Prólogo

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Algumas pessoas acreditam que sair da zona de conforto é a chave para superar obstáculos na vida, e que enfrentar o seu medo é a coisa mais reconfortante e libertadora que existe. No entanto, nem sempre é assim para todos. Enfrentar os demônios do passado pode ser uma jornada perturbadora e angustiante.

Naquela manhã, a matriarca da família Cullen lutava para compreender o porquê se despedir de seus filhos e de seu marido era tão dolorosamente perturbador. Correndo pela floresta com desespero e dor percorrendo suas veias, ela percebeu que essa despedida era apenas um aviso do perigo iminente.

Quando a voz de seu perseguidor ecoou, prometendo encontrá-la, seguida por uma risada pavorosa, a mulher, tomada pelo desespero, fez a única coisa que estava ao seu alcance, apressar mais os passos e se aprofundar mais na floresta sombria. A escuridão não era problema para ela, as habilidades que sua condição lhe trouxe foram muito úteis, fazendo-a desviar das árvores e troncos de maneira ágil e habilidosa.

Em um momento de sua intensa corrida, quando o silêncio prevaleceu, a jovem mulher sentiu uma ponta de esperança. Será que seu perseguidor desistiu da vingança insana? Teria ele finalmente percebido que ela não era responsável pelo que aconteceu? Talvez seus filhos e parceiro tivessem intervindo. Será que sua pequena vidente teria previsto que isso aconteceria? No entanto, esses pensamentos a deixaram vulnerável, e antes que percebesse, foi lançada para longe. Como não o notei chegando? Essa pergunta ecoou em sua mente quando se recuperou do impacto, mas todos os outros pensamentos desvaneceram quando seus olhos encontraram os dele. Nem mesmo o som da árvore que quebrando conseguiu desviar sua atenção do ser sórdido a poucos metros de distância.

— Você realmente achou que poderia se esconder para sempre? — Por um momento ele realmente pareceu genuinamente curioso, mas a expressão logo se transformou em um sorriso sombrio. Seus dentes brancos brilhavam à medida que suas presas afiadas eram expostas, tornando-o assustador. Seus olhos cheios de ódio analisavam meticulosamente a bela mulher acuada, como um predador observando sua presa assustada. Isso parecia excitá-lo, o homem desequilibrado gostava de brincar. — Coelhinha, você me deixou muito irritado. — O Demônio, como ela costumava chamá-lo, se aproximou vagarosamente, ciente do efeito que exercia sobre ela, sabia que fazia seu corpo congelar de uma forma que facilitava tudo o que ele desejava fazer.

— Fique longe! — Ordenou ela, mas sua voz falhada e seu medo apenas o atraíam mais. A matriarca se odiava por ser tão fraca quando se tratava dele. As memórias que tanto lutou para esquecer, as mesmas que a deixou insegura por tanto tempo, voltaram como uma enxurrada, trazendo de volta tudo o que ela havia superado com muito custo.

— Adoro quando você finge ser corajosa. — O homem tocou uma mecha de cabelo, aproximou seu rosto do pescoço da mulher e aspirou profundamente. — Adoro seu cheiro de coelhinha assustada.

— Por favor, só me deixe em paz. — Suplicou ela, com as unhas cravadas na casca da árvore. A jovem mulher não conseguia se mover, seu corpo inteiro estava completamente parado, incapaz de emitir qualquer sinal de movimento. Se fosse humana, seu coração certamente estaria batendo enlouquecidamente. Era assim que ela se sentia toda vez que ele se aproximava, e ela pensou que havia se livrado dele.

— Deixá-la em paz? O que se passa nessa sua cabecinha inútil? — Perguntou entredentes, enquanto seu dedo indicador batia no topo da cabeça da matriarca, fazendo-a se encolher. — Como pôde pensar em ser feliz quando tirou tudo de mim?

— Eu não fiz...

— FEZ! — O pequeno corpo paralisado tremia conforme ele ficava mais furioso. — Você tirou tudo de mim, eu me tornei essa aberração por culpa sua!

Em um momento de distração, a mulher encontrou uma oportunidade de fuga quando ele se virou de costas, mas é claro, ele esperava por isso. Quando ele conseguiu agarrar seu delicado pescoço, ela sentiu sua vida passar diante de seus olhos. Ele sorriu vitorioso, porém ruídos alcançaram seus ouvidos, e o terror tomou conta de seus olhos vermelhos. Por um instante, ela se permitiu sorrir. Suas pequenas mãos agarraram o pescoço dele e apertaram, mas infelizmente ela era mais fraca do que ele, aparentemente sua dieta peculiar a deixou em desvantagem.

À medida que os passos se aproximavam, ele começou a entrar em desespero, e por mais que matá-la não estava em seus planos no momento, ele percebeu que seria a única forma de não ser pego. Com ela viva, poderia compartilhar sua descrição com a família e amigos. Ele conhecia o ex major tempo suficiente para saber que ele, juntamente com a pequena vidente e o próprio médico, não o perdoariam por ameaçar um membro tão importante da família.

A coelhinha sentiu o aperto em seu pescoço se intensificar, e ela sabia que suas chances de sobreviver eram mínimas. No entanto, seu instinto de sobrevivência falou mais alto, levando-a a apertar os pulsos do agressor. Percebendo que ela poderia arrancar suas mãos, mesmo com uma delas ainda pressionando o delicado pescoço, rapidamente ele se livrou da mão esquerda e, em seguida, da direita.

— Sinto muito, querida, mas não posso permitir que você seja feliz enquanto eu sou condenado a viver como uma aberração. Além disso, se não posso tê-la, ninguém poderá. — O homem sorriu sombriamente. Não demorou muito para que ela sentisse e ouvisse seu pescoço se partir, e o tempo foi ainda mais curto para que sua cabeça fosse separada de seu corpo. Mesmo desmembrada, ela ainda podia sentir seu corpo sendo consumido pelas chamas que ele havia acendido. Sabia que o veneno logo abandonaria por completo sua mente, e ela perderia sua vida literalmente. No entanto, naquele momento, não havia mais nada que pudesse faze

Enquanto sufocava pela falta de ar, a vampira pôde vê-lo fugir, deixando-a para trás. No silêncio da mata, o único som que se ouvia era o crepitar do fogo que devorava partes de seu corpo. Ela sentia o calor se aproximar de sua cabeça, a última parte de seu corpo que ainda permanecia intacta. Ah, como ela desejou que tudo isso fosse apenas um pesadelo do qual acordaria para ver sua família novamente. No entanto, os passos se aproximavam cada vez mais, e ela desejava que o fogo a envolvesse rapidamente. Não queria morrer, não se sentia pronta, mas não suportaria vê-lo olhando para ela naquele estado. Seria melhor se não restasse mais nada quando ele chegasse. E como se para mostrar que alguém ainda a ouvia, o calor alcançou a parte de trás de sua cabeça. Com seu último desejo, ela pensou em sua família e pediu em pensamento para que seu pequeno telepata, se estivesse ouvindo, soubesse o quanto ela os amava e que voltaria para eles.

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O Amor Me Trouxe De Volta - Carlisle Cullen (REESCREVENDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora