Capítulo 6

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     " Uma dúvida é uma forma de acabar complemente com um pensamento formado".

     Eu luto descontroladamente por ar. O peso que de Marcel exerce sobre mim não ajuda em nada ao meu favor. Me debato para tentar me desvencilhar, esforço em vão. A pressão que ele faz com o travesseiro em meu rosto é para me matar. Sinto o desespero tomar forma, meus pulmões ficando sem ar e eu aos poucos me sentindo desvanecer.

     Consigo segurar os pulsos de Marcel, por mais forte que ele seja não tenho outra escolha a não ser usar seu próprio peso para sair debaixo dele. E então é isso que funciona. Me rolo para o lado e com um impulso o tombo para cima de forma que ele vai para o chão e se choca com a parede.

     Eu faço de tudo para tentar respirar, o começo é fatigante como uma dor aliada no peito e o anseio por oxigênio me deixa ávido.

     Tudo está tão escuro e Marcel que se encontra no chão com a respiração acelerada e pesada. Ele acordou com o impacto causado pela queda.

     Eu me recosto na cabeceira da cama arfando em busca de todo o ar que preciso. Marcel se levanta e vem em direção a cama, senta-se na beira da cama e começa a pedir perdão.

      - Seth...eu...sinto tanto, foi um sonho. Por um tempo tudo estava bem, até que o Jaime veio do fundo dos meus pesadelos e me atormentou, - ele pós as mãos na cabeça de forma preocupada.

     Eu me encontrava extasiado e estatelado na cama não ligando muito para a explicação de  Marcel. Além do mais era tudo mais difícil de aceitar quando se tem alguém tentando te matar enquanto dorme.

      - Marcel, eu não queria...eu tentei, tentei te dar a chance necessária, fiz o que pude para me desligar das pessoas que mais gosto, - dou uma pausa para pegar fôlego - mas como posso confiar em você agora? Você...você tentou me matar, se eu não conseguisse me livrar você não teria parado. E agora eu estaria morto.

      - Seth eu não tive a intenção, foi forte demas para eu conseguir me segurar. - Marcel faz uma pausa para organizar os pensamentos e prossegue - Você não sabe o quão horrível é reviver todos as noites o mesmo pesadelo, não sei se devo te contar mais a única noite que não tive pesadelos com a minha vida passada, foi na noite em que dormir com você...

     Aquela revelação paira no ar, agora eu e Marcel estamos perdidos nos nossos próprios pensamentos. Eu me encontro em um casulo, com uma enorme fenda; a cada vez que eu descobria algo de novo da boca de Marcel essa fenda se abre mais revelando lados que eu não sabia antes e me expondo cada vez mais.

     Marcel sofreu muito com o padrasto e eu o entendo, mas não posso deixar que sua falta de estabilidade me deixe em perigo.

      - Por favor vai embora. - digo querendo me referir ao meu quarto. - Preciso de um tempo sozinho.

     Marcel hesitante deixa meu quarto e é nesse momento em que começo a chorar. Lembro do meu pai que me vendeu, e da minha mãe sempre se esforçou para me fazer feliz. Agora lembro de Marcel com os seus pesadelos e todo seu sofrimento.

     Fico rolando na cama de um lado à outro, mas não consigo dormir, quando olho para o despertador que está ao lado da cama ele já marca 5:30 a.m., então eu cogito a opção de retomar ao sono.

     Continuo na cama até que o sol apareça por completo, levanto e vou para o banheiro antes de ir na cozinha tomar café.

     Enquanto desço as escadas sinto o cheiro de café. Uma mesa se encontra encantadoramente posta, com sucos, frutas, geleias, bolos e pães, o odor de café sendo passado invade toda a cozinha e é então que percebo que Marcel também não conseguiu dormir.

Shades of hysteria ( Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora