O BEIJA-FLORZINHO VEM AO MUNDO.

57 0 0
                                    

IV - CAPITULO

Finalmente o filhote veio ao mundo. Nasceu forte e saudável. Suas penas revelavam tons esverdeados brilhantes. A única semelhança com os outros beija-flores, eram as penugens vermelhas que tinha entre as penas do peito. Agora sabiam como era um filhote de uma beija-flor azul com um amarelo e logo perceberam ser impossível levá-lo para conviver entre os amarelos. As cores de suas penas despertariam curiosidades e, consequentemente, poderia pôr em risco a vida das duas e todo esforço que fizeram para que ele viesse ao mundo.


Uma lternativa seria criá-lo às escondidas no meio da floresta e, nesse meio tempo, buscar uma solução para o problema. Pois sabiam que seria quase impossível criá-lo longe de tudo e de todos por muito tempo.

O tempo passou e o beija-florzinho crescendo e recebendo uma atenção especial de sua mãe que, aproveitava os momentos em que ficavam a sós para ensiná-lo os segredos das artes secretas dos nobres azuis.

Quando as duas sentiram que o beija-florzinho estava preparado para lidar com sua diferença e viver sem problemas em comunidade, a princesa foi novamente ao amigo pintor e pediu a ele que produzisse uma tinta amarela especial bastante resistente, para tingir as penas do filhote.

Dias depois o amigo pintor entregou a encomenda. De posse da tinta a princesinha e a amiga, seguindo as instruções do pintor, banharam o beija-florzinho com néctar e tingiram as penas esverdeadas brilhantes de cores amarelas.

E assim, sem levantar suspeitas, o beija-florzinho foi levado a conviver entre os amarelos.

Não demorou para que o beija-florzinho começasse a se destacar, principalmente entre os jovens e as crianças que adoravam sua esperteza e sabedoria. Ficavam horas ouvindo as belas histórias que ele contava.

Pouco tempo depois, começaram a acontecer coisas misteriosas na aldeia dos amarelos. Nas portas dos ninhos onde moravam beija-flores doentes, idosos ou recém-nascidos, todos os dias apareciam fartos potes do mais puro néctar para eles bebericarem a vontade sem precisarem fazer o esforço de ir até as fontes de néctar do rei.

Os pobres beija-flores amarelo recolhiam os misteriosos potes e agradeciam ao céu pela dádiva, pedindo ao grande beija-flor branco que desse vida longa aos seres caridosos que os ajudavam a obter o precioso alimento sem se sacrificarem.

Em pouco tempo a notícia da aparição dos misteriosos potes tornou-se o assunto entre os amarelos e não demorou a chegar aos ouvidos do rei que, desconfiado com os rumores, mandou um espião investigar o que estava acontecendo na aldeia.

O espião disfarçou-se de amarelo investigar e tentar descobrir a origem dos misteriosos potes.
Chegando lá, fez algumas amizades estratégicas para facilitar a missão. Com habilidade, ganhou a confiança dos amarelos.

Passado um tempo o espiã voltou ao castelo para informar ao rei que estava difícil de descobri a origem dos misteriosos potes. Mas que, suspeitava de um grupo de beija-flores jovens que costumava reunir-se na praça central e e atraiam muitos beija-flores para ouvi-los. E o impressionou a sintonia de pensamentos que existia entre eles. Todos falavam sobre as mesmas coisas e, cada um, completavam o que o outro falava como se fossem um só beija-flor falando pelo bico de todos; contavam histórias como se fosse um só beija-flor contando.

Impressionado, o rei ordenou ao espião que retornasse a aldeia e encontrasse uma maneira de se infiltrar no grupo, e demorasse o tempo que fosse necessário e descobrisse tudo sobre eles, pois tudo levava a crer que o grupo tinham algum envolvimento com a aparição dos misteriosos potes.

Com experiência, o espião conseguiu infiltrar-se no grupo.
Nos primeiros dias logo percebeu o tratamento diferenciado dedicado ao pequeno beija-flor.
Quando estava a sós, todos o procuravam para pedir orientações e conselho. E assim o espião descobriu que, o beija-florzinho era quem iníciava as histórias recheadas de ensinamentos que todos adoravam ouvir e contar quando estavam a sós.

E ouvindo uma dessas histórias, o espião desconfiou que o beija-florzinho tinha alguma ligação com os nobres beija-flores azuis; que talvez fosse um rebelde azul disfarçado, pois as histórias que contava, só os nobres azuis conheciam.

Para desfazer a dúvida, esperou um momento certo para entrar em ação. E um dia, quando todos passeavam pelas ruas, rodeados de beija-flores, juntou-se ao aglomerado, e, num momento de distração do grupo, aproximou-se sorrateiramente do beija-florzinho e cortou um pedaço de uma de suas penas e saiu se esquivando até desaparecer no meio dos beija-flores levando com ele o pedaço de pena e foi direto ao castelo entrega-la ao velho bruxo para que a examinasse.

Ao pegar a pena, o bruxo, com sua experiência, logo percebeu tratasse de uma pena tingida com uma tinta especial. Foi ao depósito e trouxe alguns solventes para descolorir o pedaço de pena e ver o que revelava.

As tentativas para descolorir não surtiram o efeito esperado. E só depois de exaustivas mudanças de fórmulas e experiências, conseguiu finalmente descolorir e descobrir a verdadeira cor da pena. Surpresos, foram correndo mostra-la ao rei.

Diante das evidências o rei convocou uma reunião urgente com o comandante e os conselheiros para analisarem o estranho pedaço de pena.
Todos estavam confusos, em toda história do reino nunca tinham visto nada parecido.

A LENDA DO REINO DOS BEIJA-FLORES.Onde histórias criam vida. Descubra agora