A Garota da Porta Vermelha - Beauany

Capítulo 80

-Josh?! - a voz de Any saía esganiçada ao tocar a maçaneta da porta com as pontas dos dedos. – Por favor, me responde... Josh! – a porta foi então aberta bruscamente, assustando a garota.

-Eu pensei que tivesse deixado bem claro – Josh disse sem olhá-la, a voz baixa e fria. – Mandei você ficar longe de mim.

-A gente precisa conversar... – Any disse falhamente ao esticar a mão em direção ao garoto. – Você precisa...

-EU NÃO PRECISO FAZER NADA – os olhos de Josh focalizaram os da menina, e ela então viu... O ódio e rancor que ali dentro agora existia. – Você é quem precisa entender que eu não quero mais te ver, não quero falar com você, não quero nem ouvir seu nome.

-Não faz isso comigo – ela suplicou aos sussurros, Josh apenas balançou a cabeça em negação e saiu do apartamento, batendo a porta com força.

Flashback On

Podia culpar a bebida. Podia culpar o ressentimento. Podia culpar a raiva.
Mas quando Any abriu os olhos e focalizou os de Josh, arregalados de pura surpresa, horror e ódio, ela soube que nada justificava o fato de estar nua. Nua na cama de Nick. Nua na cama de Nick e com o próprio adormecido, também nu, ao seu lado.

Sua primeira reação foi puxar o lençol contra seu corpo; sentindo os olhos lacrimejarem ao olhar Josh balançar a cabeça em negação e virar as costas para a porta aberta do enorme quarto de Nick.

-Josh... – ela ouviu a própria voz sussurrar em desespero.

-Cala a boca – o garoto virou rapidamente falando baixo, o olhar congelado. – Não se atreva a falar comigo...

-Eu... Eu não lembro o que aconteceu... Eu estava bêbada – Any disse desconexamente ao levantar da cama, enrolada ao lençol azul petróleo.

-Bela desculpa... Mas eu não quero saber... Eu não quero ouvir – Josh disse, olhando Nick dormindo na enorme cama. – Fica aí com o seu... Com ele.

-Ele não é nada meu... Eu só vou me vestir e... – a garota gaguejava ao se aproximar do namorado.

-Nem mais um passo – ele disse esticando a mão, na intenção de impedi-la de chegar mais perto. – Fica longe de mim... Pra sempre. – Josh finalmente olhou Any nos olhos, fazendo as lágrimas, que a garota lutava bravamente para não derramar, caírem instantaneamente. Any viu uma mistura de sentimentos passarem pelos olhos do garoto quando ele viu suas lágrimas: pena e rancor. Ele simplesmente virou as costas, descendo as escadas; deixando Any naquela casa silenciosa, enrolada em um lençol, naquela manhã chuvosa, chorando compulsivamente sozinha num corredor.

-Any? – Nick disse sonolento quando acordou e se deparou com a garota sentada no chão, devidamente vestida, e segurando um único pé do scarpim vermelho que usava na noite anterior. – Você... Você tá chorando? Any?

-Eu só quero... Quero o meu sapato! – a garota disse entre soluços, quando Nick levantou e andou em sua direção, usando somente uma cueca preta; Any fechou os olhos e balançou a cabeça. – Nicholas, não... Eu só preciso do meu sapato...

-Any, escuta... Nós precisamos conversar sobre noite passada – o garoto ajoelhou na frente de Any, limpando algumas lágrimas que caíam dos olhos da menina.

-Noite passada foi... Foi um erro – ela afastou a mão dele de seu rosto. – Eu bebi... Eu senti raiva da Ashleigh por te fazer sofrer... Eu só queria esquecer que o Josh estava com a Sallie... Eu só queria me distrair da dor... Eu sinto muito... Me desculpe...

-Eu não tenho o que desculpar – Nick a ajudou a levantar, sua voz não transmitia emoção alguma. – Não precisa se preocupar comigo, não é a primeira vez que você me usa pra afetar o Beauchamp.

-Nicholas...

-Aqui o seu sapato – Nick a interrompeu ao achar o scarpim vermelho debaixo da cama. – E é sério, não se preocupe comigo, afinal estou indo pra L.A. daqui dois dias...

-Eu realmente... Sinto muito – Any sussurrou quando mais lágrimas desceram por seu rosto; calçou o sapato e foi em direção à porta. – Eu sei que estraguei tudo... Mas eu quero que saiba que você é uma ótima pessoa... E quem sabe algum dia, possamos ser amigos de verdade.

-Algum dia... Quem sabe.

Any saiu da casa sem olhar para os lados. Pegou somente sua bolsa e parou o primeiro táxi que viu. Ligou para o apartamento de Josh – aparentemente, ele não estava lá, pois o telefone tocou incontáveis vezes. "Você ligou para o Josh... Dãr, você deve saber que ligou pra mim... É isso aí, deixe um recado e... Ah você sabe o que fazer, certo?"

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