thirty-one

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"Não, eu não sei. O Carter só disse que ela e o Simon estavam com ele no aeroporto e iriam voltar para a América." Desbloqueio o meu telemóvel e digito o número de Barbara mas rapidamente passa para o voicemail.

"Vou ligar para o Calum e dizer-lhes onde ela está. Depois podemos voltar para o hotel, até porque está a ficar demasiado frio." Luke sugere e eu sorrio.

Caminhando de volta para o hotel, volto a tentar ligar para a Barbara mas não me serve de nada. Ligo duas vezes para o Simon e uma para Carter mas ambos também não atenderam por isso concluí que já tivessem embarcado.

"Isto é tudo muito estranho." Comento para Luke e ele concorda. "Porque é que eles voltaram se ainda falta um concerto? E porque é que o Ashton diz que a Barbara o traiu?"

"Eu não sei bebé mas acho que ela não o iria trair. O Ashton recebeu uma chamada quando estávamos lá no bar e saiu disparado para a rua. Nós fomos atrás dele e ele não dizia coisa com coisa. Quando lhe perguntámos o que tinha acontecido, ele simplesmente calou-se por uns segundos e voltou para dentro do bar e começou a beber. Passado uns minutos nós resolvemos pegar nele e traze-lo para o hotel. Quando abrimos a porta do quarto dele, onde tu estavas a dormir, vimos que a Barbara não estava lá e ele saiu em direção ao quarto do Simon, mas ele não abriu a porta." Luke explica antes de entrarmos dentro da receção do hotel, onde conseguimos ver do exterior que Calum e Michael já estavam à nossa espera.

"Já conseguiram falar com ela?" Michael pergunta assim que chegamos ao pé deles.

"Não. Provavelmente eles já embarcaram. Nem ela, nem o Simon ou o Carter atendem." Respondo.

"Amanhã tentamos outra vez. Eu vou avisar o Ashton e depois vou descansar. O nosso voo sai daqui a três horas e eu preciso do meu sono de beleza." Calum comenta e todos nós rimos.

Despedimo-nos deles e fomos para o nosso quarto. As últimas horas na cidade do amor tinham corrido terrivelmente mal e eu estava esgotada física e psicologicamente. Reparei que Luke estava a mexer muito no lugar do corte e assumi que estivesse com algumas dores. Quando chegámos ao nosso quarto, desinfetei-lhe o local magoado com cuidado para não retirar os pontos. Ele fez umas caras feias durante o processo, o que me fez rir.

"Luke?" Chamo-o quando já estamos os dois deitados e abraçados na cama. "Achas que um bebé iria trazer muitos problemas?"

"O quê? Como assim?" Ele olha-me confusa. "Tu não estás grávida pois não? Isso não pode acontecer Alexis, seria o teu fim, o meu fim e o fim da banda." Eu engulo em seco

"Não! Eu não estou grávida Luke. Só estava a perguntar por curiosidade. Imagina que um de vocês iria ser pai. Isso traria muitos problemas para vocês?" Ele afasta-se de mim a ajeita-se, sentando-se com as costas encostadas à cabeceira da cama.

"Claro que traria problemas! Não viste como foi a situação com a Bianca?" Ele diz rudemente. "Tive de assinar a porra de um contrato para que a banda não acabasse!"

"Tudo bem Luke... Não precisavas de responder assim. Foi apenas uma pergunta." Dito isto, viro-te para o outro lado, evitando mais um olhar com Luke.

A porra de um contrato. A porra de um contrato. A. Porra. De. Um. Contrato.

As palavras dele ecoavam na minha mente sem parar. Nenhum de nós disse mais nada. Luke apenas se levantou para apagar as luzes que ainda estavam acesas e limitou-se a deitar-se de costas para mim.

Eu não sei que raio acabou de acontecer. Ele simplesmente mudou de atitude quando lhe fiz uma simples pergunta. É claro que ele não sabe que a Barbara está grávida mas não entendo a reação dele. Será que esta pergunta e este assunto lhe trouxe memórias do sentimento que sentiu quando soube que não ia ser pai?

