1 mês depois
Falta uma semana para o dia dos namorados e o movimento pela avenida aumenta de forma gradual. Em alguns lugares o feriado também se resume à demonstrar afeição entre amigos ou familiares, sendo comum a troca de cartões e presentes simbólicos.
Nessa época a freguesia duplicada também gera trabalho. Hyunwoo passou duas semanas inteiras com o rosto enfiado nos livros deixados por seu pai, em busca de inovar suas receitas e decorações dos doces. Os esforços apenas não foram suficientes para distraí-lo sobre a festa do mês passado.
Minhyuk cometeu a burrada de misturar fortes bebidas no calor do momento, causando dor de cabeça em ambos. Não é a primeira vez que presencia a situação, ela se repete em quase todas as festas, sendo obrigado a arrastar o corpo bêbado para casa no final da noite e ouvir suas reclamações. Por mais que o aconselhe maneirar na quantidade de álcool, cada sermão entra em um ouvido e sai pelo outro, tornando impossível fazer algo além de supervisionar seus vícios.
O lado positivo é descobrir sempre, em meio às frases confusas, se algo o incomoda. Hyunwoo se lembra bem do último natal que passaram juntos e — após levar o amigo para casa — se surpreendeu ao ouvir a confissão de que odeia seus bolinhos de amendoim e come porque não quer deixá-lo triste. No dia seguinte preferiu não comentar sobre o assunto, optando por apenas mudar o sabor. Felizmente não era seu preferido também.
Pela primeira vez Minhyuk se culpa mais do que o necessário, não apenas por deixá-lo de lado mas interromper sua conversa com o garoto do livro, apelido usado mesmo após saber o nome dele. Por mais que não o culpe, Hyunwoo foi obrigado a aceitar a disposição alheia para encontrar Hyungwon, afirmando que a conversa entre os dois poderia evoluir para uma amizade. O loiro passou diversos dias questionando as pessoas que compareceram na festa e até mesmo retirou horas do seu tempo livre para procurar seu nome por todas as redes sociais. No entanto, nem Jooheon soube quem ele era.
•••
Naquela tarde Hyunwoo anota em uma folha todos os produtos em falta na padaria, decidido a fechar mais cedo e passar no supermercado. No ano anterior teve dificuldades durante o feriado, por mais que seu pai tivesse lhe dito para estocar ingredientes principais considerou desnecessário e por consequência foi preciso ir às pressas nos únicos mercados abertos, caros a ponto de fazê-lo nunca mais ignorar conselhos. O problema se resume às pessoas atrasadas, que buscam presentes em cima da hora e insistem encomendar para o mesmo dia. Ele sempre deu conta de trabalhar sozinho, porém nem mesmo com a ajuda de Minhyuk pôde descansar. Desde então, acumular produtos e cozinhar quantidade extras se tornou seu segundo hobby.
Satisfeito com o resultado da lista, o som da porta captou sua atenção. Ele ergueu o olhar, surpreso ao deparar com Hyungwon caminhando entre as prateleiras de salgadinhos industrializados. Quais eram as chances daquilo acontecer? Em um ano trabalhando no local, sem contar com o tempo que morou no mesmo bairro com seus pais, nunca o viu pelas redondezas. Além disso, Minhyuk é um bom localizador quando se esforça e mesmo assim também não o encontrou.
— Olá! — decidiu chamar a atenção dele, exausto de lidar com as suposições em sua mente.
Hyungwon o encarou após recolher três pacotes de batatas, grandes o suficiente para saciar a vontade de cinco pessoas. Ele arqueou as sobrancelhas em surpresa, erguendo um pequeno sorriso.
— Pelo visto o mundo é pequeno mesmo. — afirmou à medida que se aproxima — Espero que não julgue minha maneira saudável de viver.
Hyunwoo riu, retirando uma sacola sob o balcão. Ele não é a pessoa ideal para criticar as ações dos outros, já que come todos os doces que sobram no final do dia.
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O céu sob o mar (Hyungnu)
RomansParticipar de uma festa à fantasia contradiz suas preferências pessoais. No entanto, Hyunwoo aceita acompanhar o amigo ciente que ao decorrer das horas será deixado de lado. Cansado de assistir bêbados rindo sem motivo, ele decide ir embora a fim de...