Invisible Chains - Calzona

VI - It's not easy

Já haviam se passado 3 horas desde o fim do expediente, mas todo o esquadrão permanecia no trabalho. Eles iriam passar a noite inteira na delegacia, trabalhando no caso. Isso acontecia mais frequentemente do que eles gostariam, pela quantidade de casos complexos que eles recebiam. Não era como se isso acontecesse diariamente, mas umas 3 vezes por ano não era incomum. No momento, estavam todos espalhados pela delegacia, estudando e se inteirando do caso, assim como conversando e especulando sobre diferentes teorias.

Arizona estava na sala de descanso, coberta de arquivos de casos antigos de crimes da família Palermo, estudando-os avidamente. April lhe fazia companhia.

- Nunca vi uma execução dos Palermo em que eles deixassem uma coisa tão importante como um dedo pra trás. Isso definitivamente foge do MO¹ deles. - Disse April, folheando os arquivos.

- Porque não foi uma execução. - Arizona respondeu, sem tirar os olhos das pastas - Griffin está vivo. Eu tenho certeza disso.

April olhou para Arizona. Normalmente, quando tinha essa quantidade de segurança na voz, ela estava certa. Mas tinha outra coisa que a incomodava.

- E aí, quando é que a gente vai ter a conversa sobre seus últimos comportamentos? - Perguntou April, fechando um arquivo e pegando outro da pilha interminável de pastas que elas tinham em cima da mesa. Arizona suspirou.

- April...

- Não, nem comece. - April a olhou com firmeza - Você realmente achou que não íamos conversar sobre esses surtos que você tem tido?

A relação de April e Arizona era de um cuidado enorme, e isso também incluía sermões e conversas sérias quando necessário. Sempre que Arizona perdia a linha e ia longe demais, era April que chamava sua atenção; assim como, quando April perdia a cabeça, como no período em que se viu confusa com sua fé e se afundou numa espiral de escolhas erradas, era Arizona que a gritava de volta à razão. Era, verdadeiramente, um relacionamento fraternal, com todos os prós e contras que isso carregava consigo.

- Eu fui impulsiva, sim. - Arizona admitiu.

- Não, você não foi só impulsiva. - Corrigiu April, usando aquele tom que mães usam normalmente quando o filho desobedece pela milésima vez - Você foi arrogante. Irresponsável e egoísta.

- Nossa, como você está fofa hoje. - Arizona ironizou, amarga.

- Alguém precisa falar as coisas do jeito que são pra você, Arizona. Ainda meteu Alex, Amelia e Jo na história. Você precisa pensar nas consequências dos seus atos antes de sair atirando pra tudo quanto é lado.

Arizona suspirou, passando as mãos no rosto. April nunca poupava palavras quando se tratava de uma intervenção; era direta, sincera, curta e grossa. Arizona sempre fora grata a isso, porque justamente por April ser a única que tomava a liberdade para falar as coisas pra ela sem dourar a pílula, ela era a única que Arizona realmente escutava.

- E nem me faça falar sobre a sua atitude com a novata, Torres. - April voltou a folhear os arquivos enquanto Arizona a olhava com um ar inflado de indignação.

- Ah, não. Isso não. Você pode brigar comigo sobre qualquer coisa, mas não sobre isso.

April apenas a olhou, as sobrancelhas seguidas.

-  A menina mal chegou e ficou de exigências! - Arizona começou a se justificar - Ficou crescendo pra cima mim, toda cheia de direitos! Foi por causa dela que todo esse caos se instaurou, de início.

- Quantos anos ela tem? - April perguntou de repente, pegando Arizona de surpresa. Ela piscou algumas vezes.

- Quê?