Capítulo 2 - Conde

49 7 0
                                    

Edimburgo, 05 de Agosto de 1758

Minha cabeça latejava insuportavelmente, eu sentia que um machado a estava partindo ao meio. O cheiro delicioso de comida me despertou completamente. Abri os olhos e a luz me incomodou, estava claro demais, mas quando olhei ao redor não reconheci o lugar. Me sentei xingando e olhei o quarto, uma cama enorme e confortável com lençóis brancos, cortinas escuras na janela, um armário e uma poltrona junto a uma lareira.

Havia alguém sentado na poltrona. Encarei o estranho temendo o que teria feito comigo. Não havia nada que eu pudesse usar como arma, então resolvi fugir enquanto ele estivesse dormindo.

Fiquei se pé e uma tontura fez-me segurar a mesa derrubando a bandeja de comida que estava ali. O estranho se virou.

— O senhor não deveria estar de pé — avisou.

Eu desabei sobre a cama, não por seu aviso e sim por saber que não conseguiria me manter de pé muito tempo mais.

— Onde eu estou? — inquiri.

— O senhor está na mansão... Lembra-se de mim? — os olhos escuros do homem me avaliaram quando fiz que não.

Ponderei sobre o lugar, não sabia o motivo pelo qual ele falar em mansão me seria familiar. Meu coração acelerou quando tentei recordar seu rosto, não havia nada. Engoli em seco e ponderei novamente, repensando o dia anterior, a semana anterior, o ano anterior. Encarei o estranho diante de mim com mais desespero do que pretendia em minha voz e perguntei:

— Quem sou eu?

O homem me olhou surpreso e engoliu seco, o ar no quarto pareceu subitamente quente, me levantei novamente e caminhei para a janela ignorando o aviso do homem e a tontura. Encarei o jardim enorme da uma propriedade gigantesca, havia criados andando de um lado para o outro. Uma dor de cabeça insuportável me atingiu e eu cambaleei, o estranho me segurou e levou de volta para a cama.

— Espere por mim um pouco, milorde. Voltarei com comida e todas as informações de que precisas.

— Como assim? — indaguei nervoso.

— Acalme-se! — ordenou.

Ele me entregou água e saiu do quarto às pressas fechando a porta atrás de si. Meu coração acelerou e eu fiquei ali imóvel sentindo-me um saco vazio.

Quando voltei a me sentir bem fiquei de pé e caminhei pelo quarto e estagnei junto a janela observando os jardins. Minha desordem era tamanha que eu quis acertar minha cabeça com algo para reorganizar as ideias, mas ela já doía o suficiente.

— Aqui estamos, vou lhe contar quem você é — disse o homem que retornou. Uma criada deixou uma bandeja de comida sobre a mesa e limpou a bagunça que fiz anteriormente.

Assim que a mulher saiu o homem se sentou e apontou para que eu também o fizesse. Apesar de querer continuar em movimento, eu sentia que se não me sentasse urgentemente, eu cairia quando o estranho começasse a falar.

— Você é Alec Hunter, o atual Conde de Edimburgo. Seu pai morreu no ano passado e sua mãe se foi há alguns anos, você não tem irmãos. Nasceu em 27 de agosto de 1730. Não é casado ou tem filhos, possui algumas propriedades, como casas de fazenda, mansões e barcos. Seus negócios vão bem e eu posso garantir isso já que sou seu advogado.

Encarei o homem tentando imaginar tudo que ele me dizia, mas minha cabeça latejava insanamente.

— Por que não me lembro de nada? — questionei. — Tudo que você me disse parece não me pertencer, nada pareceu despertar minha memória.

O Outro CondeOnde histórias criam vida. Descubra agora