o1| É MELHOR VOCÊ CORRER

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"É, ele encontrou um revólver no armário do seu pai, na caixa de coisas legais

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"É, ele encontrou um revólver no armário do seu pai, na caixa de coisas legais. E não sei nem o que aconteceu, mas ele está vindo atrás de você, é, ele está vindo atrás de você. Todas as outras crianças com tênis caros, é melhor vocês correrem, melhor correrem mais rápido que minha bala." — Foster The People (Pumped Up Kicks)

O som dos tiros conseguia se sobressair ao caos e gritos que ecoavam pelos corredores

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O som dos tiros conseguia se sobressair ao caos e gritos que ecoavam pelos corredores. Todos estavam presos, ninguém conseguia sair.

Os atiradores planejaram tudo, inclusive onde haveria aglomeração de pessoas. Todas as portas foram trancadas com grossas correntes de chumbo, daquelas que os marinheiros costumam usar para atracar as embarcações. Uma saraivada de disparos foi lançada contra, pelo menos, uma dúzia de estudantes que tentavam inutilmente abrir a porta de emergência do ginásio. Eles gritavam desesperados, e, apesar dos socos e empurrões, a saída permaneceu bloqueada.

Ainda caídos no chão, mais tiros os atingiram, para se certificar de que realmente estavam mortos. Logo adiante, no segundo andar da escola, as bombas começaram a explodir. As vidraças da biblioteca foram pelos ares, assim como os livros e os estudantes que estavam escondidos nela. 

Outras bombas foram programadas para explodir nos mesmos instantes, e todas eclodiram mais terror e corpos já sem vida pelos cantos. Robbie Caulfield lançou duas granadas no corredor que levava ao terceiro andar, onde elas explodiram sobre os alunos que tentavam alcançar as escadas. Ele jogou mais duas pelas escadarias, e ouviu mais gritos quando elas rolaram para baixo e explodiram.

O atirador recarregou muito rapidamente o rifle semiautomático, e não teve misericórdia de cinco meninas que estavam se escondendo dentro da pequena sala do almoxarifado. Uma delas ele conhecia, era Susan Lee. Os disparos foram rápidos e cruéis, jogando-as contra os armários sem uma única chance de fuga. 

Quando se virou para seguir com o ataque, o atirador não notou quando uma sombra se lançou contra ele. O estudante de porte atlético conseguiu, por uma fração de segundos, jogar o rifle para longe, mas foi atingido pela faca de caça que Robbie sacou do cinto. Ele também o reconheceu, era o astro do time de futebol, Fin Sunderson.

A faca foi fincada no abdome de Fin, depois em seu pescoço, onde ele tombou inerte para o lado. Robbie correu para apanhar o rifle, e o empunhou com mais atenção e firmeza. O terceiro andar estava apinhado de estudantes, alguns conseguiram pular pela janela, e então ele posicionou o rifle no parapeito e atirou em quatro deles, que já estavam quase conseguindo sair dos limites do estacionamento. Robbie não queria deixar ninguém, iria levar todos com ele.

O garoto olhou no relógio, estava disparando há pelo menos dez minutos e tinha certeza de que conseguiria matar muitos mais até atingir o tempo estimado. Foi combinado fazer tudo em cerca de quarenta minutos. Vinte minutos para ele, e vinte minutos para o outro atirador, Heloísa Gaarder. 

Esse seria o tempo em que o veneno que haviam ingerido faria efeito. Ele se apressou ao ouvir as sirenes lá fora, já sabia que as forças armadas os estavam esperando. Porém, não os pegariam com vida.

Eles se encontrariam até que restasse apenas uma bala para cada, e então atirariam um contra o outro, não queriam morrer como suicidas. Ninguém os pegaria, e, caso pegassem, já seria tarde demais, o veneno os levaria para bem longe de qualquer julgamento.

***

Heloísa Gaarder tinha um pulso firme para segurar armas, e agora o estava usando contra os estudantes que permaneciam grogues no refeitório. Pelo visto a quantidade de arsênico colocado na merenda escolar tinha funcionado, alguns estudantes já haviam caído impossibilitados de qualquer fuga. 

Ela disparou contra todos eles e também nos que conseguiam correr. Abriu fogo contra seus professores, amigos, funcionários e até mesmo o diretor. A cada disparo, a menina sentia como se, aos poucos, seus medos e inseguranças fossem se esvaindo em grandes quantidades, emergindo sua verdadeira natureza.

Estava completamente livre agora. Quando passou da vigésima morte, ela parou de contar. O rifle de Heloísa era letal, e ninguém conseguia correr mais rápido do que suas balas. A menina serpenteava pelos corredores, mirando e atirando com precisão. Estava revestida com granadas penduradas no cinto de ferramentas, onde também carregava uma faca embainhada. Lá fora, onde as forças especiais da polícia tentavam romper as correntes, as pessoas se aglomeravam.

O tumulto cresceu muito rápido, e logo a fachada e os fundos da escola estavam repletos de viaturas e familiares, desesperados, ao ouvirem mais e mais explosões soarem de dentro do prédio. Eles não faziam ideia de quem estava conduzindo o massacre, eles não faziam ideia de que tudo havia sido orquestrado anos antes. Eles não faziam ideia de que os atiradores eram dois alunos da comunidade, dois adolescentes que algum dia em suas vidas, já haviam frequentado suas casas.

Quando a polícia finalmente conseguiu romper uma das correntes, já era tarde demais. Heloísa entrou no laboratório de informática e bloqueou a porta. Seus olhos esverdeados caíram em Cassandra Hale, encolhida entre as mesas dos computadores, mas ela não a matou. 

Os disparos acertaram todos ali, e ela deixou para trás uma única sobrevivente. Ao olhar o relógio, percebeu que já deveria ter ido se encontrar com Robbie. O caos parecia ter passado, e ela entendeu que ninguém mais iria gritar ou emitir qualquer som para não ser descoberto. Ela não efetuou mais nenhum disparo, e quando encontrou o amigo, ele já estava com a arma apontada para a própria cabeça.

Respiraram fundo, e quando estavam prontos para apertar o gatilho, foram surpreendidos pelas forças especiais. Robbie foi atingido no ombro, e Heloísa na perna. Eles tombaram no chão, mas não reagiram. Aconteceu tudo tão rápido, foram imobilizados e algemados. Os flashes da correria eram as únicas coisas que conseguiam distinguir. Os oficiais os encaminharam para fora, e as pessoas não conseguiram acreditar nos rostos por trás dos disparos. Tudo embaçou para Heloísa, ela sentiu os efeitos do veneno primeiro.

A espuma espessa e branca, com nuances de sangue, começou a escorrer de sua boca, enquanto seus olhos reviraram e tremiam junto com seu corpo. Os paramédicos imediatamente os colocaram dentro das ambulâncias, já prevendo o que pretendiam. O caos finalmente parecia ter passado, mas na verdade ele ainda começaria.

O número de mortos crescia, assim como a angústia das mães que perderam seus filhos. A pequena cidade no Maine nunca mais seria a mesma, e eles sabiam. A ajuda chegava a todo instante, evacuando o restante dos estudantes que ainda estavam presos na escola. 

O esquadrão antibombas foi acionado, e chegaram a tempo de encontrar mais cinco dispositivos de bombas que estavam para eclodir. Enquanto os atiradores estavam sendo salvos na mesa do hospital, os jovens largados no chão não tiveram a mesma sorte.

CORRA MAIS RÁPIDO QUE A MINHA BALAOnde histórias criam vida. Descubra agora