Cap. 07 Prisão Domiciliar

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Anastácia McMillan

Boas garotas até podem ir para o céu, mas se o inferno for tão libertador quanto as atitudes que  tomo em terra, por mim tudo bem.

As luzes das viaturas policiais me cegavam com seu azul e branco girando para todos os lados, havia tumultuo atrás da linha de contenção e algumas pessoas audaciosas xingando meu nome ao fundo. Como tem coragem? Me questionava internamente. Quando tentei ajeitar o cabelo de maneira imponente do jeito que sempre faço, deparei-me com uma grande algema me prendendo. Presa? Era o que faltava. Levantei da traseira da viatura e tudo fez sentido, eu não era vitima, era a culpada. Per Dio!
Não deu tempo de continuar o raciocínio quando em um movimento ligeiro levei uma carga de choque no pescoço.

Acorde! Seu advogado precisa te ver antes que algum policial bata à porta!

Abri os olhos e vi minha mãe, inferno. O que está acontecendo? Pensei sozinha. Olhei ao redor e meu pai estava de terno realizando varias ligações, sua expressão era séria. Minha mãe estava com o rosto inchado de tanto chorar e ao fundo estava Mía tentando organizar a bagunça do meu quarto enquanto digitava algo no celular.

— Advogado? Mãe, pai? O que vocês fazem aqui em Praga? Eu preciso de um tempo, estou muito confusa, tive um  pesadelo insano. —  Disse atordoada ao mesmo tempo em que me sentava na cama, me preparando para levantar.

— Mãe, pai? O que vocês fazem aqui em Praga? — Minha mãe com raiva imitou minha voz enquanto virava a mão no meu rosto. O som do tapa ecoou pelo ambiente, no mesmo momento meu pai largou o celular e segurou-a e Mía sem falar nada, tremendo muito, foi buscar um copo de água.

— Ficou louca, Beatrice?! —  Meu pai exaltou a voz ao segura-la. — Está é a maneira como resolve as coisas agora, na base da violência?  — Ergueu a mão da minha mãe para longe de mim e após um suspiro pesaroso, à soltou.

Minha bochecha ardia e latejava, Mía minha melhor amiga de infância, se aproximou e deu a água para Beatrice. Me levantei em silêncio, estava de pijama por mais estranho que fosse. Tentei me esquivar da discussão dos dois e ir para o banho, afinal, eles sempre discutem.

— A nossa filha resolveu se tornar um galo de briga e resolver os problemas com agressão, então sim, talvez assim ela me entenda, Heitor! —  Deu as costas para meu pai e recusou a água ofertada por Mía, não dando à mínima para ela. Segurou-me pelo braço e cravou as unhas em mim.

— Ai! Que isso, esquizofrenia?! Eu não preciso de você para me cuidar, essa é a MINHA casa, MINHAS regras, MINHA vida. Eu sou adulta há muitos anos, caso você tenha sofrido algum distúrbio mental e esquecido. — Puxei meu braço e me coloquei de frente a ela. Minha mãe estava emputecida.

Nos encaramos por alguns segundos enquanto do nosso lado meu pai passava a mão na cabeça ao mesmo tempo em que recusava chamadas e Mía ficava de canto, sem saber o que fazer. Beatrice apontou o dedo em meu rosto e antes que desferisse mais um tapa, meu pai a segurou novamente.

 Você é uma adulta de merda. Eu te avisei Heitor, deveríamos ter deixado-a num internato desde os primeiros anos de vida, quem sabe assim ela iria dar mais valor a boa vida que à proporcionamos. Só três anos foi muito pouco. — Minha mãe dizia com desgosto nas palavras. — O teu problema é que ao espancar uma garota em público, você não comprometeu apenas a tua imagem como médica. Mas comprometeu o nome da nossa família, você nos sujou. Se quer fazer alguma vergonha, que não seja descoberta, sua inútil. Seu pai esta disputando um cargo muito importante na Itália, entretanto, quem vai votar no homem que não conseguiu cuidar nem da própria filha problemática? O que deu na tua cabeça para fazer isso, Anastácia?

Tubarão Negro: A herdeira perdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora