Alguém se aproxima

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Ava despertou aos poucos, saindo do sono tranquilo em que se encontrava e aproveitando a sensação de calor que a envolvia; um toque em seu braço fez com que abrisse os olhos, alarmada por haver outra pessoa ao seu lado quando dormia sozinha todas as noites, só para perceber que se encontrava na beirada da cama para acomodar Avril e Sara completamente esparramadas no espaço restante.

De repente tudo voltou muito rápido: Avril doente, o choro, a sensação de estar perdida sem saber o que fazer, Sara aparecendo no meio da noite, Sara afirmando que ela era uma boa mãe, Sara a beijando...

Ela havia beijado Sara primeiro, a mulher esperara por seu movimento e retribuíra o beijo de uma forma tão terna que Ava jurava ser impossível.

Ava havia, de fato, beijado Sara Lance, a irritante capitã das lendas e mulher que tentava a todo custo permanecer sob sua pele e fazer de sua vida um inferno. Oh, Deus... Por que ela havia feito aquilo? Ela não podia perder sua sanidade com outra pessoa?

Sentindo-se hiperventilar, Ava tinha certeza que estava próxima a um ataque de pânico, mas então Avril a tocou de novo ainda adormecida e ela voltou sua atenção para a menina; o rostinho estava tranquilo, sereno, a própria imagem de um anjo repousando, mesmo que de anjo tivesse somente a aparência. Ava a tocou na testa para sentir sua temperatura, resolvendo se preocupar primariamente com a saúde da filha, a pele emanava o tipo de calor que vinha do sono, mas sem sinal de febre ao que ela suspirou aliviada.

Avaliando o quadro completo, percebeu que Avril e Sara dormiam exatamente do mesmo jeito: de bruços, pernas abertas, um braço sob a cabeça e o outro estendido. Era meio – completamente – fofo.

Ao olhar pela janela percebeu que o céu ainda era escuro e, mesmo acordando muito cedo nos dias de trabalho, resolveu que poderia muito bem dormir mais um pouco antes de se preparar para o dia. Aos poucos, caiu em um sono tranquilo, porém superficial.

Quando acordou novamente, foi pelas risadinhas e sussurros vindos do outro lado da cama e Ava não abriu os olhos imediatamente dessa vez, temendo encarar Sara assim que o fizesse.

- O que você quer, heim?

Por um breve momento Ava achou que a pergunta feita em voz baixa fosse dirigida a ela, mas uma risadinha da menina deixou claro com quem Sara estava falando.

- Na-da!

- Nada? – Sara insistiu.

- Só você.

Ava não estava com ciúmes da declaração, pelo menos não deveria, afinal de contas sua filha estava na sua cama afirmando que só queria a outra mãe. Abriu os olhos para a cena que derreteu seu coração e fez com que esquecesse momentaneamente o sentimento mesquinho; Sara amassava e dava beijos estalados no rosto de Avril que ria com a chupeta pendendo em sua boca.

- Oh, não. Olha só, você acordou a mamãe.

- Você – a menina resmungou.

- Eu acordei mamãe?

- É.

Sara tirou a chupeta da filha só para fazê-la rir mais, então a devolveu só para tirar e fazê-la gargalhar. Repetiu a ação mais três vezes, rindo junto da filha.

- Ela é como uma boneca – explicou beijando a menina novamente – Só que ao invés de chorar, ela ri.

Ava sorriu quando Avril roubou sua chupeta de volta e a enfiou na boca em um gesto desafiador, foi o bastante para Sara fazer cócegas em sua barriga e arrancar gargalhadas e gritinhos felizes.

- O monstro de cócegas ataca novamente! – Sara grunhiu imitando a voz do monstro – E vai fazer cosquinhas nessa menininha linda para sempre!

- Não mamãe! – Avril ria e se contorcia – Mamãe! Ajuda, mamãe!

Back to the Future (fanfic Avalance)Onde histórias criam vida. Descubra agora