Capítulo 1

141 5 2
                                    

CAPITULO 1

Simplesmente não consigo explicar a minha vida!Para dizer a verdade eu mesma não sei por onde começar.... Me sinto como um pássaro, um bem pequenininho que acaba de fugir e sempre volta para o seu ninho...sempre esteve em seu recanto, sem liberdade e muito menos o seu verdadeiro amor de volta. Que sentimentos e desejos já passei e ainda sinto quando penso no mistério que o universo nos impõe.Haviam se passado 5 anos desde a última lembrança de Nicholas Ferraz, o homem que o universo me ligou e em uma noite traiçoeira me tirou... Mas espera um minuto! Como eu posso ficar pensando nessas coisas estúpidas, já se passaram tantos dias, meses, anos... Sinceramente estou um verdadeiro turbilhão de emoções.

Mordo os meus lábios me sentindo frustada, sim! Frustada por estar no meu ambiente de trabalho e revivendo essas memórias. Já tentei de tudo nestes anos, esquecer, tentar novas amizades, relacionamentos amorosos... Mas o Nicholas ainda me assombra todas as noites, dias, segundos .... Estou ficando farta disso!

Sinto o gosto de ferro nós meus lábios e acabo percebendo a força que estava pressionando o mesmo por tanta frustração.
Mas quem eu posso enganar, eu não sou a senhora certinha, na verdade acho que nunca tive coragem o suficiente como tinha a família Ferraz, isso era uma coisa que sempre admirei.

E aqui estou eu, sentada em minha mesa esperando os meus pacientes... Com 25 anos poderia ser uma mulher determinada e corajosa, mas me sinto o oposto. Eu era uma adolescente quando partir com os meus pais e vim me refugiar na cidade grande, começar o grande sonho de papai. Ser médica nunca foi o meu sonho, sempre sonhei em ser uma fotógrafa famosa e bem reconhecida. Mas os planos do Sr. Moedeiros sempre foram o contrário.

Nasci em uma família bastante sucedida e reconhecida nas mídias sociais. A perfumaria de papai era um sucesso e todos nós éramos o centro dos holofotes. Tive uma infância como qualquer outra criança, mas o que mais me atraia nos finais da tarde era o pôr do sol da fazenda Ferraz. Era um lugar para toda família se divertir, não me cansava de tomar sol sentada na floricultura da dona Almira e até mesmo escutar o senhor José Alfredo cantar uma canção antiga de sertanejo.Me sentia tão viva e completa naquele lugar, que as lembranças hoje em dia me faz querer chorar.

Saiu dos meus pensamentos quando escuto a voz do meu assistente me chamando:

–– Senhorita Anne. O seu pai me pediu para avisá-la que está na recepção te esperando.

–– O meu pai? –– Acabo estranhando papai estar aqui a essa hora.

–– Sim. Ele disse que era importante.

O que seria de tanto importante assim, a ponto de o senhor ranzinza vim até o meu trabalho?

Me levanto da cadeira e sigo até a recepção para encontrá-lo.

–– Papai. O que veio fazer aqui? –– Pergunto lhe dando um beijo no rosto.

–– Oras. Eu não posso fazer uma visita a minha adorável filha?

Dou um sorriso para o mesmo que me estende a mão para me sentar ao seu lado.

–– Aconteceu alguma coisa com o senhor? –– Pergunto.

–– Não se preocupe comigo. Eu estou cem por cento ótimo. Desde aquele dia que seu amigo médico me receitou aquela vitamina me sinto como um adolescente, já voltei até a me exercitar.

–– Que bom ouvir isso... agora me diga, o que há de errado?
Pergunto arqueando as sobrancelhas e o vejo suspirar.

–– Bem, eu vim aqui pessoalmente por que preciso lhe contar uma notícia que vai te deixar bastante triste.

Pela sua expressão, algo de ruim vinha por aí.

–– O que houve papai? Você está me assustando. –– Começo a ficar nervosa.

–– O José Alfredo acabou falecendo há dois meses atrás e acabei de saber por um conhecido meu que acabou chegando de viagem.

Sinto as minhas pernas ficarem moles.

–– Meu Deus! O José Alfredo era uma pessoa tão boa... a dona Almira deve estar arrasada, e o Nicholas?O seu Zé era tão gentil e alegre. O meu coração acaba de ficar apertado com essa notícia.

Sinto o meu pai ficar um pouco incomodado quando falo o nome do meu antigo amor e sinto uma eletricidade tomar conta do meu corpo.

–– Eu não sei como você ainda fica mexida quando falo algo relacionado a esse rapaz, já faz tanto tempo...

–– Isso não importa agora pai. –– Digo suspirando. Espera aí, desde quando o senhor tem algo relacionado com a fazenda? Pelo o que eu sei não temos notícias de ninguém desde os 5 anos? Por que o senhor está se importando com os Ferraz agora?
Papai pigarrei limpando a garganta e eu sinto meu estômago se apertar de nervoso.

–– Eu tenho uma dívida com os Ferraz e você sabe que eu não quebro promessas filha.

Isso eu não poderia discordar. Desde que mamãe havia falecido, papai prometeu que iria ser uma pessoa melhor. Não que ele não seja, mas as vezes o seu preconceito o tornava uma pessoa hipócrita.

–– Que dívida seria essa? –– Pergunto estranhando.

–– Você verá quando retornarmos a fazenda.

Meu coração dá um pulo quando escuto aquilo.Nem se eu tivesse que sumir eu voltaria para a fazenda dos Ferraz. Eu causei muita angustia para todos. Não agir de maneira correta.

–– O senhor fala sério?

–– Nunca falei tão sério na minha vida querida.

***

Estava sentada no jatinho lendo um livro enquanto o nosso destino não chegava. Era tão estranho voltar para a fazenda depois de tanto tempo que chego a ficar nervosa de tanto pensar. Eu nem mesmo sabia qual seria a minha reação ao ver a dona Almira e até mesmo o Nicholas...Ah! Nick, como a sua aparência deve estar? Será que ainda é o mesmo? Será que ele tem uma esposa ou ainda continua solteiro? São tantas coisas que circulam em minha mente agora que já sinto a minha barriga doer de nervoso.E se realmente ele estiver casado com alguém?  Mas é claro que ele está com alguma sirigaita da cidade! Na minha lembrança ele era um homem lindo de morrer!!! Meus pensamentos me levam até a noite em que dormimos juntos. Aquele dia foi tão mágico que não poderei esquecer até o ultimo dia da minha vida! Sempre foi um rapaz generoso e ajudava todos das comunidades próximas ao vilarejo de São Conrado.

–– No que está pensando querida? –– Papai pergunta me tirando dos pensamentos.

–– Nada demais papai. Só estava me recordando de São Conrado. Como a cidade era linda iluminada... se lembra na época de São João?

–– Oh! Era mesmo divertido. –– Sorrio bebendo sua taça de vinho.

–– E como...

Falo baixinho.

–– Acho melhor você olhar na janela. –– Dito isso, olho para o lado de fora da cabine e vejo a cidadezinha de São Conrado se formar em minha visão.

Rapidamente coloquei o cinto, pois já iriamos aterrissar.

E se Ela Voltar? PARTE 1Onde histórias criam vida. Descubra agora