Normalmente um lugar atarefado, no Dia do Trimestre a mansão dos Park simplesmente fervilhava de atividade.
Os arrendatários iam e vinham o dia todo. Alguns ficavam apenas o tempo suficiente para pagar suas contas; outros permaneciam o dia inteiro, andando pela propriedade, visitando amigos, comendo e bebendo na sala de visitas. Jihyun e a Sra. Crook iam e vinham entre a cozinha e a sala de visitas, supervisionando os dois criados, que se equilibravam de um lado para outro sob enormes travessas de bolos de aveia, bolos de frutas, biscoitos e outros doces.
Jimin, depois de apresentar cerimoniosamente seu marido aos arrendatários presentes na sala de jantar e na sala de visitas, retirou-se para seu gabinete com Taehyung. Os dois receberiam os visitantes um a um; conversariam sobre as necessidades para o plantio na primavera, deliberariam sobre a venda de lã e de grãos, registrariam as atividades da propriedade e tomariam todas as providências necessárias para o próximo trimestre do ano.
Jungkook ficou andando ociosamente pela casa, conversando com as visitas, ajudando com as bebidas e comidas quando necessário, às vezes apenas se esgueirando para o segundo andar da mansão a fim de observar a movimentação lá embaixo.
Lembrando-se da promessa que Jimin fizera a Sra. Chiyo naquele dia na roda d'água, de ajudar seu neto a escapar das agressões do pai, Jungkook estava um pouco ansioso para ver o que aconteceria assim que Ronald Chiyo aparecesse pela porta.
E o homem chegou logo depois do meio-dia, cavalgando uma mula alta e com um garoto agarrado ao cinto logo atrás dele.
Jungkook os observou secretamente pela porta da sala de visitas, imaginando até que ponto a avaliação da Vovó Chiyo sobre seu filho estaria correta.
E, bem, embora "beberrão" pudesse ser considerado um pouco de exagero, as percepções daquela mulher eram precisas. Os cabelos de Ronald Chiyo eram longos e engordurados, desleixadamente amarrados para trás, e o colarinho e os punhos de sua camisa estavam encardidos de sujeira. Mesmo que certamente um ou dois anos mais novo do que Jimin, parecia pelo menos quinze nos mais velho, os ossos do rosto submersos em inchaço, os pequenos olhos cinzentos embaciados e injetados.
Quanto à criança, Hiro também estava sujo e maltrapilho. Pior ainda, no que dizia respeito a Jungkook, vinha atrás do pai procurando se esconder, os olhos presos no chão, encolhendo-se quando Ronald se virava e falava rispidamente com ele.
Jimin, que estava parado em frente à porta do gabinete, também os avistou, e Jungkook o viu trocar um olhar significativo com Jihyun, que também seguia pelo corredor, trazendo uma nova jarra de bebida em atendimento a um pedido dele.
Jihyun fez um sinal quase imperceptível com a cabeça para o irmão e entregou-lhe a jarra. Em seguida, tomando a criança firmemente pela mão, conduziu-a à cozinha, dizendo:
- Venha comigo, rapazinho. Acho que temos uns biscoitos para você. Ou que tal um pedaço de bolo de frutas?
Jimin cumprimentou Ronald Chiyo com um aceno formal, dando lugar para que ele entrasse no gabinete. Estendendo o braço para fechar a porta, os olhos de Jimin se encontraram com os de Jungkook e ele maneou a cabeça em direção à cozinha.
Nada mais precisou ser dito e Jungkook assentiu suavemente antes de ir até Jihyun e o jovem Hiro.
Encontrou-os envolvidos numa agradável conversa com a Sra. Crook, que retirava ponche de um grande caldeirão com uma concha igualmente grande e o colocava em um recipiente de cristal. Depois, ela colocou um pouco do ponche em uma caneca de madeira e deu ao menino, que continuou retraído, olhando desconfiado, antes de aceitar.
Jihyun conversava distraidamente com o garoto enquanto enchia travessas, recebendo pouco mais do que grunhidos em resposta. Ainda assim, a pequena criatura semisselvagem parecia estar relaxando aos poucos.
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SÉCULOS - jikook. (FINALIZADA)
FanfictionEm 1945 após sobreviver à II Guerra Mundial, Jeon Jungkook, um médico militar ômega, resolve passar sua segunda lua de mel com o marido em Inverness, nas Ilhas Britânicas. Porém, coisas estranhas começam a acontecer e ele, de repente, se vê 200 anos...