Capítulo 5: Terapia em Casa

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    Era estranho eu estar com Lionel Messi em seu carro, indo para sua casa e fazer uma sessão psicológica com ele. Ele havia me dito mais uma vez sobre como o meu pai era incrível e como ele o ajudava com bons conselhos e filosofias importantes.

    Era estranho escutar tudo aquilo. Eu nunca havia escutado esses tais feitos do meu pai, quando ele chegava em casa ele nunca falava de trabalho, só do futebol que tinha em campo e olhe lá.

    Eu entendia o porquê do Messi querer minha ajuda. Ele sabia que eu iria ajudá-lo sem segundas intenções, mas algo ficava falando na minha cabeça: você vai falhar

    Ainda assim, queria desistir, mas não podia, aquele homem me olhava com esperança, e não poderia lhe entregar o contrário daquilo.

    — Chegamos! - disse o Messi entrando na sua casa e na sequência estacionando o carro. - Espero que goste do que vai ver.

    O lugar era bonito, sua sala, quartos, banheiros, quintal, tudo era magnífico. A única coisa que me preocupava era ver muitos remédios espalhados por aí, principalmente os de tarjas pretas.

    — Meu Deus! E esses remédios? - perguntei para ele ainda assustada e triste com o que via.

    — Bom, quando se é famoso não se pode comprar uma coisa, e sim várias.

    — Por causa de fãns e paparazzis?

    — Sim. Pode parecer idiota, mas acredite, toda vez que você sair de casa para comprar uma aspirina e ter uma câmera na sua cara para te cegar com seus flashes não vale a pena.

    Entendia aquela situação mas ao mesmo tempo não entendia. Esse é um preço que todo famoso paga, mas comprar vários remédios e ficar dentro de casa para evitar público não me parecia certo.

    — Está com fome? - perguntou Messi - Posso te fazer algo antes de começamos. Há menos que você goste de trabalhar de barriga vazia.

    — Vou aceitar o seu convite. E do cardápio eu escolho "o melhor da casa".

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    Comemos uma excelente lasanha de frango ao molho branco. Não imaginava que ele fosse cozinhar tão bem, mas conseguiu que desse nota 10 pela comida.

    Fomos para o seu quarto na sequência. O que mais me impressionava, é que mesmo sozinho, a casa dele conseguia ser bem mais arrumada de que muitos por aí. Geralmente pessoas que passam por essa situação acaba transformando sua casa em uma completa bagunça, mas não era o seu caso.

    Ele se deitou na cama e sentei em uma poltrona próxima dele. Ele estava nervoso assim como eu. Mas respirou fundo e começou a falar tudo desde o começo. Ele havia me dito a mesma estória que o Umtiti havia me contado, então ele olhou para mim e esperou que eu falasse alguma coisa.

    — Você escuta vozes ou tem pesadelos com isso? - ele só acentiu - E como são?

    — Das vozes, as vezes eu consigo escutar os meus filhos brincando por aí - disse ele um pouco triste - E dos pesadelos, é sobre aquele maldito acidente que aconteceu. Onde várias e várias vezes fica se repetindo.

    — Algum remédio está te ajudando ou piorando você?

    — Alguns ajudam e outros atrapalham.

    — Atrapalham em que sentido? - ele fica quieto - Messi, preciso saber o que acontecer para te ajudar.

    Ele tira um canivete debaixo do travesseiro e senta em seguida observando aquela lâmina. No começo pensei que ele ia se cortar ou acabar me machucando, mas ele a atirou contra a parede, onde ela ficou lá pendurado enquanto ela parava de tremer depois do impacto.

    — Alguns remédios acabam me dando um pensamento suicida mas, eu nunca vou fazer isso.

    — Ok... - respiro um pouco e tento pegar de volta a compostura depois desse susto - Você disse uma coisa que me deixou curiosa. Por que você voltou para o Camp Nou no meio das suas férias? - ele respira fundo e acaba me dizendo:

    — O time do Boca Juniors está conseguindo juntar um excelente dinheiro para comprar bons jogadores depois de uma excelente temporada na liga. Não só eles, mas o River Plate também está nesta situação.

    — Então o técnico e o presidente do Barcelona pensam em te vender?

    — Não, mas eu penso em cair fora de lá. A diretoria começou a ser mais exigente com tudo e todos, e estava prestes a fazer uma grande mudança no time.

    Bom, tinha percebido isso da parte dos médicos quando o John falou em questão de relacionamento e ficar perambulando pelo estádio.

    — Para você ter uma idéia, quando Griezmaan chegou no time, ele teve que se adaptar com tudo aquilo tão rápido, pois caso contrário ele seria vendido ou até mesmo demitido caso não jogasse bem. O Vidal além de perder o lugar dele como titular está quase perdendo a vaga de ainda continuar jogando com a gente. E o Arthur, antes ele estava jogando muito bem como titular, agora não passa de um fantasma.

    — Bom, não estamos falando de um time como o Real Betis e sim do Barcelona. É normal ter essas cobranças certo?

    — Errado, anos atrás não tinha nada disso e ainda sim éramos grandes.

    — Bom, então isso não tem haver com aquela derrota para o Liverpool? - falei aquilo na esperança de não deixar o Messi nervoso - Pois, depois daquela derrota, o time precisava de uma boa mudança não acha?

    — Sim, mas ao mesmo tempo não. - Messi deu um longo suspiro e continuou - Mudanças e cobranças são necessárias, mas não com muito excesso. Pois o Real Madrid está quase na mesma situação que a gente e eles não estão passando por isso.

    — Então, você foi para o estádio naquele dia para negociar sua saída do clube? Pois não estava aguentando a pressão do trabalho?

    — Não só isso, mas queria pedir para o presidente e o técnico que pegasse um pouco mais leve com todo mundo pois caso ao contrário eu pediria transferência para outro time. E não seria uma má ideia me aposentar em um time argentino.

    — Bom, e o que eles disseram?

    — Pensaria no caso. E o resto você sabe o que acontece.

    Olhei para o meu celular para ver as horas, além de estar muito tarde, Messi parecia estar cansado para continuar. Eu queria tirar as minhas dúvidas e também dar uma resposta concreta para ele. Mas sabia que isso não ia rolar.

    — Vamos parar por aqui. - Messi pareceu gostar da idéia - Depois continuamos, agora preciso ir para casa.

    — Por favor, fique aqui hoje. Eu te imploro.

    — Tudo bem. ‐ No começo pensei em recusar mas não tinha como dizer não para ele com aqueles olhos emarejados e tristes - Mas saiba de uma coisa: mesmo eu não sabendo a sua estória por completo, você é uma pessoa que pensa muito nos outros. Mas nesse momento, você precisa pensar em você agora.

    Messi concordou com o que eu disse. Não parecia estar à vontade daquilo mas concordou.

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