O RETORNO

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VII - Capítulo

Os nobres perceberam que todos os amarelos estavam presentes a festa. Isso incomodava os conselheiros. E mesmo que tudo tivesse correndo bem, eles sentiam que não tinham o domínio da situação. Eram tantos beija-flores que estava difícil caminhar eles.

O rei tranquilo, sentado em seu camarote, não escondia a felicidade ao ver que, apesar da grande aglomeração, tudo seguia na mais perfeita ordem.

Mas, de repente, para a surpresa dos nobres, o pai do beija-florzinho, tido como rei dos artistas amarelos, inícia os acordes de uma canção de exaltação à liberdade, proibida de ser executada no reino.

Os amarelos se abraçam e cantam emocionados a canção. Os conselheiros entram em ação para impedir que a música seja executada. Mas é impossível caminhar entre os beija-flores e os amarelos não facilitam a passagem deles para chegarem ao palco.

Depois de tentativas fracassadas, desistem. Ao soar os últimos acordes da canção, os amarelos fazem um brusco silêncio, isso pega os nobres de surpresa. O silêncio é tão profundo que dá pra ouvir o ruído das folhas ao soprar da brisa.

Os minutos passam sem que nenhum amarelo se manifeste.
Os nobres, observando o comportamento dos amarelos, começam a se preocupar. Nunca tinha visto nada parecido durante os dias de festas. O rei, na tentativa de acalmar os nobres azuis, ordena o comandante que vá averiguar o que está acontecendo.

O comandante, com muita dificuldade, faz uma breve ronda entre os amarelos e volta para informar ao rei que não é possível encontrar uma explicação para o que está acontecendo, pois ninguém abre o bico; todos parecem petrificados olhando para o céu.

Os nobres continuam inquietos. O rei, usando da sua autoridade, grita ordenando que os artistas reiniciem a festa. Os amarelos não se mexem e a voz do rei ecoa no silêncio. Irritado, insistir. Mas seus apelos são em vão.

Os amarelos continuam olhando para o céu em silêncio. O rei, sem saber mais o que fazer, senta e espera para ver o desfecho do estranho silêncio coletivo.

Todos os beija-flores explodem em gritos eufóricos e pulos de alegria apontando para o céu.
Os nobres levantam-se assustados, alguns caem dos camarotes, outros se abraçaram apavorados olhando para a multidão agitada.

Os músicos voltam a cantar. Os nobres olham para o céu para entender o motivo de tanta histeria e avistam um pequeno pontinho verde luminoso descendo em direção a praça.

Para a surpresa dos nobres, o pontinho brilhante, é o reflexo do brilho do sol nas penas do beija-florzinho que eles davam como morto.

O beija-florzinho desce e paira no meio da praça. Os amarelos deliraram, balançam os maracás e unem as asas fazendo uma coreografia formando lindas flores com suas penas coloridas.

As ruas se transformam em um imenso jardim flores de todas as cores. Cada uma mais bela que a outra.
O rei ordena ao comandante que detenha o beija-florzinho. Mas o chefe dos conselheiros alerta para que não faça isso, pois irá revelar aos amarelos o grande segredo dos azuis, e levando-se em conta o número de amarelos nas ruas, as consequências seriam imprevisíveis.

Não tendo outra saída, o rei deixa o beija-florzinho aproximar-se voando do camarote real.

Em um tom irônico e sorridente o beija-florzinho dirige-se ao rei e pedindo desculpa pôr estar interrompendo a festa. Os amarelos aplaudem calorosamente.

Anuncia que naquele momento o império dos azuis chegava ao fim, e convida todos que quiserem viver uma nova vida, que o acompanhe até a nova morada que está preparada para todos que quisessem viver uma vida justa, sem divisão de classe pelas cores das penas.

O rei pede aos presentes que não deem ouvidos ao beija-florzinho e o chama de imposto, argumentando que está ali para arrasta-los para uma armadilha. E para justificar, pedi que observem as cores de suas penas e o classifica como uma aberração da natureza e ordena que ele se retire do reino.

O beija-florzinho, sem perder a pose e o bom humor, responde ao rei que sua cor é sagradas; especial; frutos de um amor sincero que está acima das classes sociais criadas pelo rei e seus conselheiros; que sua cor representa a esperança, o símbolo da união de azuis e amarelos, e de tão importante que era, desde o começo dos tempos ocupava o centro dos arcos íris nos dias de chuvas, simbolizando a aliança do céu com a Terra, e que sua cor tinha um nome, ela chamava-se: verde. Verde, é onde brotam as flores e os frutos das árvores para alimentar a vida na Terra.
Pede ao pai que se apresentem a todos e junte-se a eles.

O jovem rei dos artistas amarelos, alça voo e vai ao seu encontro.
Os nobre ficam perplexos, não acreditam que estão vendo um beija-flor amarelo voando e a partir dai passam a temer pelo pior.

O beija-florzinho pedi que sua verdadeira mãe que apresente e junte-se a eles.

Todos se entreolham curiosos. O silêncio volta a reinar na grande praça. Todos na expectativa de saber quem é verdadeira mãe do beija-florzinho.

Depois de alguns instantes, a jovem princesa alça voo do camarote real e vai ao encontro deles.

O rei se desespera. A rainha mãe cai desmaiada. A multidão vibra e dar vivas a princesa. A princesa pede a todos que mantenham a calma e façam uma despedida pacífica. Agradece a beija-florzinha amarela e ao seu companheiro pela ajuda na criação e educação do filhote e convida os azuis que queiram acompanha-los que os sigam.

A LENDA DO REINO DOS BEIJA-FLORES.Onde histórias criam vida. Descubra agora