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TODO MEU CORPO SE ARREPIOU QUANDOSEUS olhos se encontraram com os meus. A tensão palpável que se formou no ar era ridícula. Minha respiração travou no mesmo instante, me deixando ansiosa pela falta de ar em meus pulmões. E no instante em que seus dedos rodearam meus pulsos, me prendendo por alguns minutos ali, eu surtei internamente, gritando em plenos pulmões para que eu saísse dali o mais rápido possível e fosse para casa chorar como uma criancinha magoada. Eu me sentia como uma criancinha magoada. Haviam se passado seis meses desde o dia em que Richard terminou comigo sem qualquer motivo plausível para seu ato estranho. Meu coração estava descompassado, com batidas tão fortes que eu sentia minha garganta doendo e meus ouvidos latejando, me deixando surda por alguns minutos. Apesar de manter uma expressão séria no rosto, meus olhos entregavam que eu estava sofrendo quando as lágrimas começaram a aparecer. Aquilo era demais para mim; ver Richard sentado à minha frente como se nada do que vivemos tivesse significado algo me magoou ainda mais.
Eu me sentia deplorável por estar assim e ainda mais por deixá-lo ver que eu me sentia assim.
Juntei todas as forças que me faltavam e, em um único suspiro, soltei as palavras simples que estavam presas a mim.
── Em que eu ─ Fechei os olhos, afastando todo aquele sentimento de dentro de mim. ── No que eu posso ajudá-lo?
Senti como se as palavras tivessem se perdido em minha boca. Eu não conseguia pensar com clareza, formar palavras coerentes e processar o que estava acontecendo ao mesmo tempo. Era tudo muito rápido. Eu me sentia como uma bomba-relógio que a qualquer momento explodiria e levaria todos comigo nesse drama adolescente decepcionante. Meus sentimentos estavam tão bagunçados, e eu sabia exatamente o porquê disso: eu não havia superado o fato de Richard terminar comigo no mesmo dia que disse que me amava, alguns meses atrás.
“Eu não superei você.” gritou minha mente em desespero.
Aproveitei esse momento tenso e observei o moreno à minha frente. Ele parecia bem, visualmente falando, claro. Seus cabelos estavam raspados nas laterais com cachos rebeldes no topo, tingidos fortemente de vermelho. Suas vestes eram seu ponto visual e estiloso, assim como sempre me lembro e conheci. Apesar de um rosto cansado e pequenos vestígios de olheiras, ele estava completamente bem. É bom saber que a otária de toda essa história sempre fui eu.
Ele estava lindo como sempre, e eu, um completo bagaço de tristeza. Que situação horrível.
── Depois de seis meses, isso é tudo que tem a me dizer? ─ Uma risada escapou dele, mas não tinha humor; era apenas um som seco e sem graça.
