Eu queria voltar a ser criança de novo.
Queria sentir a energia explosiva de Olivia Landyn irradiar através do meu corpo e se dispersar através da minha perna na forma de velocidade, energia, força e entusiasmo. Nunca vi uma menina acordar de forma tão disposta quanto ela, que comparada tanto ao irmão quanto a mim, era como um sol recém-nascido.
Ela ajudava Dália a preparar o desjejum num moderno fogão que ficava hospedado em uma moderna cozinha num dos muitos cômodos da casa. Ela era larga, aberta, tinha um par de saídas de ambos os lados e muitos dos mais bonitos moveis que já vi. Na parte debaixo havia uma mesa circular para oito pessoas, um modulo com uma televisão acoplada na parede, um par de fornos industriais no lado direito e uma ilha a frente do trio de escadas que separava esse da parte de cima, onde havia uma infinidade de armários próprios de cozinha e um fogão ao fundo.
— Olivia, não corra na cozinha, querida, você vai cair com esses pratos e se machucar!
Igual Ivalice dizia.
— Não se preocupa, Dália, eu tenho asas, posso voar!
A referência as asas certamente devia ser ao adorno de asas rosas colado nas costas do uniforme preto e branco dela.
— Vai acabar machucando o nariz de novo — com as mãos apoiando o queixo, Ullises observou cautelosamente a irmã.
E então ela sujou o cabelo dele com uma colherada de purê.
— Ei! — Dália clamou.
Eu levantei a cabeça, atento.
— Ela sujou meu cabelo lindo!
— Olivia, fala sério — cobrei. Puxei um guardanapo e o limpei o quanto pude. Ele cruzou os braços. — Você pode sentar na mesa e tomar o seu café como uma mocinha?
Ela deu de ombros, mas acho que levou ao pé da letra quando literalmente pulou na mesa, derrubando o purê cheiroso de Dália.
— Dios mio... — reclamou ela.
A garotinha enfim se esgotou, limpou as mãos sujas no uniforme.
— Ela é sempre tão agitada?
— Nem todo suco de maracujá acalma ela — Dália recuperou o prato de vidro estilhaçado. — Para o Ullises eu tenho que colocar café puro para ele ter energia e não dormir no meio da aula e para Olivia tenho que fazer o suco de maracujá puríssimo para deixar ela mais calma e não deixar a professora com dor de cabeça.
— Café puro é horrível — disse Ullises, discordante.
— O que você vai comer, Sullivan? — perguntou Olivia, ajustando-se na mesa por fim.
— Essas panquecas parecem boas — me servi com algumas, coloquei mel e creme. Esse último ingrediente arrancou um olhar arregalado de Olivia. — O que foi?
— Você coloca creme na panqueca?
— Sim — olhei entre eles. Ullises dividiu a sua com faca e garfo como um cavalheiro e comeu. — Vocês não?
— O creme é para o café. Ai, é horrível!
— Você já experimentou?
— Olivia não gosta de leite, sempre diz que jogaram tinta na agua e que se tomasse ia ficar branca como ele — citou Dália.
Eu ri. Ullises riu um pouco.
— Coloca um pouco, Olivia. Eu juro que você não vai ficar mais branca.
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Sullivan, o Jovem Tutor
Novela JuvenilPerdido com os rumos da vida pós-ensino médio, Sullivan Oliver sonha em ser um grande escritor. De família humilde, o jovem com mentalidade de adulto vê a vida pacata se transformar do dia para a noite quando, sozinho, herda uma difícil tarefa: cuid...