Capítulo 14

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CAPITULO 14 

Abro os meus olhos lentamente e vejo um clarão tomar conta do ambiente. Tento me levantar, mas sinto mãos grandes me segurarem com cuidado.

–– O que houve? –– Passo a mão na barriga e sinto um desconforto.

Olho para frente e vejo Nicholas e uma enfermeira me analisando.

–– Você acabou desmaiando. Ainda bem que a senhorita estava de plantão e não voltando sozinha para casa. Imagina se algo acontecesse?

Respiro puxando todo a ar do ambiente e vejo Nicholas conversar com a enfermeira, parecendo que eu estava invisível para esses dois:

–– O que ela tem? –– Pergunta sério e eu acabo ficando nervosa.

–– Pelo que tudo indica eu tive uma queda de pressão. Não precisa se preocupar. –– Falo tentando sair da cama, mas uma dor de cabeça me pegou por completo.

Vejo Nicholas revirar os olhos e olhar para mim com atenção:

–– Eu só saio daqui quando saber o que realmente você tem!

Assim que o mesmo termina de falar, escutamos um barulho na porta e vejo o doutor Ricardo entrando na sala.

–– Ricardo pelo amor de Deus, eu só preciso ir para casa. Você pode me liberar?

Peço unindo as minhas mãos em piedade e vejo um sorriso brotar em seus lábios.

Desde o primeiro dia que cheguei no hospital, o Ricardo foi um excelente profissional. Confio nele de olhos fechados.

Olho de relance e vejo Nicholas com a cara fechada. Afinal, o que ele ainda estava fazendo aqui?

–– Vejamos... –– Ricardo começa a analisar os exames. –– Pelo o que tudo indica, a sua saúde está em perfeito estado, só algumas elevações, mas nada de se preocupar. Você anda se estressando?

Pergunta e eu paro antes de responder. Vejo o semblante triste de Nicholas. Com certeza o mesmo estava se culpando.

–– Ando um pouco. Mas nada de se preocupar. –– Falo calmamente e vejo o sorriso de Ricardo sumir.

–– Com toda a certeza você está se estressando. Essa criança que está em seu ventre pode se prejudicar.

Quando o mesmo fala isso, quase caio para trás! Como assim criança?

–– Eu vou ser pai? –– Escuto a voz alta de Nicholas ecoar todo o hospital

***

A madrugada inteira passei tendo pesadelos, não conseguia dormir de jeito algum. Os meus olhos estavam inchados de tanto chorar, não sei como vai ser daqui pra frente, mas tenho a certeza que aquele cretino não me deixará em paz.

Depois de eu ter saído do hospital, Nicholas me deixou em casa e seguiu para a delegacia. Nós dois estávamos surpresos com a notícia, não tivemos a coragem de ter uma conversa madura agora, mas sei que o mesmo irá voltar para me atormentar.

Criei coragem para sair da cama e fui direto tomar um banho, estava cansada demais e ainda sonolenta. Entrei no banheiro e me olhei no espelho... nada tinha mudado ainda! A minha barriga estava lisinha e

em bora eu esteja com quase 4 meses, nenhuma diferença era notável. Resolvi olhar de um outro ângulo e acabo sorrindo, por incrível que pareça de felicidade. Pelo menos eu iria ter um anjinho ou uma anjinha perto de mim, não ficarei sozinha agora. Iria encarar daqui para frente os meus novos obstáculos de cabeça erguida. Por mais que eu tenha sido irresponsável, um filho sempre era uma benção.

***

Mais tarde na fazenda, ajudei a dona Almira preparar os bolos para a festa que irá acontecer no vilarejo. A cada ano, a fazenda dos Ferraz fazia uma festa beneficente para os moradores humildes do vilarejo. Todos estavam animados, havíamos arrecadado quase o triplo do valor estimado.

Vendo todos esses bolos na minha frente, a minha barriga já roncava de fome. Ainda não tinha tomado café e a minha cabeça já explodia sem a falta da cafeína.

–– Filha, estou de achando um pouco calada. –– Dona Almira fala baixinho e eu suspiro sentindo o cheiro de bolo de milho.

–– Eu? Imagina. –– Falo mordendo os lábios.

–– Eu sei que você ainda anda meio chateada com o Nick, mas escutei a voz dele ontem à noite. Por acaso vocês se entenderam?

Fico um pouco pensativa, mas era difícil de esconder algo desta velha.

–– A senhora tem razão. O Nicholas me trouxe para casa ontem porquê... houve um acidente na estrada e acabamos nós cruzando, já era tarde da noite também, só foi um pequeno favor.

–– E não teve reconciliação?

–– Não. Eu não penso em me reconciliar com o seu filho.

E se Ela Voltar? PARTE 1Onde histórias criam vida. Descubra agora