Cap. 05 Memorial

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Anísia Splendore

Se encarregue de devolver tudo o que já lhe fizeram e não esqueça de uma miserá moeda.

Depois de uma semana sem aulas, enfim recebi um comunicado da universidade.

"Caros Alunos,
Trazemos dois grandes anúncios.
Primeiro, infelizmente a reconstrução do Campus ainda levará 24 dias, o que torna inviável a possibilidade de aulas presenciais até lá. Por gentileza, mantenham-se atentos aos e-mails dos vossos mentores, pois será disponibilizado artigos científicos para deveres online.
Segundo, de demasiada importância amanhã às 11h30 acontecerá o ultimo memorial póstumo em nome dos nossos queridos colegas e amigos. O endereço se encontra anexo com o mapa do local, contamos com todos os gestos de carinho neste momento. Quem puder, gentilmente vá de branco.
Desejamos votos de saúde e recuperação a todos.
Cordialmente,
Direção Acadêmica de Kentank"

Essa mensagem deixou um gosto metálico de tristeza na boca. - Não resistiram ao incêndio... - Flashes pesarosos de muita fumaça e fogo passavam pela minha cabeça. As diversas emoções ao lembrar do momento me traziam uma sensação estranha de frio na espinha cervical.

— Aní... Mundo chamando Aní... Quer pizza de 4 queijos? — Surgiu Talisha subitamente desvanecendo meus pensamentos.

Sim, ela já havia retornado da Itália. Apesar de estar um pouco inquieta, estava em casa, o que me deixa muito confortável.

— Hmmmm, você leu a minha mente. Muito queijo derretido, céus. Por favor, Tali. — Levantei-me da cadeira, fechei o notebook e sorri. — Podemos pedir uma pizza doce também, né? Estamos passando por tempos difíceis, precisamos de medidas extremas.

— Combinado, Srta. Desculpinhas... Já estou ansiosa para saber qual será a desculpa da semana que vem. — Erguendo uma das sobrancelhas enquanto fingia incredulidade e saiu do escritório com o celular encostado a orelha, certamente já estava ligando à pizzaria.

Fiquei nas pontas dos pés e levantei os braços para me alongar após passar tanto tempo na frente do notebok, quando, meu celular vibra. Curiosa e ainda nas pontas dos pés, me inclinei levemente à mesa para ver do que se tratava a notificação.

"Boa noite, Anísia. Este numero é meu, Gasper Dahoman. Como não me dirigiu nenhuma mensagem depois daquele dia, tomei o conhecimento do seu numero no cadastro do hospital. Como está? Não deveria deixar alguém que lhe acompanhou tanto tempo sem pelo menos uma mensagem informando que está viva."

 Ou, ou, ou. Farabutto!  Neste momento me distrai dos movimentos do alongamento e num desequilíbrio, cai para o lado enquanto balançava meus braços.

— Por Deus, quem está chamando de filho da puta, Anísia? — Apareceu à porta assustada. — Como caiu aí em? — Balançando a cabeça negativamente, Talisha ajudou-me a levantar.

— Ai, ai. Não foi nada demais, me assustei com meu próprio reflexo na janela enquanto me alongava. Esta tudo bem, juro. — A olhando assustada, me recompus e alcancei o celular enquanto a espiava voltar para sala.

Quando tive certeza que já estava sozinha, comecei a respondê-lo. Digitei diversas frases enquanto andava de um lado para o outro, calculando a melhor maneira de não parecer desesperada, brava ou grossa. Definitivamente eu não queria assustá-lo mais do que já fiz pessoalmente.
Então enviei:
"Olá Gasper. Estou bem, obrigada. Acredito que meu cadastro hospitalar é sigiloso, como o conseguiu? Você é bem estranho, sério."

Tubarão Negro: A herdeira perdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora