Capítulo 6- Inseguranças e Fragilidades

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1 semana depois


Estávamos todos sentados na mesa quando o garçom nos serviu a taça com um vinho tinto.

–Obrigada.– Gabriela respondeu gentilmente, sendo a única a agradecer.

–Então...– Wellman prossegue o assunto. –Como vocês devem saber, para ganhar popularidade com o livro devemos avaliar a possibilidade de fazermos algumas viagens para divulgá-lo, e, também acho importante o anúncio nas principais plataformas, e livrarias, principalmente com uma sessão de autógrafos com Gabriela e o senhor Camperbell.

Gabriela se engasga no momento em que toma o vinho parecendo estar constrangida. A observo levar o guardanapo até a boca e ficar inquieta durante todo o jantar. Nós estávamos acompanhados de seu chefe, e de dois editores-chefes, além de Wellman, Vando e eu. De repente ela se levanta se desculpando pedindo licença. Wellman continua falando em direção ao chefe da editora sem aparecer incomodado com a saída dela.

–Com licença.– digo logo em seguida, seguindo o caminho do banheiro.

Após a ideia de Gabriela, nós conversamos com o agente de Vando sobre a possibilidade de elaborar um contrato que preservasse a autoria dela, contudo, ela iria fazer a inscrição do seu livro sobre Vando Camperbell para o prêmio Pulitzer. E uma possível indicação já poderia garantir uma segunda edição da obra. Era um projeto, que demandaria assistência dos principais editores de editora Records, mas que cobria os maiores custos para preservar o percentual de lucro de toda a equipe editorial. Foi conversado posteriormente com o meu chefe, que ficou relutante no início, mas resolveu arriscar no projeto. Ele achou que a ideia de alguém querer contar a história dele poderia ser ainda melhor. Embora muito ainda tivesse que ser feito, a ideia inicial foi um sucesso tanto para o meu chefe, quanto para o chefe de Gabriela. E com o decorrer daquela semana, pude conhecer mais uma face dela.

–Está tudo bem?– perguntei a vendo tirar uma caixa de cigarro da sua bolsa. Ela assentiu e foi para a parte de fora do restaurante.

–Eu nem acredito que isso está acontecendo tão rápido.– Ela disse com o cigarro entre os dentes, enquanto procurava um isqueiro.

–Eu não sabia que você fumava.

–Eu não fumo.– ela parou por um instante. –Eu não fumava... mais.

Assenti me aproximando, tirei meu isqueiro e ascendi seu cigarro.

–Obrigada.

–Tem alguma coisa te incomodando?

–Eu pareço incomodada? Você acha que eles perceberam?

–Eu acho que eles estão distraídos demais com a sua ideia.– eu disse e ela soltou a fumaça, observando a noite fria.

–Tudo é muito novo pra mim, só tem dois anos que trabalho nessa empresa, entrei como uma estagiária e agora estou num grande projeto que pode me custar muito.

–Todo grande passo demanda um grande risco.– eu disse e ela sorriu finalmente olhando para mim.

–Obrigada. Obrigada por ter confiado em mim, e ter me apresentado ao seu chefe, mal nos conhecemos e você já me ajudou mais do que qualquer outra pessoa.

–A ideia foi toda sua, além do mais, você tem bons contatos, todos nós nos proporcionamos alguma coisa.– eu disse e ela riu.

–Você sempre fala como um engravatado né? Sempre são só contatos para você?

–Não.– eu disse sorrindo observando a fumaça sair de sua boca. Naquele dia, em especial, ela não estava nenhum pouco espalhafatosa ou qualquer coisa do tipo, estava com um vestido de seda simples, mas que lhe coube muito bem, um belo batom vermelho e uma maquiagem que lhe ressaltou seus belos olhos. Estava realmente magnífica.

–Então o que são?– ela disse me tirando dos meus pensamentos.

–O quê?– disse sem lembrar do que falávamos anteriormente.

–O que as pessoas significam pra você?

–Bom, algumas significam contatos...– eu disse a fazendo revirar os olhos. –Mas nem sempre, algumas pessoas conseguem se tornar mais do que isso.

–E o que elas precisam fazer pra você as considerar mais?

–Elas precisam prender minha atenção.– eu disse, nós ficamos um tempo sem dizer qualquer coisa depois. Ela me olhava no fundo dos meus olhos como se quisesse me desvendar através das minhas palavras.

–Você acha que eu vou conseguir?– ela sussurrou depois de um tempo revelando sua preocupação pelo seu tom frágil e entrecortado.

–Bom, você prometeu isso.– eu disse sorrindo, a fazendo tragar mais uma vez no seu cigarro.

–Mas se você escreve da mesma forma como você se impõe perante as pessoas, com toda a coragem e confiança que exala, tenho certeza que esse livro vai ser um completo sucesso. – completei. Ela abre um enorme sorriso.

–Não é todo dia que vários homens poderosos abrem espaço para uma mulher com poucas experiências profissionais entrarem para a equipe deles.

–E não é todo dia que uma completa maluca que embebeda um cara e ganha um prêmio de literatura. – eu disse a fazendo rir.

–Se eu ganhar esse prêmio, levo você pra sair e pago todo conhaque que você quiser. – ela disse.

–Eu vou cobrar, pode ter certeza.

–Sabe Bill, as coisas não são tão fáceis assim, pra mim, estar aqui com vocês... significa que estou lutando pelo meu sonho, e mesmo que eu não consiga, já vai ter valido a pena, só pelo fato de ter tentado. – ela disse amassando o cigarro e dando um sorriso. Eu deixei escapar um riso, ela tocou no braço e deu uma piscadela indo em direção ao banheiro. A observei de longe, e não pude evitar de lembrar quando eu tinha a idade dela, tenho certeza que eu não tinha metade da postura que ela tem hoje. Gabriela pode ter sido uma maluca, na qual eu conheci no bar, mas também era a única que me despertou uma vontade insaciável de conhecê-la melhor. Nos últimos cinco anos, nada havia me despertado tanto interesse assim.

Se puder não se apaixoneOnde histórias criam vida. Descubra agora