Episódio 20

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Quando já era mais tarde, eu fui liberado, e quando cheguei na recepção, dei de cara com a minha família e a da Dani.

Depois que meu pé e braço foram enfaixados, me deram uma muleta e eu pude ir embora.

Eu não sabia com que cara eu iria olhar para o pessoal, querendo ou não, tudo que estava acontecendo era por minha causa.

Então, eu não falei com ninguém. Me sentei em uma cadeira no fundo da recepção, encostei a cabeça na parede e fechei os olhos com forças.

Nathan se sentou perto de mim, e suspirou.

— Ela não está bem. — Ele sussurrou. E eu permaneci em silêncio. — Ninguém está te culpando, está tudo bem.

Ele falou.

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Pov Narradora.

Fazia algum tempo que Dani tinha entrado para a sala de cirurgia, em nenhum momento, nenhum médico havia dado um paradeiro dela.

Tia Ester e Cláudia já tinham chorado o suficiente para encher uma piscina, Tio Paulo e Túlio obviamente estavam triste, mas se mantinham firmes para consolar as esposas.

Matheus, Rangel e Fu  pareciam estar parados no tempo, inconsoláveis. 

E entao, um tempo depois, um médico finalmente veio dar notícias, e, não elas não eram tão boas quanto o esperado.

— Eu sinto muito. — Ele disse, aquilo bastou para todos ali desabarem.
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Dias depois, o dia de se despedir completamente havia chego.

Matheus havia ficado a maior parte do tempo sentado em um banco ao lado do caixão, calado.

Era um momento estranho, e obviamente dóia em todos, mas, Matheus em especial, provavelmente, havia sido quem tinha mais sentido o impacto. ******
Pov Matheus
Depois do enterro, parecia que tudo havia piorado.

Todos me olhavam com olhar de pena, e aquilo parecia me matar por dentro.

Era tudo minha culpa.

— Matheus, está tudo bem. — Me virei, e Ester segurou na minha mão. — Se Dani se foi agora, é por que o trabalho aqui na terra foi feito.

— Eu não queria que tivesse sido assim, tia. — Eu falei e nós caminhamos lentamente até a saída.

— Ninguém queria. — A olhei.

— Me desculpe, tia. A senhora e todos aqui sabem que quem estava no controle do carro era eu, e devem achar que é minha culpa, e eu não acho nada ao contrário.

— Não se culpe, Matheus. — Ela me olhou, — tenha certeza que ninguém aqui está te culpando. — Ela abriu os braços, eu sorri e a abracei.

Nos separamos e ela novamente segurou minhas mãos e me encarou.

— Siga em frente, Dani ficará orgulhosa, você sabe.

Flashback on.
— Você prefere saber quando vai morrer ou como?
Dani se virou para Matheus e perguntou.

— Você sabe que eu não gosto de falar disso. — Ele falou e a puxou para perto.

— Responde, por favor.

— Prefiro viver o presente sem pensar no que pode acontecer amanhã. — Ele falou e ela riu.

— Você não perguntou, mas, eu acho que prefiro saber quando, por que aí, eu posso aproveitar o máximo que eu conseguir. — Ela falou.

— Eu não consigo imaginar um mundo sem você. — Ele a apertou mais, e ela riu.

— Você ainda vai ter que me aguentar por muito tempo. — Ela falou.

Eles ficaram em silêncio, até que Dani interrompeu o silêncio.

— Você pode me prometer uma coisa?— Ela perguntou e ele assentiu. — Se um dia acontecer qualquer coisa, seja comigo, ou com você, nós nunca iremos esquecer do que vivemos, nunca. Mas, não vamos ficar vivendo no passado também, iremos seguir em frente. Ok? — Ela levantou o dedinho, e ele também, e entrelaçaram, fazendo uma promessa.

Flashback off.

Sim, ele sabia.


Fim.




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