria o ver de novo e talvez, fosse mais fácil admitir isso para si mesmo se ele não soubesse que o garoto esperava por si numa grande sala de aula, onde ele por uma mera consequência era o professor.
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tear of love, yoonseok.
FanficYoongi estava encantado, não havia outra palavra para descrever o turbilhão de sentimentos que correram por suas veias quando viu pela primeira vez os olhos castanhos reluzindo abaixo de toda a fumaça feita de nicotina; a boca pequena formando discr...