Ela se aproxima a passos médios e calculados com seu salto alto até chegar em mim, onde se encosta na mesa e nos enrolamos em um beijo. Ela não questiona quando acaricio suas pernas nuas e nem quando envolvo seu corpo com as mãos. Mas se veio atrás de mim, interrompendo meu minuto de ficar sozinho, certamente tinha algo a dizer.
— Eu pedi para ficar sozinho.
— Desculpa... nunca fui boa em deixar as pessoas sozinhas quando sei que elas precisam de alguém, seja para trocar uma palavra de conforto ou um beijo — ela me beija novamente, envolve meu pescoço, mas logo cede, permanecendo na mesma posição. — A notícia lhe foi devastadora, não? Sei bem o que é comemorar as felicidades e logo depois ser atropelado pela dor da decepção.
— É um jogo cruel, Mazie. Eu achei que estava pegando o jeito com as crianças e então chega Ewan Rodney com um documento que atesta que ele é o pai e que vai leva-las daqui. Eu sou trucidado numa prova que seria a minha única chance de ser visto como adulto para tentar ganhar dele, mas então a minha mãe chega e renova as minhas esperanças. De repente o homem chega acreditando que vai conseguir a paz entre nós e praticamente um dia depois disso declara guerra mostrando o quão mais preparado está; e usando todas as suas armas para me destruir — eu apontei um dedo para ela. — Mas ele não vai vencer, Mazie... isso é uma questão de honra agora.
— Vocês homens são tão competitivos as vezes.
— Eu só não gosto de perder... e para mim essa seria a derrota mais vergonhosa da história. O que pensaria o meu pai se me visse desse jeito? O que Ivalice acharia de mim se visse que entreguei os seus filhos; seus bens que valem mais do que todas as joias dela, a um cara que para ela foi só um caso?
Mazie desencostou da mesa.
— A pergunta que deve se fazer realmente é: o que você acha de tudo isso, Sullivan Oliver? — ela pegou a minha mão. — Adorei as flores, ela são lindas — e então sorriu um pouco. — Agora eu preciso mesmo ir, tenho que voltar ao trabalho, mas só vou se você tiver a resposta para o que acabei de perguntar.
— O que eu acho de tudo isso?
— Sim.
A verdade maior era que eu não tinha uma resposta exata a pergunta de Mazie, uma mescla de ódio fundida a vontade de me provar melhor que Ewan é o preenche o meu amago com uma energia escura, estranha, ameaçadora. Ele é uma ameaça para mim, assim como eu sou uma ameaça para mim mesmo enquanto não me olhar para o espelho e dizer o que eu acho de outro homem estar roubando de mim o que deve ser meu.
Na última vez eu dei um soco no queixo do jogador de Hookey. Dessa, eu não sei o que fazer.
— Eu não sei.
— Encontre a resposta e você será conquistador de tudo. Olha só, faz parte da minha profissão dar conselhos a jovens, e o que eu te dou é; resolva uma coisa por vez, com foco nas suas prioridades, só assim você será pleno e feliz, como eu.
— Como pode ser feliz depois de ter perdido tanto, Mazie? Você me entende melhor do que ninguém, sabe que a única felicidade possível está na conquista e na vitória.
Ela se aproximou.
— Você quer vencer, Sullivan, é o que te move e uma doutrina dada pelo seu pai, ao que me contou sobre ele. No entanto eu sou diferente. Perder a minha filha me tornou indestrutível aos meus olhos, eu nunca perco, sempre conquisto o que quero e, acima de tudo, simpatizo com quem tem esse poder porque me faz acreditar que os limites estão em nós mesmos, sempre. Eu adoro vocês três, isso faz parte da minha felicidade; estar aqui novamente.
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Sullivan, o Jovem Tutor
Teen FictionPerdido com os rumos da vida pós-ensino médio, Sullivan Oliver sonha em ser um grande escritor. De família humilde, o jovem com mentalidade de adulto vê a vida pacata se transformar do dia para a noite quando, sozinho, herda uma difícil tarefa: cuid...