Capítulo 2

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CAPITULO 2

A grande fazenda dos Ferraz continuava a mesma. A pintura estava modificada, isso posso afirmar, mas as suas características eram ainda idênticas a de cinco anos atrás. A cor amarela era a cor preferida da mãe do Nicholas e então o seu pai pintou toda a frente da casa com a cor. Apesar do tempo, eu recordava perfeitamente cada canto deste lugar. Inclusive o meu antigo quarto, era muito lindo e tinha uma vista para os grandes arbustos da natureza... Era tão perfeito que passava todas as noites contemplando as estrelas enquanto eu e o Nicholas tomava chocolate quente no chão do meu quarto.
Respiro profundamente e sinto o cheiro da natureza invadir os meus pulmões, eu senti tanta falta deste lugar que não posso acreditar que estou caminhando na minha terra. Meu verdadeiro lar.
Aproveito o embalo da emoção e começo a retirar o meu salto para sentir a grama verde que estava a minha frente, sei que pode ser meio infantil da minha parte uma mulher de 25 anos estar andando descalça como uma louca, mas era assim que eu vivia todos os dias... Livre, livre, livre!  Seguir caminhando em passos calculados até finalmente chegar ao salão de visitantes na entrada. Me sentia um pouco acanhada, por talvez não saber o que fazer ou até mesmo falar, olho toda a extensão do local e logo avisto uma moça com uma prancheta nas mãos e me logo me certifico de que a mesma trabalha na fazenda. A mesma está usando um uniforme com o símbolo dos Ferraz, como na antiga tradição.
Me aproximo com um sorriso e vejo a moça me olhar dos pés a cabeça:

–– Olá, eu me chamo Anne. Eu gostaria de falar com a Senhora Almira. –– Falo lhe estendendo o braço e a mesma aperta gentilmente.

–– Olá Anne. Eu me chamo Éster, a senhora Almira me pediu para que não fosse incomodada hoje. –– Percebo que a moça fala sem um pingo de ânimo.

–– Ah! Tudo bem, eu e meu pai viemos passar uma semana na fazenda. Poderia verificar se há quartos disponíveis nas chácaras? Eu já morri aqui e me lembro que as chácaras era os lugares menos frequentados dos visitantes –– Pergunto esperançosa e vejo Ester olhar para o papel em sua mão.

–– A fazenda está lotada...

Perco as minhas esperanças ao ouvir aquilo.

–– Não precisa ser um quarto espaçoso. Só iremos passar uma semana. –– Insisto mais uma vez e vejo a moça suspirar, talvez ela estava cansada de toda essa minha insistência.

–– Eu vou ver o que posso fazer senhora. Espere um segundo.

Ester saiu do nosso campo de visão e aproveito para olhar para o senhor ranzinza... Aproveito para lhe dar um sorriso amarelo e vejo o seu olhar de desaprovação direcionados para os meus pés, isso era um escândalo para o meu pai... Na verdade a palavra vergonhoso definia 100% o seu rosto agora. Lhe dou um sorriso amarelo e aproveito para me sentar em um estofado pequeno perto da recepção.
Se passaram alguns segundos e  esses segundos foram se transformando em longos minutos até escutarmos uma voz familiar alegre:

–– Minha nossa Senhora de Fátima!

Acabo levando um pequeno susto pela voz espantada e com o sotaque mais fofo do mundo.Dona Almira estava incrivelmente linda em um vestido amarelo que realçava a sua pele. Os anos haviam lhe caído bem, pois o seu rosto estava com um brilho indecifrável.

–– Dona Almira!

Dou um pulo da cadeira onde estava e sinto seus braços me envolverem em um abraço cheio de carinho.

–– Deixa eu olhar para você... virou um mulherão.

Acabo sorrindo com o seu gentil elogio e acabo me esquecendo de papai ao meu lado.

–– Como vai dona Almira? –– Papai fala gentilmente se levantando da cadeira e dona Almira cessa o sorriso.

–– Estou muito bem. –– Sorrir educadamente, mas sinto um leve clima tenso entre os dois.
Tento quebrar o gelo que se formou com uma voz animada
–– Dona Almira eu estava com tanta saudade.

E se Ela Voltar? PARTE 1Onde histórias criam vida. Descubra agora