Aproximações

5.1K 392 516
                                    

Sara estava sonhando, não um pesadelo com a ilha ou os fatos sombrios sobre seu passado, não um bom sonho, mas um sonho muito bom que era todo sobre lábios gentis e toques quentes, sobre fios loiros e sedosos que pareciam se estender infinitamente num espaço finito. Não pode ver seu rosto, mas sua risada era tão ínfima quanto avassaladora. Não tinha ideia de quem era aquela a dominar seus sonhos, a entrelaçar os dedos nos seus e guiá-la como se não houvesse mais nada no mundo, como se fosse o próprio mundo de Sara.

Dedos menores e menos gentis tocaram seu rosto, no começo um toque, logo dois e ficando cada vez mais impaciente fazendo Sara se afastar a contragosto de seu sonho; ainda assim não desejava se mexer, poderia muito bem aproveitar a sensação mais um pouco.

- Mamãe...

A voz e o sentido da palavra lhe despertaram certa urgência, como um aviso de que havia algo requerendo sua atenção imediata, mas ao mesmo tempo uma parte de seu cérebro afirmava que não havia nada com o que se preocupar.

- Mamãe, acorda – a vozinha voltou – Tá na hora de acordar!

Aquilo fez Sara pular na cama, finalmente acordando com um susto, para encontrar uma Avril muito desperta esperando por ela.

- Avril – gemeu – Ainda é cedo, volte a dormir.

- Mas eu tô acordada.

Sara olhou para o relógio em seu celular e gemeu mais uma vez, ainda não eram 7 da manhã e a menina já a aguardava de forma ansiosa, devia ser por isso que os pais sempre reclamavam sobre a falta de sono.

- Vem aqui – puxou a menina para se deitar ao seu lado – Precisa dormir mais um pouco.

- Perdi a mimi.

A mimi de novo. Sara não tinha ideia do motivo pelo qual a filha chamava a chupeta daquela forma ou porque ela ainda usava a chupeta para o começo de tudo, mas uma vasculhada rápida sob o travesseiro foi o suficiente para resgatar a coisa e possibilitar seu retorno ao sono merecido. Tentou fazer o mesmo que Ava e deitou Avril ao seu lado, acariciou seu rostinho e os cabelos, mas nada dela sequer fechar os olhos e Sara tentou não sentir ciúmes (Ava pareceu fazer aquilo com tanta facilidade).

- Mamãe... – a menina murmurou de forma enrolada e então bocejou – Sonho...

- Bons sonhos.

Sara deixou a mão escorregar e passar pelas costinhas da filha, acariciando de forma leve; sorriu ao perceber que Avril relaxou instintivamente e fechou os olhinhos, pronta para voltar a dormir. Sara fingiu estar dormindo, mas continuou acariciando as costas da filha e cantarolou baixinho uma canção indefinida com a esperança de Avril voltar a dormir.

- Mamãe foi trabalhar?

- Foi sim e se você dormir mais um pouquinho, como uma boa menina, nós vamos ligar pra ela mais tarde.

Avril não disse mais uma palavra e Sara tentou não sentir ciúmes novamente pela simples menção de Ava a fizesse se calar e tentar dormir. Rapidamente caiu em um sono sem sonhos, tranquilo, mas apenas superficial e ainda muito consciente da mãozinha que pousou em seu peito e ali permaneceu.

Infelizmente a paz não durou muito e a próxima vez que acordou uma hora mais tarde, Avril estava sentada sobre sua barriga e sorrindo com sua façanha. 

- Acordei de novo! 

- Estou vendo - gemeu - Que tal tentar dormir mais um pouco?

- Não, já dormi e agora meus olhos estão abertos ó.

A menina arregalou os olhos para demonstrar como estava acordada ao perceber que Sara não esboçou nenhuma reação. Ela realmente merecia uma filha com tanta energia que iria fazê-la passar pelas mesmas coisas que infringiu a sua pobre mãe?

Back to the Future (fanfic Avalance)Onde histórias criam vida. Descubra agora