"Luke, eu não queria estragar o ambiente. Eu só tinha curiosidade. Não queria te fazer lembrar da Bianca nem do seu filho." Sussurro esperando que Luke se vire para mim e me abrace. Não era mesmo a minha intensão ficar assim com ele mas eu não estava mesmo nada à espera desta reação por parte dele.

"Boa noite Alexis." Ele não se mexe.

Poucos minutos depois, ele já se encontrava a dormir profundamente. A sua cara estava com uma expressão suave, nem parecia ter reagido como reagiu à minha pergunta. Ao contrário dele, eu não conseguia dormir. Não sei se é pelo facto de estar assim com ele e me sentir culpada. Não sei de é por sentir falta dos seus braços à volta do meu corpo enquanto dormia, como tem sido habito nas ultimas noites. Para alguém que até à uns minutos estava esgota em todos os aspetos, a minha mente parece que está capaz de correr uma maratona e o meu corpo parece concordar com essa adrenalina.

Desbloqueio o meu telemóvel e vejo as horas. Daqui a menos de duas horas teríamos de estar todos no aeroporto a embarcar para Londres. Numa tentativa de passar o tempo mais rapidamente, decido verificar todas as redes sociais que tenho instaladas no telemóvel. Decidi publicar uma foto minha com o Luke onde nós estávamos com sorrisos do tamanho do mundo. Sorrisos genuínos. Assim que terminou de fazer o upload, mandei uma mensagem a Barbara, a perguntar se estava tudo bem com ela. Claro que ela ainda devia estar no avião mas pelo menos teria a certeza que ela vai ver assim que aterre e, com muita sorte, me responda.

Levanto-me e vou até à varanda, encostando a janela por de trás de mim para que Luke não leve com as correntes de ar. O sol está a nascer e de certo modo, faz com que o peso que sentia no meu peito se libertasse um pouco. A tempestade de acontecimentos das ultimas horas pareciam ter amenizado com as simples cores esplendidas do nascer do sol.

Decido voltar a pegar no meu telemóvel e tiro uma foto para me lembrar da beleza desta manhã. Reparo na barra de notificações e vejo alguns comentários na foto que publiquei. Parte de mim não queria vê-los. Não são os comentários que fazem a pessoa que eu sou. Eu não sou nada dessas coisas rudes que muitas pessoas me acusam de ser.

Ouço uma porta a bater e quando olho para trás, vejo que Luke já não está deitado na cama e que as suas malas também já não estão no quarto. Volto a verificar as horas e vejo que ainda falta um bom pedaço até à hora combinada para estar na receção do hotel.

Volto para o interior do quarto e vou tomar um banho rápido. Depois de já estar pronta, começo a arrumar as coisas que me faltavam colocar dentro da minha mala. Dou uma ultima revisão ao quarto antes de sair dele, para ter a certeza que não me esqueço de nada. Olho para a mesinha de cabeceira que correspondia ao lado do Luke e vejo que ele se esqueceu do telemóvel. Pego nele e saio do quarto, fechando a porta.

Sem opção de escolha devido ao peso da minha mala, chamo o elevador. Já dentro daquela caixa de metal apertada e sufocante, fecho os olhos e espero que a viagem seja rápida. Ouço as portas a abrirem-se mas reparo que estamos no andar onde a equipa e a banda tinham ficado e vejo um Michael despenteado mas a sorrir.

"Bom dia alegria!" Ele sorri e entra no elevador. "Já tens alguma novidade da Barbara?" Ele pergunta e as portas fecham-se.

"Não. Eu mandei-lhe mensagem à bocado. Pode ser que quando ela saia do avião veja e responda." Respondo.

"Trocaste de telemóvel?" Ele pergunta quando vê o telemóvel de Luke na minha mão.

"É o telemóvel do Luke, ele deixou-o no quarto." Digo e encolho os ombros. Mais uma vez as portas do elevador abrem-se num dos andares do hotel e entra um casal de idosos a sorrir.

"Dá cá, tive uma ideia." Ele tira o telemóvel da minha mão e desbloqueia-o, mas faz logo uma cara feia.

"O que foi?" Pergunto quando vejo que ele ainda está estupefacto a olhar para o ecrã.

"Nada." Diz e as portas do elevador finalmente abrem no andar correto, mas preferia que não tivessem aberto.

Empty Wallets | Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora