Apenas hoje

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Naquele momento Hyunwoo dorme no conforto da cama, escondido sob dois cobertores grossos e felpudos em busca de se proteger do frio matinal. A timidez não permite que admita em voz alta, porém cada detalhe da casa possui a habilidade de acalmar seus anseios. A noite anterior passou rápido, ele recebeu um moletom de Hyungwon como pijama e teve a honra de tomar banho com um sabonete líquido de lavanda, revigorante na medida certa. Por mais que se incomode ao utilizar acessórios tão íntimos dele, o garoto fez questão de demonstrar-se despreocupado em relação a isso.

A luz do lado de fora clareia o ambiente de forma amena, utilizando as frestas das cortinas para despertá-lo aos poucos. Por mais que grande parte dos detalhes sejam borrões coloridos por causa da ausência das lentes de contato, ouvir o som dos pássaros cantando é o bastante para trazer a nostalgia e preencher seu coração de paz.

No entanto, um cheiro chamou sua atenção ao invadir suas narinas. Mesmo de olhos fechados, saberia identificá-lo muito bem.

Ergueu o tronco e se sentou na cama, relativamente baixa em comparação à outra, no automático afasta os tecidos quentes sobre o corpo. Uma fumaça cinza se espalha pelo ar e esforços não são necessários para ver Hyungwon desesperado na cozinha.

Ele levanta e ajeita o tecido da camisa, ignorando os chinelos que lhe foram emprestados.

— O que aconteceu? — questiona, próximo suficiente para o cheiro se intensificar. Demorou a perceber os óculos no rosto dele. Grandes, redondos e com aros escuros. Apesar de não conseguir ver os detalhes, considerou bonito.

— Me desculpe por ter te acordado, eu tentei assar um bolo para o café da manhã. — Hyungwon tosse e leva as duas mãos protegidas por luvas até o forno. Ao vê-lo retirar a forma quente confirmou sua teoria sobre o cheiro. — A massa ficou perfeita, mas errei ao decidir ler na varanda durante o tempo restante.

— Acidentes acontecem, tentaremos de novo. — buscou amenizar o problema. Não é a primeira vez que se depara com a situação e compreende bem a decepção alheia. — Eu também queimei vários bolos pelo mesmo motivo.

— O chocolate em pó acabou, usei o resto do pote. Aquela receita parece tão saborosa, estou decepcionado. — Hyungwon suspira à medida que joga os pedaços queimados dentro do lixo. — Não levo jeito para doces, Hyunwoo.

— Não fale bobagens! Não existem pessoas que nascem sabendo de tudo, apenas aquelas que aceitam errar até aprender. Que horas são? Vamos até o mercado e fazemos outro bolo.

— Você não está com fome? Irá demorar no mínimo uma hora para comermos.

Negou com a cabeça. Por mais que seu estômago esteja vazio, prefere aguardar até a questão se resolver.

— Também quero comer bolo de chocolate, posso te ajudar com o recheio da massa.

Ele sorriu, contente com a proposta. E sem perder tempo, sugere que troquem de roupas para saírem em busca dos ingredientes em falta.

•••

Diferente das panquecas não houve demora no preparo do bolo, que mesmo quente exala carinho ao deixar o forno. É a primeira vez que compartilha tantas dicas com alguém. Minhyuk, mesmo que tire algumas dúvidas, prefere comer mais e falar menos, ou apenas elogiá-lo em busca de inflar seu ego.

— Você não é muito de fazer perguntas, certo? — ele questionou, ajeitando o corpo no sofá enquanto devora a quarta fatia de bolo.

— Perguntas? — Hyunwoo também saboreia o doce, orgulhoso pelo resultado. Para um iniciante, a maciez é surpreendente.

O céu sob o mar (Hyungnu)Onde histórias criam vida. Descubra agora