Passaram alguns dias desde tudo o que se passou nas redes sociais. A situação não melhorou, pelo contrário. Piorou quando descobriram que eu iria acompanhar o Luke a uma cerimónia de solidariedade em Nova Iorque.
Eu e Luke éramos os únicos que estávamos em Nova Iorque neste momento. O concerto deles aqui tinha sido na noite anterior e hoje mesmo Luke teria de estar em Toronto para o seu concerto. Ele estava estressado porque, apesar de saber que o concerto era apenas à noite e a gala de solidariedade seria durante a tarde, ele estava com medo de se atrasar. Ele não mostrava isso, mas eu conseguia sentir só pela maneira de como ele preparava o seu cabelo.
"Está tudo bem?" Questiono sabendo exatamente a resposta.
"Sim, apenas não me quero atrasar." Ele sorri e vem até mim e deixa um beijo na minha testa, ates de voltar para dentro da casa de banho, deixando-me sozinha no quarto a acabar de fazer a minha maquilhagem.
Eu sei porque é que ele não quer demonstrar que está preocupado comigo. Desde o concerto em Boston, ele tem sido o mais carinhoso e atencioso possível. Houve até uma vez que me tirou o telemóvel para que eu não visse nada de comentários ou ameaças. Ambos resolvemos que seria melhor se eu bloqueasse em todas as redes sociais, alguns dos nomes mais frequentes que me chamavam. Isso ajudou bastante, mas mesmo assim ainda surgem alguns.
Luke e eu não temos feito muitas coisas publicamente devido às ameaças de morte. Sendo apenas brincadeira ou não, Carter achou melhor não arriscar. Luke, depois de nós termos falado com Carter acerca disso, ficou mais aliviado mas isso trouxe mais rumores acerca da nossa relação. Há algumas pessoas que já começaram a desconfiar que isto tudo não passa de um contrato. Há outras que, por eu e Luke já não sermos vistos publicamente, acham que eu e o Luke terminámos a nossa relação.
"Luke? Está quase na hora, o carro já está lá em baixo à espera." Digo depois de atender a chamada da senhora da receção, dizendo que o carro já estava pronto para nos levar. Ele sai da casa de banho com umas calças formais e uma camisa meio aberta. Oh deus que lindo.
"Falta-me só os sapatos." Ele diz enquanto os procura.
"Estão ali." Eu vou buscar e entrego-os, fazendo-o sorrir. Ele calça-se e levanta-se.
"Tu estás linda." Eu apenas sorrio.
O caminho para o sitio onde o evento iria decorrer foi bastante rápido e eu senti um nó na garganta assim que vi as dezenas de fotógrafos que se encontravam na entrada.
Nós saímos do carro e Luke logo me deu a mão, apertando-a delicadamente mas deixando-me mais segura. Depois de tirarmos centenas, se não milhares, de fotos e de eu me sentir demasiado insegura sempre que uma celebridade passava por mim, nós fomos para dentro e procurámos a nossa mesa.
"Não penses mais nisso Luke, tu vais chegar a tempo." Digo quando nós nos sentámos na mesa onde ainda não havia ninguém.
"Eu sei mas alguma coisa pode correr mal." Ele diz passando a mão nervosamente pelo cabelo.
"Nada vai correr mal. O voo até Toronto demora pouco mais de uma hora e vais sair daqui três horas antes do concerto. Dá mais suficiente para lá chegar." Agarro a sua mão na tentativa de o acalmar um pouco. "Tu tens um coração enorme por estares a fazer isto, sabes disso certo?" Ele assente. "E se por algum motivo te atrasares para o concerto, algo que não vai acontecer, tenho a certeza que as tuas fãs te vão compreender." Vejo a sua expressão facial ficar um pouco menos tensa. "Vá, agora explica-me lá como é que isto tudo funciona."
Luke passou dez minutos a explicar tudo o que iria acontecer durante esta gala. Iriam começar por uma pequena apresentação e depois seria feito o leilão das coisas doadas. O respetivo dinheiro dos leilões seria para várias instituições e centro de pesquisas de apoio a mulheres com cancro da mama. A cerimónia iria ser toda apresentada por mulheres e a festa, à qual eu e Luke não iriamos, apenas contaria com artistas femininas.
Passado uns minutos mal conseguia ouvir o que Luke me estava a dizer pelo facto de estar muito ruido na sala, mas tudo se calou quando começou. A apresentação foi breve e os leilões começaram logo a seguir. Luke conseguiu ficar com uns brincos lindos para oferecer à mãe, depois de ter praticamente discutido com um senhor de setenta anos que os queria oferecer à quarta esposa.
Optámos por sair mais cedo do evento e chamámos o carro de nos tinha trazido e onde estavam as nossas malas. A viagem para o aeroporto foi muito engraçada, pois eu e Luke íamos a contar ao motorista a comédia que foi para conseguir os brincos. Não esperámos muito tempo para embarcar, para bem do coração do Luke. A viagem ainda conseguiu demorar menos que o previsto.
"Eu sei que somos uma banda fantástica e incrível mas virem de fatos de gala?" Ashton brinca e Luke mostra o seu dedo do meio, procurando as suas roupas para o concerto. Assim que as encontra vai trocar-se enquanto todos nós esperamos por ele.
"O Luke queria mesmo os brincos para os dar à mãe, então eles os dois levantaram-se das cadeiras ao mesmo tempo e começaram a falar incrivelmente alto o valor que ofereciam. Ninguém, mas mesmo ninguém se atreveu a meter-se entre eles os dois. Eu nunca vi o Luke tão empenhado a conseguir alguma coisa deste tipo, mas tenho de admitir que os brincos são realmente lindos." Conto a história brevemente.
"Cá para mim ainda é ele que os vai usar. Calum queres apostar?" Michael diz e Calum abre um sorriso.
"Se ele os usar, eu pinto o meu cabelo de uma cor à tua escolha. Se ele os der a alguém, eu pinto-te o cabelo da cor que eu quiser." Calum propõe.
"Feito." Eles apertam as mãos.
"Vocês ouviram a parte em que eu disse que ele os vai dar à mãe, certo?" Eu pergunto.
"Sim, mas eu só queria ter uma desculpa para poder pintar o cabelo e para as pessoas não pensarem que estou a ter um esgotamento mental e faço como grande parte da população feminina e pinta o cabelo." Michael esclarece e todos riem.
"No estado em que eu te vou deixar o cabelo, vão até pensar em qual hospício te internar." Calum diz entre gargalhadas.
Luke aparece no corredor a fazer uns sons engraçados com a voz ele e eu percebo que ele a está a aquecer. Numa das mãos tem um shot de tequila e na outra uma caneca que parece conter chá. Que combinação.
"Vamos lá rebentar com esta porra toda!" Luke grita e o resto da banda começa a gritar coisas que não fazem o mínimo sentido.
"Lexi? Podes me guardar o telemóvel?" Ele vem até mim, que já me encontrava numa área mais sossegada e pronta para ver o concerto, e eu acho estranho, uma vez que ele nunca deixa o seu telemóvel comigo. Assim que ele me passa o dispositivo para as mãos, dá-me um beijo rápido que me deixa a sorrir.
"Boa sorte Luke." Ele sorri de volta e corre para o palco.
