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3. Finch Conhard

I feel like I'm drowning

Aahh drowning

You're holding me down and

Holding me down

Killing me slow

I Feel Like I'm Drowning, Two Feet

Ela tá usando botas de couro com saltos grossos. As calças jeans são largas em seu corpo magro e um tanto surradas. Seu cabelo escuro está preso de forma desleixada em um rabo de cavalo baixo. Um cigarro pende em seus lábios.

Ela está conversando com uma garota e um garoto, perto do muro de pedras do prédio.

Eu estou encarando, sei disso, mas mesmo ciente, não desvio o olhar.

Ela é o tipo de garota que você tem dificuldade de tirar os olhos.

Ela é muito...única.

Ela me pega encarando e eu arrasto o meu olhar de volta para os arredores do campus.

— Ei, príncipe de gelo, tá me perseguindo?

Eu a encaro, que agora está andando ao meu lado. Ela não é baixa mas é uns sólidos dez centímetros mais baixa que eu.

Ela já não está mais fumando, mas consigo sentir o cheiro de tabaco nela. É extremamente forte.

— Tecnicamente, você que está atrás de mim.

Ela me encara com o olhar sagaz e sarcástico.

— Foi uma piada. As conhece? Geralmente servem para rir.

Ela tem um ar extremamente confiante. Que é irritante e ao mesmo tempo inegavelmente sexy.

Eu ignoro o comentário esperto.

— Pedi transferência, é o meu segundo dia aqui.

Ela assente e desvia o olhar de mim.

— Já fez muitos amigos?

Eu penso por um segundo nos meus últimos dias aqui. Nas pessoas com quem conversei brevemente. Fui educado, mas não simpático. Não estou ativamente procurando por amizades. Não estou procurando por nada, na verdade.

— Acho que não. Está se candidatando? — ergo sutilmente a sobrancelha, entrando no seu jogo.

Ela gosta.

Nosso passo diminui e ela praticamente para aonde está.

Um sorriso cheio de interpretações cresce lentamente em seus lábios cheios e ela me encara.

— Ah, não. — seus olhos escuros brilham em alguma diversão particular, da qual não sou convidado. — Definitivamente não somos amigos, garoto anjo.

Há algo em seu sorriso e principalmente na forma em que ela diz essas palavras que ao mesmo tempo em que me puxa em direção a ela, faz com que eu queira me afastar.

Ela é um mar raivoso. Te puxa e te envolve. Há trovões por toda parte e a corrente é forte demais. É patético demais sequer lutar contra depois que está dentro.

Você não precisa de mais de um minuto para ver. Para entender. Eu vi no segundo em que coloquei os olhos nela no dia anterior, no círculo da superação.

Ela é o tipo de garota que você pula fundo e não volta mais a superfície.

Ela te afoga e eu já to cansado de lutar para respirar.

— Até mais, Alexis. — eu digo, voltando a andar.

— Até. — ela cantarola. Há humor em sua voz, talvez até escárnio.

Eu vou embora, me distanciando da água.

(...)

Vou direto para casa. Tentar manter a rotina é crucial. Pelo menos foi o que me disseram.

Vou a pé, como sempre.

Abro a porta e deixo as chaves em cima da mesinha ao lado da entrada. Vou até a cozinha e encontro o meu pai cortando verduras na pia.

Ele levanta o olhar e me vê, então volta a cortar.

— Estava na faculdade?

— Sim. — minha resposta é tão seca quanto a sua pergunta.

Ele não diz mais nada. Não se importa com nada além e fico aliviado de não ter que estender o assunto.

Pego uma lata de refrigerante na geladeira e subo para o meu quarto.

Passo pela porta do quarto de Bella, está entreaberta. Ela está sentada no chão ao lado da cama. Há papéis espalhados e canetas coloridas ao seu redor.

Ela ergue os olhos azuis para mim.

— Quer desenhar comigo, Finch?

— Agora, não.

Ela continua me encarando, seu olhar meio decepcionado.

É difícil dizer não a ela. Ainda mais, dessa forma, a encarando. É impossível. Chega a ser odioso.

— Mas depois do jantar vamos desenhar todo o reino de Frozen.

Seu sorriso se torna enorme, e isso só faz com que eu me sinta pior.

Eu sorrio de volta.

Sigo para o meu quarto e fecho a porta atrás de mim. Deito na cama, e com os olhos fechados, escuto o barulho das ondas quebrando no mar.