Family

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Harry Pov

Tinham me liberado, estava meio afastados do centro da cidade, meu corpo estava anestesiado de sensações, acho que, o que mais dói quando se está preso em uma angústia devastadora, é quando você se percebe distante de qualquer sensação, oco, vazio. Como se, por um breve momento, sua alma não pertencesse mais ao seu corpo, como se, agora, o meu espírito tivesse se desvencilhado de mim e nada mais tivesse sobrado, e eu sabia, que, nunca mais seria o mesmo de antes.

Andando pela parte mais escura e solitária da cidade, me questionando se já fomos reais, caindo em tentação de um amor que só existiu em mim, por que é sempre mais fácil eu me pertencer a possibilidade do trágico, do que duvidar de uma meia verdade mal dita?

Arrastando a sola do meu sapato no asfalto, temendo que cada segundo piore a fraqueza de estar existindo. Seco, sugado, drenado... Eu poderia pensar em todos adjetivos possíveis para dar significado ao que eu sentia, mas nenhuma delas se comparará com que está me atormentando. Eu já deveria saber que finais felizes não existem, eu estava tão afobado para tomar o último gole dessa fantasia, que não segui meus próprios instintos. Em estado flutuante, sem saber no que pensar ou acreditar, me firmando na possibilidade da catástrofe, eu sempre tive isso em toda a minha vida, estou acostumado com esse tipo de desamparo intenso, a infelicidade foi condicionada no meu corpo, agora é a hora de sentir todo o amargor que a vida me provoca em sentir.

E no decoro de qualquer vestígio que meu corpo tentava gritar, me percebia desmanchar, lágrimas rolavam sem esforço, meu coração se apertava, e lá estava eu novamente, agarrado na dor da perda, me desiludindo de qualquer saída feliz disso, aceitando que, isso é o resumo de tudo que eu terei pro resto da minha vida. Em ruínas, não ouso mais em me erguer, porque sempre que tento, algo mais forte me faz demolir novamente.

O amor da minha vida, que não era eu o amor de sua, tinha partido, me deixando o amando sozinho, sem nem menos um adeus histórico, só o meu "eu te amo" e o seu disfarçado. Estou mergulhado em dúvidas.

Foi aí que eu pensei em arrancar logo o curativo de uma vez, para doer de imediato, eu precisava da certeza, apalpei meu bolso, na procura do meu celular, e ao finalmente achá-lo, o liguei, respirando fundo e me concentrando em não entrar em pânico, olhei a tela, e todas as ligações perdidas e mensagens não paravam de aparecer, fazia sentido, eu tinha sumido, mas aquilo me dizia que não era sobre mim. Logo no minuto que desbloqueei a tela para checar se estava tudo bem ou se era o que eu temia, uma nova ligação me interrompe, era Zayn, então parei na calçada à espera de um táxi e atendi.

— Alô, Zayn? — atendi respirando fundo, tomando coragem de ouvir o inevitável.

- ONDE VOCÊ ESTAVA? TE PROCURAMOS POR TODA LONDRES – O afobo de sua fala era indescritível, senti meu estomago revirar.

- Seja direto, Zayn, fale logo o que eu sei que preciso ouvir. – Respondi, parecia firme em minhas palavras, mas estava desesperado, como se estive a frente de um tsunami e não pudesse fugir.

- Louis sofreu um acidente... – Meu corpo tremeu, minha respiração escapuliu de mim, minha visão se tornou turva e ele mal tinha dito palavras o suficiente. – Ele passou por uma cirurgia, uma bem complicada e difícil, mas ele está estável, mas infelizmente em coma. – Ao terminar de dizer, o que tinha que dizer, um alivio me confortou o peito, eu não estava satisfeito com o estado de Louis, ele estava em coma, mas, tem uma pequena chance dele voltar... voltar pra mim.

Isso se ele me amar como disse. Espero que ame.


[...]


Cheguei no apartamento de Zayn e todos estavam lá, o ar era meio mórbido. A Lottie estava lá, as crianças, a Gemma, e até a minha mãe estava lá. Eu estava exausto, mas, no momento em que abri aquela porta, por mais que seja em uma situação triste, ver todos ali, unidos, o Liam servindo chocolate quente, o Zayn esquentando a lareira, Niall tocando seu violão para distrair as crianças, Camila fazendo panquecas com Gemma, e o restante do pessoal sentados no sofá, eu me sentia acolhido, parte de algo que nunca tive, eu senti amor, eu senti paz, eu estava com a minha família.

Só de vê-los, puderam por um momento, calar o desespero que estava dominado em mim. 

— Onde você estava?— Lauren veio até a mim preocupada, me abraçando forte, e isso foi tão bom – eu sinto muito, foi tudo culpa minha... eu...— Ela tentava se explicar, e eu respirei fundo, e a interrompi.

— Não Lauren, não foi. Foi tudo armado, e eu sei quem foi. – disse olhando para Liam, ele sabia de quem eu estava falando.

— Você parecia saber o que tinha acontecido quando estávamos no telefone, estava com alguém? Alguém te disse sobre o acontecido? — Zayn dizia se levantando após atiçar o fogo da lareira, ele parecia confuso e muito curioso.

— Sebastian Stan! – Exclamou Liam no meio da sala, e todos ali se entre olharam.

— Me escutem, eu tenho um plano, mas antes eu preciso saber quem é que está passando informações para ele. — Retruquei e todos continuavam calados.

— Como saberemos? Londres é enorme! — Disse Niall se levantando e pondo seu violão no chão.

— Não será difícil, Niall, porque o informante está dentro dessa sala. — Concluí, o espanto no olhar de cada um me revelava coisas, eu estava muito fodido, preciso deter Sebastian.

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E aí? Como está indo a quarentena de vocês? Espero que tenham gostado desse capítulo.

Beiju! - M.

DON'T FALL IN LOVEOnde histórias criam vida. Descubra agora