4. Alexis Donavan

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All the drugs, these feels, they got me so

Fucking high, and low, yea all alone

Wonder why, can't I, just let you go

- Payphone, AFTRHOURS


— Aí, da para não assoprar na minha cara? — Bash pergunta, em um murmuro hostil.

O moreno está quebrando ovos na frigideira enquanto eu fumo um cigarro encostada na pia da cozinha. Estou esperando a cafeteira velha terminar de fazer o meu expresso enquanto balanço os pés impacientemente.

— Não te incomodava antes. Você não devia ter parado de fumar. — eu sopro.

Ele não responde, ao invés disso, ergue o braço e tira o cigarro dos meus lábios.

Ele o apaga na pia.

— Sério? — eu pergunto, o encarando.

Ele me lança um olhar. Aquele olhar que ele me lança pelo menos umas 3 vezes por dia.

— Sério.

Eu rolo os olhos e giro o meu corpo para pegar uma caneca.

— Eu gostava mais de você quando era um fumante.

— E eu gostava mais de você quando só te via umas duas vezes por semana.

Eu franzo o senho.

— Uau, isso foi rude.

Ele ignora e desliga o fogo.

Eu pego o meu café e me sento na pia da cozinha.

Esse também costumava ser o meu apartamento há 8 meses atrás. Me mudei com Pete, meu ex namorado e antigo colega de apartamento de Bash.

Moramos os três juntos por uns 6 meses, até que eu tive um recaída e fui presa. Eu e Pete terminamos na mesma época, na verdade, na mesma semana em que isso aconteceu.

Eu tive que voltar para a casa da minha mãe. Isso foi ordem do juiz também.

Mas as vezes as coisas ficam muito difíceis em casa. Quando a minha mãe me sufoca e eu preciso de espaço, vou para o apartamento.

Pete ja não está mais aqui, ele se mudou tem pouco mais de um mês com uma garota aí.

Apesar de não pagar mais aluguel, ainda tenho a chave. E Bash nunca a pediu de volta.

Fale o que quiser de Bash, mas ele é um cara maneiro. Um amigo decente.

Não tive tantos amigos ao longo da vida. Tive colegas e conhecidos. Mas os que tive, sempre foram homens.

Às vezes, tenho curiosidade de saber como seria ter uma amiga.

Mas jamais diria isso em voz alta, pareceria patético demais.

— Ei, Alex. — levanto o olhar e encontro Ginna saindo do quarto de Bash.

A morena de olhos azuis está amarrando o cabelo e as roupas estão amaçadas. Ela parece estar com pressa.

— Ei. — murmuro, depois de dar um gole no meu café forte.

Deus, amo cafeína.

Juro por Deus que se não fosse a cafeína, não duraria três dias sem álcool, drogas ou sexo.

— Valeu, Ginna. — Bash diz, sentando ao meu lado com um prato de omelete.

— É um prazer. — ela responde com um meio sorriso nos lábios, já perto da saída.

11:45Onde histórias criam vida. Descubra agora