F. T. Willz

dor

11 de maio

pesquisas médicas dizem que não dá para sentir dor na superfície do cérebro, mas é irônico que seja o órgão que diz a uma pessoa que ela está com dor. puxar do couro cabeludo, abrir o crânio, essa é a parte que vai doer. mas pegue um instrumento de metal contundente e cutuque a extensão de tecido enrolada, cor de rosa, embaixo dele, e nada.

 talvez faça sentido que as emoções sentidas por esse cérebro pareçam vazias e entorpecidas, distantes, como olhar o mundo através de um tubo de papel higiênico. tudo ao redor do papelão é preto, não há nada além do que pode ser visto através da abertura circular no final. visão de túnel. dentro do cérebro humano está o começo e o fim de tudo. o mundo inteiro só podia existir na mente, para pensar abstratamente. 

talvez todo mundo aqui esteja sonhando, perdido em um pesadelo rodopiante, complexo e de várias camadas, de uma monstruosidade que nem mesmo o deus mais distorcido poderia imaginar. ou pode ser como essa pequena fábula da Internet que geralmente aparece: nos últimos sete minutos de sua vida, tudo passa rapidamente em um fluxo de vômito em cores de "jesus cristo é essa a minha existência" e você pode finalmente ter a chance de finalmente descobrir se você foi ou não feliz com isso. é assim que essa vida pode ser. mas agora, é apenas um borrão nublado e miserável de dores de cabeça e Advil, desilusão sombria e a necessidade de sentir qualquer coisa novamente.

 apenas o balanço frio da brisa e o confinamento solitário com as rodas giratórias parece ajudar. agora, não há muito para nada. 

nada mesmo.

-F.T.WillZ-must-die (11 de maio)