8º Pecado Capital

Contrato

Frio... O frio foi a primeira coisa que atiçava meus nervos quando abri os meus olhos... meus cabelos sobre a grama molhada pelos flocos de neve. Atordoado, eu não entendia o motivo de estar assim, como se tivessem passado por cima de mim com um trem.

O único aspecto em que eu me apegava na confusão era esse local conhecido para mim, o jardim de minha casa. Por qual motivo eu estava assim? Por que eu não consigo me mexer? A todo momento que eu tentava me mover, meu corpo apenas não obedecia ou apenas não tinha mais força para me mover. No momento que meus sentidos voltam, a sensação molhada sobre meu abdômen chama minha atenção.

Com o resto de força que eu consegui reunir, levo minha mão até o local. Mantenho um pouco pressionada e depois a levo para meu rosto, na tentativa de identificar o que era aquilo que molhava as minhas roupas. o pensamento de ser apenas neve vem em mente, mas logo se perde quando vejo a cor vibrante se aproximando de mim. O líquido em carmesim forte estava fresco  e um pouco dele respinga em minha bochecha... tinta? Não, o cheiro era diferente... Sangue! Sangue! O que aconteceu?! Por que eu to sangrando!?

Os meus pensamentos não me deixavam tranquilo, estava desesperado, não sabendo o que fazer. Meus olhos estavam vidrados em meus dedos encharcados em vermelho com o brilhos das estrelas do céu de fundo, em contraste com líquido apavorante em que estava banhado. Meus olhos simplesmente não queria  deixar que eu tirasse aquilo do meu campo de visão. Meu desespero se intensifica e minha cabeça começa a latejar. Esta doendo tanto que nem consigo raciocinar mais. Como agulhas perfurando o meu cérebro consigo sentir cada pontada acabando comigo. Em um momento de déjà-vu, vejo apenas como um corte de filme diante de meus olhos, as minhas memórias voltando. Assistindo cena por cena do que aconteceu.

Algumas Horas Antes:

Em total conforto eu estava deitado em minha cama, acompanhado de Haru que havia acabado de chegar de seu trabalho na Confeitaria dos seus pais. Depois de um dia cheio, ele apenas deita apagado sem muita resistência ao meu lado. Um pouco incômodo sendo que eu queria estar apenas batendo papo com ele, mas fazer o que. Mas a visão de príncipe encantado dormindo ao meu lado faz essa sensação incomoda sumir. Seu cabelo loiro e traços lindos do rosto me deixam encantado, poderia ficar o dia todo o observando esses desgraçado que mesmo dormindo consegue ser mortalmente bonito.

- Você vai ficar apenas olhando ou vai me beijar? - Quase pulo com o som da sua voz me pegando desprevenido. Abrindo aos poucos os seus olhos azuis junto a um sorriso travesso. 

Suas palavras me pegam de guarda baixa, causando um impulso de vergonha seguido das minhas bochechas corarem brutalmente. Mas em um sentimento de teimosia em meio a meu pane mental faz com que meu corpo se mova sozinho, aproximando meus lábios do dele. Quase o tocando, sinto grandes mão agarrando meu quadril com força e ao mesmo tempo com cuidado, estendendo aquilo que seria um pequeno beijo para um mais profundo, com Haru  roubando o meu fôlego em meio ao seu ataque contra minha boca. 

- Ei... Ufa.... Vai com calma, meus pais e meu irmão podem ouvir. - Digo empurrando de leve seu corpo musculoso.

Ele fica um pouco emburrado com minha frase, mas essa não era uma expressão muito duradoura no rosto dele. Haru move sua mão e segura o rosário de prata pendurado em meu pescoço, sendo o presente que eu havia ganhado dele em nosso aniversário de namoro.