Empatia

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— Se meu espelho pudesse falar, a primeira frase seria um pedido para eu não permitir que você entre em meu quarto. — Hyunwoo desviou do rapaz narcisista e abriu a primeira gaveta da cômoda em busca do seu fiel amigo.

— Eu me arrependo de ter lavado meu cabelo ontem, mesmo cheiroso não consigo ajeitá-lo no lugar. — Minhyuk reclamou pela segunda vez antes de se virar — Você não vai com esse gorro.

— Notou o vento do lado de fora? Não quero tremer de frio quando tenho essa belezura aqui. — sorriu, colocando a touca azul escura na cabeça. Aquele presente foi adquirido por sua mãe, no último aniversário que passaram juntos.

— O rei Arthur não tem um duende como braço direito. — ele reclama, apontando para o próprio traje.

— Pensei que você fosse a chapeuzinho vermelho com armadura. — decidiu provocá-lo, por mais que a fantasia esteja impecável. Cada parte metálica brilha como nova, contrastando com a longa capa carmim.

— Ótima piada, preciso me controlar para não ter uma crise de riso. — a resposta é acompanhada por um semblante sério. — Por que não muda de roupa? Ainda dá tempo para você colocar a fantasia que eu trouxe.

— Não vou de capitão gancho, Min.

— Deixe de ser rabugento e use pelo menos o gancho, eu paguei caro por ele.

— Pagou mesmo? — Hyunwoo ergueu a sobrancelha, desviando o olhar a fim de encarar o objeto jogado sobre a cama. Ao lado dele há uma fantasia amarrotada do personagem, coberta por pequenas manchas adquiridas com o tempo.

— Não, eu roubei do baú antigo do meu pai. — ele admitiu — Aliás, você precisa ver o que eu encontrei no sótão.

— Poeira?

— Sim, e uma caixa velha repleta de fotos dos meus avós.

Hyunwoo arqueou as sobrancelhas, sorrindo logo em seguida. O irmão mais novo de Minhyuk nunca teve a oportunidade de conhecer os próprios avós, transformando o achado em um verdadeiro tesouro.

— Você disse para Minjun? — questionou, curioso para saber da reação do garoto.

— Ainda não, decidi fazer uma surpresa e gravar escondido o choro dele, será uma ótima maneira de chantageá-lo no futuro.

— Me conte depois o desfecho.

Minhyuk assentiu, caminhando até a cama. Ele afastou os tecidos a fim de pegar o gancho, trazendo-o para perto.

— Use, será engraçado te chamar de duende pirata.

Hyunwoo riu antes de pegá-lo. Usar apenas aquele acessório é melhor do que comparecer no local com o traje mofado, por mais que seja vergonhoso da mesma maneira.

— Podemos ir agora? — questionou por fim, ajeitando a mão dentro do objeto.

— Só um minuto. — Minhyuk se apressou, voltando a encarar o espelho.

•••

É possível adivinhar o endereço há duas quadras de distância, através da música alta e luzes coloridas se movendo por todas as direções. A animação de Minhyuk o torna engraçado por causa da armadura, ele passou o caminho inteiro comentando sobre o quão ansioso aguardava por esse momento, além de garantir sobre a segurança do local.

De acordo com o que entendeu em meio às suas frases rápidas, o dono da festa se chama Jooheon, mais conhecido como Honey. Já ouviu antes sobre o cara — divertido, sociável — através do próprio loiro, ambos são amigos há cerca de três meses e por mais que saiba diversos detalhes é a primeira vez o conhecendo pessoalmente.

O céu sob o mar (Hyungnu)Onde histórias criam vida. Descubra agora